CADA UM POR SI E NINGUÉM POR TODOS - PARTE 1



Lá estava ele, mais um dia de muito trabalho, preocupações profissionais e pessoais, uma pequena dor de cabeça (o que não é incomum nos dias de hoje), pouco tempo para resolver os assuntos pendentes e sem tempo para curtir a vida. “Bom”, disse ele, “vou viajar”.

Era janeiro e muito em cima da hora, todos os hotéis lotados, mas mesmo assim ele resolveu ir para o Rio de Janeiro no Carnaval. Reservou um quarto no IBIS e lá foi ele. Saiu de São Paulo no sábado e curtiu o feriado no agito carioca até terça-feira.

Foi ótimo, pois o Rio já é alegre por natureza, as pessoas são divertidas, há pessoas de todos os cantos do mundo, bares e restaurantes ficam abertos até altas horas, há música saindo por todos os cantos ... ele se divertiu durante todo o feriado, aproveitou a alegria latente da cidade, participou de Carnaval de rua, curtiu as praias, ficou “negão”, viu seus amigos de épocas passadas ... foi um período de muita animação ... e um pequeno susto.

Foi um choque, pois já viveu no Rio e nunca tinha passado por isso. Foram três anos vivendo, trabalhando, saindo, andando pelas ruas da Cidade Maravilhosa, participando de outros Carnavais e comemorações nas quais a cidade fica cheia e, felizmente, com a violência presente, nunca foi incomodado por ela.

Dizem que sempre tem uma primeira vez para tudo. E no Brasil de, literalmente, oportunidades para todos, esse ditado (se é que podemos chamar de ditado) pode ser usado para quase tudo.

E ele foi a vítima da vez. Era a segunda-feira de Carnaval, dia 04 de fevereiro, a noite, no meio da muvuca de Ipanema, ruas lotadas de pessoas alegres e motivadas pela música das caixas de som improvisadas nas ruas. Ele, como metade das pessoas presentes, andava calmamente pela Rua Farme de Amoedo em direção à praia, uma lata de cerveja na mão e observando as pessoas. Era um momento de paz e alegria para todos.
Inesperadamente, como se fosse apenas um pequeno sopro do vento, sentiu um leve toque na nuca e um pequeno puxão no pescoço, quase imperceptível. Foi-se embora o cordão dourado (note, não era de ouro) de R$ 2,00, comprado no Saara (comércio popular carioca, equivalente à Rua 25 de Março, de São Paulo) há dois anos.

Ninguém reagiu e, obviamente, não havia policiamento. Ele nem se importou pelo objeto, mas sim pelo fato, essa obrigatória mistura de sentimentos de medo e alegria, infelizmente, muito comum em cidades grandes brasileiras.

Bom, na verdade, quem passou por essa situação fui eu. Não deixei a situação me abalar e, após alguns minutos para me recompor emocionalmente, continuei a me divertir. No final das contas, o feriado foi ótimo.
Mas, e aí? O que fazer para evitar esse tipo de situação? Chamar pra briga; enfrentar com as próprias mãos? Vale a pena? Será que essa história de voto consciente resolve alguma coisa?

Porque precisamos passar por isso? Porque o povo, aqui no Brasil, é tão abandonado? Sorte daqueles que, hoje, têm o privilégio de viverem longe daqui.
Autor: Felix Per Liebrecht


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