A Evolução do Agronegócio na Economia: O caso das usinas de açucar e álcool



A EVOLUÇÃO DO AGRONEGÓCIO NA ECONOMIA: O CASO DAS USINAS DE AÇUCAR E ÁLCOOL

THE EVOLUTION OF AGRICULTURE BUSINESS IN THE ECONOMY: THE CASE OF SUGAR AND ALCOHOL FACTORIES.

RESUMO:
Em pauta nas reuniões dos líderes mundiais o aquecimento global e busca por energias alternativas com o encarecimento do petróleo e seu esgotamento nos próximos anos o Brasil entra no cenário mundial como a grande potência energética através do desenvolvimento do etanol e biodiesel. Na busca de soluções que contribuam para a melhoria ambiental e redução do aquecimento global e devido às características geográficas do País o setor sucroalcooeiro ganha notoriedade na economia e passa a ser um dos principais fatores do desenvolvimento socioeconômico.

PALAVRAS-CHAVE: Aquecimento Global; Etanol; Cana-de-Açucar; Álcool; Sucroalcooeiro

SUMMARY:
On the agenda in the world leaders' meetings the global heating and the look for alternative energies with the raising price of petroleum and your exhaustion in the next years Brazil enters in the world scenery as the great energy potency through the development of the ethanol and biodiesel. In the search of solutions that contribute to the environmental improvement and reduction of the global heating and due to the geographical characteristics of the Country the section alcohol and sugar wins fame in the economy and becomes one of the principal factors of the social and economical development.

KEYWORDS: Global heating, ethanol, Sugar-cane, Alcohol, alcohol and sugar


INTRODUÇÃO

A indústria sucroalcooleira do Brasil vive uma fase de exuberância e expectativa ímpar. Graças à tecnologia utilizada na produção do etanol, o país ganhou prestígio e despertou o interesse de grandes investidores na busca por soluções que diminuam o impacto causado pela poluição na atmosfera agregado ao baixo custo.

Dados do IBGE apuram que “a estimativa para a cana-de-açúcar soma 558,0 milhões de toneladas, 8,3% superior à produção obtida em 2007 (515,3 milhões de toneladas)” (TABELA I). A área colhida também registra ampliação de 6,4% frente ao ano de 2007, quando foram colhidos 6,7 milhões de hectares. Segundo o coordenador de agropecuária do IBGE, Flávio Bolliger, a cana-de-açúcar tem mostrado crescimento em produção e área em locais tradicionais de cultivo, como São Paulo, mas também em novas regiões de plantio, como o Triângulo Mineiro, os Estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

Este reflexo coloca a produção da cana de açúcar acima da produção de grãos para os próximos anos, com o aumento no consumo dos derivados deste produto e a mudança na matriz energética, pela busca pela energia limpa. O ano 2008 será um ano decisivo para a corrida pelas fontes energéticas alternativas - e o Brasil tem uma oportunidade única para consolidar sua posição de liderança mundial através do etanol e biodiesel.

“O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgou em 09/01 o estudo com as Projeções do Agronegócio Mundial e do Brasil de 2006/2007 até 2017/2018. O levantamento que foi apresentado pelo ministro Reinhold Stephanes, indicou que o álcool combustível liderará a expansão dos principais produtos agrícolas no Brasil até o fim dos próximos dez anos.

De acordo com a Agência Estado, o estudo da Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura projetou o desempenho de 16 produtos agrícolas em 12 safras - a passada, a atual e as dez próximas - e mostra que a produção do etanol vai crescer 120,4%.

O documento prevê que sejam produzidos 41,63 bilhões de litros em 2017/2018, ante 18,89 bilhões de litros da safra 2006/2007 (TABELA II). As projeções indicam, ainda, que cada vez mais uma parcela maior da cana-de-açúcar produzida no País será destinada ao álcool.

Com isso, o açúcar, outro produto da cultura canavieira, terá um crescimento estimado na produção de 40,7%, de 30,7 milhões de toneladas para 43,21 milhões de toneladas, de acordo com as projeções do Ministério.” Fonte: UNICA (União da Indústria de cana-de-açúcar) 09/01/08

Aqui no Brasil, durante 500 anos utilizamos apenas um terço do poder energético da cana - o caldo - para fazer açúcar e álcool. Agora estamos no limiar do uso em larga escala dos outros dois terços da planta – que são a biomassa formada pelo bagaço e pelas pontas da cana - para fazer eletricidade, no curto prazo, e o etanol celulósico e derivados da alcoolquímica no médio prazo. O Brasil conseguiu sair na frente na corrida mundial da agronergia, e por isso tem a responsabilidade de ajudar a convencer a humanidade sobre os benefícios ambientais do uso do etanol e da bioeletricidade, enquanto energias limpas, renováveis e sustentáveis. Fonte: Marcos Sawaya Jank, ÚNICA.

“Definitivamente, o etanol é a bola da vez. E os olhos do mundo estão voltados para o Brasil, produtor de 17,3 bilhões de litros anuais a partir da cana-de-açúcar. Só perde para os Estados Unidos, primeiro produtor mundial, mas que utiliza o milho como matéria-prima, cujo custo de produção é muito mais elevado. O motivo de tanto interesse não é à toa. Com o encarecimento do petróleo e a certeza de seu esgotamento próximo, mas, sobretudo, devido à confirmação científica de que a queima de petróleo, gás e carvão é fator principal do aquecimento global causado por atividades humanas, a saída para minimizar o caos energético é a chamada bioenergia, mais precisamente o álcool”, Janaína Depiné*.

“Além de abastecer os carros de etanol, a planta será cada vez mais usada na geração de eletricidade. Hoje, as usinas aproveitam apenas cerca de um terço do bagaço e da palha da cana para gerar energia elétrica -- que, em geral, é consumida na produção de álcool e açúcar. Os dois terços desperdiçados têm um enorme valor, e ele começará aparecer em 2008, com maior aproveitamento da biomassa. De acordo com a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), o potencial elétrico da biomassa da cana já é equivalente à produção esperada da hidrelétrica do rio Madeira e, em cinco anos, será igual à da usina de Itaipu” Por Camila Fusco e Sérgio Teixeira Jr**.

A participação do etanol na mistura do combustível veicular atualmente encontra-se: EUA – 4%, perspectiva é de 20% prazo para meta até 2017; CE – 2%, perspectiva é de 5,75% prazo até 2010; Japão – 3%, perspectiva é de 20% prazo até 2030. Fonte: Veja, N. 1998, 07/03/2007. Só o atendimento da meta dos EUA gerará uma demanda de 132 bilhões de litros de etanol, aproximadamente 3 vezes a produção total.

Tais necessidades estimulam e desertam grandes investimentos no setor, a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos), agência de inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia, aprovou o investimento de R$ 20 milhões em um fundo de private equity para o setor sucroalcooleiro.

A modalidade de investimento é dirigida às empresas de médio porte já consolidadas no mercado, mas que ainda não estão prontas para abrir capital na bolsa de valores. De 2008 a 2010, a FINEP vai destinar R$ 330 milhões para cerca de 25 fundos de investimento em empresas inovadoras, o triplo do total aplicado nos últimos seis anos.

A expectativa é que sejam alavancados mais R$ 1,6 bi junto a investidores parceiros, recursos que somados vão beneficiar aproximadamente 300 empreendimentos. Em quatro anos, o Terra Viva, administrado pela DGF Gestão de Recursos, vai aplicar R$ 300 milhões em até 10 empresas. Fonte: ÚNICA, 09/01/08

George Soros tornou-se um dos maiores investidores de etanol no Brasil. Sua empresa, a Adeco, investe US$ 900 milhões na construção de usinas de cana-de-açúcar no Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. "Estou convencido de que poderemos pôr um preço na poluição e isso deve consolidar o etanol como fonte de energia. Deverá haver um custo de US$ 30 por tonelada emitida de gases", disse Soros em entrevista ao Valor Econômico. Fonte: Sindlab

George Soros é um dos principais investidores da Adeco, empresa de agronegócios que atua no Brasil e na Argentina.

CONCLUSÃO

Embora existam incontestáveis obstáculos necessitando avançar em produção, tecnologia, exportação, mercado interno, estratégias de projetos, etc. o aquecimento do setor sucroalcooeiro especialmente vinculada à produção etanol, no rol das energias limpas, totalmente renovável e de baixo impacto ambiental movimenta e traz consigo todo o desenvolvimento do País, no empenho do desenvolvimento de infra-estrutura, pesquisas e tecnologias, logística intermodal, qualificação de mão de obra. Hoje se pode dizer que a cana-de-açúcar poderia chamar-se “cana-de-etanol” e “cana-de-bioeletricidade” e amanhã ela será também descrita como a “cana-de-bioplásticos”, a “cana-de-biorefinarias” e, quem sabe, a “cana-do-meio-ambiente”. Uma planta que, de fato, contribui para a sustentabilidade do nosso planeta, ajudando na luta contra o aquecimento global, na redução da emissão de gases de efeito estufa e no combate aos efeitos nefastos da mudança climática.



TABELAS

Tabela I
(ver arquivo completo anexo)
Estimativa, em toneladas, de produção de cana-de-açucar para o ano de 2008, segundo dados do IBGE.

TABELA II
(ver arquivo completo anexo)
Estimativa de produção, em bilhões de litros, para safra de 2017/2018, segundo estudo realizado pela Assessoria de Gestão Estratégica (AGE) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgado em 09/01 com as projeções do Agronegócio Mundial e do Brasil de 2006/2007 até 2017/2018.

TABELA III
(ver arquivo completo anexo)
Demonstrativo da participação do etanol na mistura do combustível veicular atualmente e suas projeções: EUA – 4%, perspectiva é de 20% prazo até 2017; CE – 2%, perspectiva é de 5,75% prazo até 2010; Japão – 3%, perspectiva é de 20% prazo até 2030. Fonte: Veja, N. 1998, 07/03/2007.


Webgrafia

*DEPINÉ, Janaina. Know How brasileiro projeta a região e lança desafios. Revista Negócios.Disponível em . Acessado em 05 de Janeiro de 2008.

** FUSCO, Camila; JR, Sérgio Teixeira. O ano da energia limpa. Portal Exame. Disponível em
. Acessado em 27 de dezembro de 2007.

BiodieselBR. Futuro para o Mercado do álcool e açucar. BiodieselBR. Disponível em . Acessado em 12 de dezembro de 2007.

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MEDINA, Branca M. O. Biocombustíveis. Ecologia Hoje. Disponível em . Acessado em 12 de dezembro de 2007.

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FOLHA DE LONDRINA. Produção de cana cresce mais do que grãos. FOLHA DE LONDRINA, 11/12/2007. Disponível em .
Acessado em 21 de dezembro de 2007.

PROCANA. Odebrecht fortalece estrutura americana. PROCANA. Disponível em .Acessado em 05 de janeiro de 2008.

BORGES, Robinson. Soros vê crise e aposta no etanol. Sindlab. Disponível em . Acessado em 08 de janeiro 2008.

SILVA, José Euripedes da. Bioenergia e Produção de Alimentos: Desafios da Inovação. Embrapa. Disponível em . Acessado dia 15 de dezembro de 2007.

Estudo mostra projeções do agronegócio no Brasil e no mundo. Portal Única. Disponível em . Acessado em 09 de janeiro de 2008.

Estudo mostra projeções do agronegócio no Brasil e no mundo. Portal Única. Disponível em . Acessado em 09 de janeiro de 2008.


Henrique Ronne Grodiski
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Autor: Henrique Ronne Grodiski


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