Introdução A Bioética
O avanço da biotecnociência abriu novas áreas de pesquisas, criando novas possibilidades de intervenções humanas sobre a natureza. Elaborou uma nova maneira de compreender a evolução, permitindo que repensemos a vida, tal como a sua realidade e sua complexidade. Com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia o ser humano programa a sua vida, sua sociedade, provocando um novo habito, uma nova cultura.
Porem essa programação não inclui todos os seres humanos, continua-se a ver no mundo inúmeros sofrimentos desnecessários, exclusões, atitudes anti-humanas, nesse sentido faz necessário ter um cuidado maior com esta inclusão. Todos devem estar dentro do planejamento, ou seja, todos devem fazer parte desse desenvolvimento cientifico.
Nesse sentido a ética deve estar sempre em alerta, a fim de refletir se essa manipulação, esse desenvolvimento vem respeitando a essência humana, a dignidade humana. Surge então a bioética, ela surge apartir dos cientistas preocupados com o rumo de suas pesquisas e suas relações com os pacientes.Ela surge nos EUA nos anos 70 e não demora a migrar para outros continentes e paises e chega à América latina nos anos 90.
A relevância da bioética vem sendo crescendo na atualidade a partir do desenvolvimento genético e de suas relações com o ser humano. São inúmeros os casos de eugenia que a própria mídia e os comitês de bioética vem apresentando, são situações diversas, mas de grande importância a vida humana.
A coluna dorsal é a manipulação do genoma, que tem como objetivo um aprimoramento genético, mas que não reconhece o ser humano e simplesmente o seu genótipo, ou seja, cria-se um reducionismo biológico, ameaça a biodiversidade e ainda a imposição dos padrões genéticos sendo impostos a partir daqueles que datem o poder na sociedade.
Assim a bioética tem a responsabilidade de alertar a sociedade da realidade existente no mundo da biotecnociência, deve a bioética ser critica, ser analítica e reflexiva diante das ações políticas e ideológicas. Infelizmente os cientistas não estão preocupados com o bem estar social e sim com o lucro que podem ter com a manipulação genética e outros, ou seja o fator econômico esta a frente do cientifico e a bioética tem essa responsabilidade de evitar que a genética seja um fator ideológico determinista.
Os próprios cientistas afirmam que é a bioética é quem dara respostas satisfatórias a sociedade, para a pessoa humana, dando-lhes a oportunidade de escolha nas suas ações. O que acontece no laboratório deve ser exposto a sociedade e é a sociedade quem deve dizer o que fazer, ou seja a ética da sociedade deve estar presente na ética do laboratório. A bioética não nasceu com a idéia de proibir o desenvolvimento genético, mas nasceu com o principio de ter ética, no desenvolvimento da manipulação genética.
Existem conflitos no termo bioética, conflitos não só na nomenclatura, mas também de posição ideológica e filosófica. Ela pode ser entendida como Ética da vida, vida é ética, vida e ética, mas de qualquer forma seu objetivo maior é a defesa da vida. Assim a bioética se apresenta de maneira aberta e se articula com diversos temas ligados a vida. É a bioética uma parte da ética que estuda as relações da ética com a vida. A bioética também pode ser vista como uma nova ciência, que se desenvolva e se torne uma ciência autônoma.
Mas para a bioética ser entendida como ciência é preciso lembrar de seus objetivos, que é o estudo de normas e temas que regem a ação humana e sua intervenção técnica sobre a vida humana. Em outras palavras a bioética é a ciência do comportamento moral dos seres humanos diante de intervenção da biotecnociência sobre a vida humana em todo o seu contexto. Pode-se entender a bioética como ciência da vida ou ciência da saúde, ambas se referem a ação humana, atitudes.
A interdisciplinaridade é uma das características da bioética, pois ela necessita passar, dialogar, refletir e se comunicar com as mais diversas áreas do conhecimento. Mas infelizmente as ciências são por demais cartesianas, especificas, fragmentadas, não tendo abertura ao dialogo com as outras ciências, filosofia, teologia e outras. Causando ai um grande vazio no aspecto ético.
Esse sem duvida é um grande desafio da bioética, romper com essa fragmentação, com o pragmatismo, com o individualismo e avançar com isso no dialogo e reflexão junto com as demais ciências, ou seja, trabalhar o todo, a integralidade, o holístico.
Assim sendo a bioética precisa ser cada vez mais plural em suas relações, ser cada vez mais intercultural, afim de não ser mais um instrumento de dominação cultural.A essência e o principio da bioética a priori é sem duvida a sua relação da ética com a vida.
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Autor: Robson Stigar
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