Desespero



Embebido de sono, levantei da cama empoeirada e senti a luz do sol, que se esgueirava por uma fresta da cortina, queimar minha face. Doeu como um leve tapa que arde prazeroso as bochechas pálidas.

Parei ao lado da cama e fechei os olhos por um breve momento. Algo dentro de mim se esgueirava, arrancando-me os músculos e as tripas como se quisesse me controlar. Algo fétido. Algo obscuro, talvez até vil. Andei até a cozinha e me pareceu muito estranho andar pela minha própria casa. Senti o gosto amargo do suco de laranja e então percebi que o gosto que senti era aquele fétido algo deslizar pela garganta. Nada agradável.

Corri para o banheiro, me debrucei sobre a pia e abri a torneira, que jorrou em mim uma água gélida e purificadora.

Uma voz fina pareceu me chamar: " Ei, você". Fechei os olhos e senti uma mão gelada percorrendo minhas vísceras, ascendendo até minha face: "Olhe para frente". Olhei para o espelho que estava na minha frente, e refletido nele o meu frágil corpo erguido tremia. Não mais ouvi aquela voz e a putridão dentro de mim desceu pelo ralo varrida pela água gelada. Não sou nada.

Autor: estefania azevedo


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