A Vez do Administrador no Setor Público.



No Brasil, a profissão de Administrador de Empresas é regulamentada por uma lei federal (lei 4769/65) há mais de quarenta anos. No entanto, ainda hoje é possível verificarmos distorções e desrespeito às atividades privativas dessa classe principalmente no setor público.
O setor produtivo privado do país, que envolve as empresas de prestação de serviços, comércio e indústrias, já sentiu a necessidade de buscar um profissional dinâmico, atualizado e com visão sistêmica do mercado; qualidades essas frequentemente encontradas num administrador. Cada vez mais o administrador tem ocupado vagas de trabalho nesse setor. Embora a concorrência com engenheiros ainda seja acentuada, não é difícil encontrarmos nas organizações privadas um administrador ocupando postos de destaque.
As grandes empresas, que geralmente enfrentam uma forte concorrência, sabem que investir num profissional com o perfil do administrador traz inúmeras vantagens. Muitos dos pequenos empresários também reconhecem que se tivessem em seu quadro funcional um administrador profissional teriam a oportunidade de produzir e desenvolver muito mais os seus negócios.
Para o administrador, o maior problema de acesso ao mercado de trabalho está no setor público, pois ainda há muitos interesses e vontade política de que a situação de ineficiência e corrupção da máquina pública continue. Atualmente há muitos cargos públicos sendo exercidos por outros profissionais, que muitas vezes, não tem o mínimo conhecimento de administração.
Dentre os três poderes, o que mais desrespeita a profissão de administrador é o Judiciário (justo aquele que deveria dar o bom exemplo). Não é raro vermos concursos públicos para cargos com atividades privativas abertos a qualquer graduado nessa esfera. E o pior de tudo, é que a alegação para o desrespeito da lei muitas vezes vem de desembargadores e ministros da justiça. Bacharéis em direito dominam essa área e não aceitam perder vagas de trabalho com altos salários nem que tenham que descumprir uma lei federal.
No poder Legislativo, as amizades e os compromissos de campanha prevalecem na hora de compor a maioria dos cargos. No Executivo, o que mais oferece concursos para a profissão, ainda há uma certa resistência para que o administrador preencha alguns postos que lhe são de direito.
O setor público é um grande nicho de trabalho para a profissão de administrador. Em época de grande desemprego no país, não se pode admitir que os administradores fiquem de fora desse mercado. Um pouco do atraso de conquistas para a profissão deu-se pelo fato da classe não estar fortemente unida há vários anos. Estar ligado numa entidade de classe é fundamental para que qualquer profissão se desenvolva, e com os administradores não é diferente. Vincular-se ao conselho e participar nas suas decisões traz inúmeros benefícios e novas perspectivas de trabalho. Os médicos e advogados já nos provaram isso: somente a união faz a força.
Não podemos mais ouvir a desculpa que o administrador deve atuar em empresas somente e gerar lucratividade. Autarquias, fundações, ministérios e tribunais também precisam de planejamento, controle, qualidade e eficácia nos seus serviços, atribuições que estão ligadas diretamente às competências de um administrador. De lucro não são todas as organizações que precisam, principalmente as públicas. O lucro é apenas uma conseqüência de uma gestão eficiente que pode ser aplicada em qualquer entidade, que no caso do setor público se traduz em melhoria na alocação dos recursos e no atendimento às necessidades da população.
A busca por espaço no mercado e por reconhecimento se dá através da união de uma classe. Não podemos continuar assistindo ao “amadorismo profissional” na Administração Pública, enquanto nós administradores permanecemos como meros expectadores. Vamos nos unir, fortalecer nosso conselho e sindicato e buscar nosso espaço junto ao poder público. Nesse ano haverá eleições municipais em todo Brasil e será uma grande oportunidade de destacarmos a nossa importância para política e a sociedade.
Autor: RODRIGO RORATTO*


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