“Insight” ou Lucidez desesperadora:



No editorial da revista ISTOÉ do dia 09/04/2008, Carlos José Marques, diretor editorial da revista, relata que “o Ministério da Saúde adverte: 670 cidades brasileiras podem sofrer epidemia de Dengue” (...) e analisou o Programa Nacional de Dengue, demonstrando que 48% (quase metade) não possuem nenhum plano de reação a esta ameaça. O TCU aponta “ações precárias e ineficazes” e alerta sobre a necessidade de medidas como a preparação de listas de hospitais e leitos disponíveis, número de profissionais, apartamentos (...) .
Certamente o editor de ISTOÉ tem toda razão em seus questionamentos o que, permito-me completar: se as ações de controle da dengue e, muito especialmente do vetor, fossem corretas, não haveria epidemia no Rio de Janeiro, estado onde se concentram instituições de pesquisa do porte da Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ e a Escola Nacional de Saúde Pública - ENSP.
Quanto às Autoridades da Saúde Pública de nosso País e o jogo de empurra-empurra sobre o mosquito e a DENGUE, em meu artigo “UM MOSQUITO SEM PAI NEM MÃE”, leia em (http://bialopes- beatrizantonietalopes.blogspot.com/), está bem claro que ninguém quer ser o pai da criança, mas as verbas destinadas ao controle da dengue interessam a todos... O terrível, é ouvir um prefeito (César Maia) negar a epidemia, mesmo com os números de casos oficiais crescendo diariamente (hoje passam longe dos 40 mil). Quando fiz o curso no Rio, vivia-se o auge da epidemia de 2002/2003, com milhares de pessoas infectadas, muitos óbitos e milhões de mosquitos...
OS MÉTODOS DE PESQUISAS
Podem ser intuitivos, dedutivos, mas sempre envolvem levantamento de dados, investigação de ocorrências e fatos envolvidos com a patologia estudada, as epidemias e locais onde ocorre o fato, número de casos, seqüências...
Estes dados existem, apesar das subnotificações, desde 1986, isto é, há mais de 20 anos. Devido à transferência da responsabilidade aos estados e municípios, o descontrole e o aumento de casos crescem de forma assustadora, atingindo milhões de pessoas no mundo, vitimando milhares, anualmente.
Atualmente o que vemos é o retorno deste e de outros vetores, de forma descontrolada. O Flebótomo, responsável pelo Calazar e a Leishmaniose, está vitimando populações em várias cidades e, se as providências não forem urgentes, o problema irá crescer de forma bastante grave!

MEDICINA PREVENTIVA E NÃO MEDICINA CURATIVA

Para os estados e municípios, a despesa diminuiria consideravelmente e o nível saudável da população seria crescente, a partir da aplicação de medidas preventivas.
Não deixar a doença se instalar: vigilância Epidemiológica atenta ao controle de vetores de interesse médico, reduzindo assim a incidência de patologias epidêmicas, que têm seu preço tão alto, seja no aspecto financeiro ou com as vidas humanas sacrificadas. “O rosto de inúmeras crianças que perderam a vida e a imagem de sofrimento de famílias destroçadas, viraram combustível para a revolta” diz o editor Carlos José. que lembra também: “No coração da doença, desvios de verbas, o desrespeito com os cidadãos que pagam impostos, omissão e falta de infra-estrutura”.
É, Carlos, aliado a isto ainda vamos recordar faculdades de medicina que liberam médicos para o mercado de trabalho sem o preparo necessário e básico para o atendimento de doenças infecciosas, como sabemos de tantas e tantas histórias!
Autor: Beatriz Antonieta Lopes


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