Fome versus obesidade: Um mundo bipolar



Autores: Monique Citro e Marçal Rogério Rizzo

O economista Thomas Robert Malthus (1766-1834) já dizia na primeira teoria populacional, que se ao relacionar a tendência do crescimento populacional em progressão geométrica com o crescimento da oferta de alimentos em progressão aritmética iria comprovar que o crescimento demográfico ultrapassaria a produção de comida. Isso geraria fome e miséria à população mundial.

Hoje vemos que Malthus não estava enganado. José Graziano da Silva (um dos idealizados do Programa Fome Zero do governo Lula) em seu artigo (Valor Econômico - 21/22/23/24 e 25/12/2007) apresentou dados da Organização Mundial de Saúde onde calcula que há mais de 850 milhões de pessoas desnutridas. Essas pessoas não podem exercer o direito humano de uma vida digna com uma alimentação saudável.

Graziano diz ainda que o maior desafio da FAO (Organização do Sistema das Nações Unidas) é acabar com a fome na América Latina e no Caribe, já que antes nos países sul-americanos havia 93% do trabalho agrícola e, hoje, chega a 23%. Conclui lembrando que em 2050 a população mundial será superior a nove bilhões de pessoas.

Sabe-se que a má distribuição de renda e a pobreza ampliam o problema da fome. Existem contrastes entre as economias do mundo e isso castiga seus habitantes. No continente africano, por exemplo, mais da metade da população jovem ou adulta é desnutrida. No Afeganistão as crianças vivem na miséria e, muitas vezes, participam de guerrilhas.

Entretanto, além da fome existe outra situação que deve ser lembrada, como o excesso de gordura no organismo. Atualmente um quarto da população mundial se enquadra nesse cenário. Drauzio Varella elaborou o artigo “Crianças rechonchudas” (Revista Carta Capital) no ano de 2006 onde já citava que “enquanto morrem de fome seis milhões de pessoas todos os anos no mundo, 1,3 bilhões de pessoas estão com excesso de peso”. Ainda dizia que: “Nos últimos quinze anos, as taxas de obesidade dispararam no mundo inteiro. [...] Os mexicanos constituem exemplo característico: em 1990, menos de 10% da população estavam acima do peso considerado normal, em 2006 cerca de 66% dos homens e 71% das mulheres estão acima do peso ideal.[...] No Brasil da Copa de 1970, havia menos de 20% de pessoa nessa condição. Hoje, beiramos 50%.

Grande parcela da culpa desse acréscimo de peso no mundo são os fast-foods. Hoje o fator tempo se tornou algo escasso e boa parte da população busca a comodidade da comida rápida que acaba tendo altos teores da gordura.

A praticidade tomou o espaço da qualidade na alimentação, pois além dos fast foods serem calóricos, apresentam pouca ou nenhuma taxa nutritiva. Porem são alimentos agradáveis e ganham o paladar de crianças e dos adolescentes, os quais apresentam grandes índices de obesidade. A má qualidade da alimentação desse grupo começa em casa e permanece nas escolas. Nossa população tende a ficar doente cada vez mais cedo.

Varella lembra que: “[...] excesso de peso é a causa de problemas ortopédicos, reumatológicos e psicológicos, já que crianças obesas tendem a desenvolver ansiedade, distúrbios alimentares, depressão e a isolar-se socialmente. [...] Acumular excesso de gordura nas fases iniciais da vida pode provocar alterações metabólicas irreversíveis no equilíbrio hormonal, nas células adiposas e nos circuitos que controlam a fome e a saciedade”.

Para encerrar lembramos que é necessário que se mudem os hábitos alimentares dessa nova geração. O exemplo começa em casa já que pais obesos tendem a ter filhos obesos. Uma reeducação alimentar é imprescindível no contexto atual, e alimentos saudáveis como frutas, verduras e legumes devem fazer parte do prato dessas crianças, jovens e também de adultos.


Monique Citro é acadêmica do 1º semestre de Administração do Centro Universitário Toledo.

Marçal Rogério Rizzo: Professor Universitário, Graduado em Ciências Econômicas, Especialista em Economia do Trabalho e Sindicalismo pela Universidade Estadual de Campinas/SP (CESIT/IE/UNICAMP), Especialista em Gerenciamento de Micro e Pequenas Empresas pela Universidade Federal de Lavras/MG (UFLA), Especialista em Docência do Ensino Superior pelo Centro Universitário Toledo de Araçatuba/SP (UNITOLEDO), Especialista em Gestão e Manejo Ambiental na Agroindústria pela Universidade Federal de Lavras/MG (UFLA), Mestre em Desenvolvimento Econômico pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas/SP (IE/UNICAMP) e doutorando em Geografia na área de Dinâmica e Gestão Ambiental pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCT/UNESP) – Campus de Presidente Prudente/SP.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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