Discurso: Arma Visual E Oral



Poder da fala

Sana Suzara
Especialização em Língua Portuguesa e Literatura Brasileira
2° período de Direito
Faculdade de Guanambi

O que se diz, como e para quem é fundamental para que se alcance um objetivo. Existe curso para aprender as artes de declamar, falar, relatar e até mesmo de persuadir. Esse método não é utilizado apenas em júri e juridicamente pode ser feito tanto fora como em um tribunal com base nas leis.

O estudo lingüístico teve início com os estudos estabelecidos por Ferdinand de Saussure: "assumirá o caráter geral que lhe permite sair do círculo relativamente estreito do estudo das línguas naturais (português, espanhol, etc.) e aplicam-se aos mais diferentes domínios da comunicação, quer dizer, da atividade humana. O lingüista dinamarquês Louis Hjelmslev não hesita em dizer que para a moderna teoria da linguagem um único teórico merece ser citado como pioneiro indiscutível".

Tendo por objeto todos os sistemas de signos, a semiologia também se ocuparia do estudo das linguagens e com isso seria o gênero de que a lingüística é a espécie. ... Luis Prieto, por exemplo, apresenta a lingüística geral como não sendo outra coisa que uma semiologia da comunicação. Roland Barthes chegou a considerar tão acentuada a força do modelo lingüístico que levantou a possibilidade de um dia inverter-se a proposta de Saussure para apresentar a semiologia como constituindo uma parte da lingüística. Não, entrando por ora nessa discussão e no debate sobre o alcance do modelo lingüístico, deve-se reconhecer que é possível extrair, deste modelo, certos conceitos gerais cuja utilização na descrição e compreensão de outros sistemas de signos (como os visuais ou sonoros) revela-se operacionalmente positiva. Propõem-se, a seguir, um esquema desses conceitos.

A linguagem é repleta de signos e significados com seus sentidos reais e figurados que compõe uma frase, beleza, informação e forma de conduta e dependendo da forma como usada uma poderosa arma de manipulação.

Segundo Gestalt a similaridade é fundamental para o processo de assimilação e comparação assim podemos visualizar e fazer a identificação da imagem com o conceito e assim o cérebro processa transformando em uma informação. A similaridade de casos ou uso da argumentação baseada no senso-comum ajuda ao juiz a decidir a sentença. Num caso de família, por exemplo: o juiz (a) tem família, e mesmo que não esteja vivenciando acaba sensibilizando, entretanto, a imparcialidade e a tentativa de transportar para fora da cena, sendo apenas um observador e com base no agravo determina a pena.

A postura do Juiz e dos mesmo que compõe a cena é formado de signos; que são em quantidade ilimitada, mas são apenas realizáveis graças à existência de um número limitado e muito restrito de não-signos (as letras de um alfabeto). Estes não-signos recebem, em seu modelo, a designação de figuras que, responsáveis pela estrutura interna da linguagem, fazem com que esta seja entendida, afinal (do ponto de vista lingüístico), como sistema de figuras que podem formar signos, assim afirma Hjelmslev, Semiótica, informação e comunicação pág. 31. Mas esse processo na expressão facial, postura e impostação da voz são signos que informam aos receptores intenções não perceptivas pela racionalidade.

A consciência humana é um labirinto repleto de segredos e informações e ações que a própria razão desconhece, segundo pesquisas ficou provado que nós não usamos nem um terço deste conhecimento. Freud é sético e acreditava que boa parte dos problemas que envolvem o homem está relacionada com o sexo, ou seja, alguns problemas psicológicos, traumas e atitudes impulsivas sem de origem o não aceitação ou mesmo rejeição de se ou do outro; que pode ser individual como coletivo (grupo).

Entretanto, Carl Gustav Jung já declarava os fenômenos como algo além da consciência, para a questão espiritual, empírica. Graduado em Medicina esse profissional começou a observar os pacientes e constatou que certas palavras funcionam no cérebro como chaves, capaz de fazer um resgate de uma informação contida no inconsciente transportando-a para o consciente.

Assim esse processo pode ser usado nas palestras e assimilação de conteúdo, pois com uma imagem ou palavra ou até mesmo com uma pesquisa prévia sobre o público a que se vai dirigir é fundamental para saber conduzir. Muitos juristas adotam esse processo para fazer a identificação do júri, como e para quem vai dirigir a defesa, além de analise prévia dos membros que compõe o cenário. Os meios de comunicação usam essa técnica para atrair e manter a atenção para um determinado assunto, mas assim como em todos esses citados o uso de textos, signos é usual.

Castoriadis disse que o discurso burocrático, no entanto, visando à eliminação do sujeito, se apresentaria como um buraco negro ideológico e uma atopia histórica – exatamente por isso apagando o sujeito ao mesmo tempo em que tenta manter a coesão do organismo social, coesão através da força, da alienação. ... com efeito, todo discurso gera poder – particularmente quando se distingue entre discurso e dialogo –, poder este que pode ser descrito como sendo os efeitos desse discurso no interior de uma determinada trama de relações sociais.

Freud também apresenta a necessidade que o homem tem de se comunicar e expressar emoções e acontecimentos. No campo da filosofia esses estudiosos expressam um ponto de vista com base em análises do comportamento do homem tanto como indivíduo só como coletivamente, mas estes expressam as idéias tanto através da oratória como de escritos, registrando pontos de vista e mudando uma realidade.

Peirce demonstra amplamente, com sobras, que uma união entre semiótica e filosofia é não apenas possível como inevitável. E Lacan – apesar dos que o recusam por preguiça de tê-lo – efetua uma união entre o signo e a psicanálise cuja necessidade já havia sido sentida por Freud.

A mensagem a ser transmitida nada mais é que uma informação passada através de um código determinado entre as partes, ou seja, emissor-receptor, que capta a informação e o primeiro tem a finalidade de alcançar um objetivo.

Mais a grande ferramenta de todo e qualquer processo é força de vontade, a força do pensamento assim como um banco de dados pronto para ser acessado a qualquer hora.

O poder contido no texto normativo é um dos condicionantes para a postura. Aquele tem razão, certeza e segurança; tem uma postura diferente do que se encontra em uma postura contrária, perceptível no processo oratório. A postura de ouvinte do juiz é diferente dos advogados e principalmente das partes envolvidas. O fator psicológico é determinante no sucesso de uma atividade.

Fundamental para o processo emissor-receptor é o canal que pode ser verbal ou não ou mesmo os dois. Coesão e coerência não são sós para a escrita e sim para a oratória também. A gramática é uma forma de estabelecer o que deve ser falado e como para estar dentro das normas consideradas como cultas. Entretanto, a oralidade determina que não importa se você está seguindo ou não às regras gramaticais estipuladas, mas sim se está sendo entendido. O regionalismo e até as gírias mostram as características e marca de um povo, cultura.

Todavia, para um orador, palestrante, jurista; para alguém a que se dirigi, ocupando um lugar de educador, mesmo não atuando nesta área tem que usar e aplicar muito bem às normas gramaticais tanto na escrita como na oralidade. Se vamos falar em público, e temos uma tese a defender; mentalmente quais os melhores argumentos de que dispomos para persuadir os ouvintes: imediatamente os comparamos e distribuímos na ordem acima citada. Para a elaboração do discurso é fundamental que seja feita uma preparação para a impostação da oratória e retórica, assim como gestos e a impostação da voz.

O discurso lúdico é aquele proferido sem muitos dados e pouco intuito de convencer, apenas informar ou entreter. Há a existência de recursos sonoros, teatrais e citação de obras.

Já o polêmico estabelece uma problemática com base em assunto divergente, apresentam dados e fatos com o objetivo de estabelecer um debate, com um conflito de idéias uma tenta prevalecer.

O religioso tem essência e repleto de misticismo e dogmas com base em preceitos empíricos Deus é centro da discussão assim como posturas.

Toda vez que for ministrada uma oratória a um pequeno grupo ou uma multidão sempre estará sendo feito um discurso. Há o didático, os heróis do saber que ficam horas preparando as aulas para que um grupo de alunos assimile o conteúdo para uma preparação para a vida profissional ou mesmo para o caminho, conhecimento.

Para justificar algo, para declarar uma indignação ou mesmo para convencer um determinado grupo a realizar uma determinada atividade de interesse individual que através da persuasão passa a ser hipoteticamente coletiva. Hitler, um idealista de melhorar ou do seu interesse, essa é a questão? Esse ditador usou os veículos de comunicação para manipular uma nação e até mesmo fora dela em pró de seus interesses assim está escrito em seu livro, Minha luta.

O discurso é uma arma poderosa, mas antes de ser declamada deve ser escrito e esse é um trabalho que tem que ser levado em consideração, pois deve analisar criteriosamente qual o objetivo que pretende alcançar, o público e ter muito cuidado com o que se fala e mostra a platéia. As imagens e o texto escrito acabam se tornando um registro que fixa bem mais que as faladas.

Se tiver alguma dúvida faça um exercício: tente lembrar de uma imagem que você viu e não gostou; agora alguém falando algo a respeito. Qual foi a informação que veio mais rápido.

Por isso em uma palestra ou mesmo qualquer tipo de discurso é fundamental a escolha dos recursos certos para a apresentação. Muitos chamam de palestra de espetáculos, música, brincadeiras e pouca informação; mas esquecem: quem nunca foi a uma palestra dessa e através das brincadeiras e música não ficou lembrando do dia e do palestrante. E querendo ou não você lembra do que ele disse?

Sem você perceber ele passou a informação através do processo de percepção subliminar, em fração de segundo você acabou assimilando a informação e através do condicionamento fez o que lhe foi sugerido.

Rui Barbosa estadista, jurisconsulto, escritor, orador e estilista notável, Rui Barbosa nasceu na cidade de Salvador. Estudou na Faculdade de Direito do Recife, onde foi contemporâneo de Castro Alves e de Tobias Barreto, entre outros, passou depois para a Academia de São Paulo, onde concluiu o curso.

Foi eleito Deputado a numerosas legislaturas no Império, como representante do seu Estado Natal. Um dos fundadores da República; ocupou o Ministério da Fazenda no governo do Marechal Deodoro da Fonseca; eleito pela Bahia, para o Senado Federal; tendo falecido como Senador.

Representou o Brasil na Conferência de Haia (1907), onde projetou de modo inesquecível o nome de nossa pátria. Foi membro da academia Brasileira de letras, e também seu Presidente.

Rui deixou uma obra imortal, e a sua vida constitui um exemplo de dignidade para os brasileiros. Pensador profundo, dono de uma cultura rara, é, hoje, um motivo de orgulho para o Brasil.

Faleceu no ano de 1923, tendo deixado numerosas obras publicadas, incluindo-se nelas volumes de seus discursos e conferências; exemplo: Visita a terra natal, discurso de agradecimento à manifestação prestada pelo Partido Federalista, na Bahia, teatro São João, em 07/02/1893.

As pausas fundamentais para que se faça entender; entra em ação a pontuação é fundamental para quem vai falar em público para ser entendido e fazer as pausas no momento exato sem ficar ofegante. Para quem escreve, completa o sentido e uma vírgula, um ponto ou qualquer outro sinal gráfico serve para determinar o sentido a que o idealizador propôs, assim como as pausas para respirar.

Luis Prieto afirma que a primeira operação do signo seria, pois, a operação de notação – prefere o uso de notação ao uso da palavra conotação – a operação de representar, designar, anotar; a segunda operação seria feita com a notação inicial, sobre ela.

Entende, então, coesão como um conceito semântico referente às relações de sentido que se estabelece entre os enunciados que compõem o texto; assim, a interpretação de um elemento depende da interpretação de outro. O sistema lingüístico está organizado em três níveis: o semântico (significado), o léxico-gramatical (formal) e o fonológico - ortográfico (expressão). Os significados estão codificados como formas e estas, realizadas como expressões. Desse modo, a coesão é obtida parcialmente através da gramática e parcialmente através do léxico, Coesão e coerência textual, pág. 9.

Para estruturar um texto é preciso que tenha domínio de conteúdo tanto para escrever como apresentar. Mas antes é necessário como em qualquer setor um planejamento prévio. Selecionar as informações e priorizar. Como caracterizam Schank e Abelson e Marcuschi plano são modelos de comportamento deliberados exibidos pelas pessoas, podendo abranger vários propósitos superpostos. Além de estabelecer um planejamento deve ser feito um roteiro tanto para falar como para escrever.

Elaboração da defesa de um caso é fundamental que se faça uma análise do caso, pesquise o fato e base jurídica para a elaboração da peça. Nesta deve conter a apresentação do requerente; ação declaratória do fato; base jurídica; doutrina e jurisprudência.

Mas para a apresentação de qualquer tipo de documento jurídico é preciso conhecimento das normas de elaboração e gramatical. Há a unidade que surge da distribuição harmônica das partes que formam, afinal, um todo homogêneo; em suma, uma nova forma. ...essa é a razão que nos leva a examinar sucintamente tais aspectos, facilitando, assim, que o leitor verifique, nos discursos que lerá a presença sempre eficaz de tais providências, cujo domínio deseja oferecer a quem se dedica a tão nobre arte. ... é aquela que se dirigem a intelectualidade, e, sobretudo à razão. É a parte em que se esboça a tese, em que se oferecem as razões em favor do que pretende o orador... a regra da persuasão, que já examinamos em nossos livros, reduz-se à colocação dos argumentos. O argumento medianamente persuasivo deve vir em primeiro lugar. O menos persuasivo em segundo, e o mais poderoso, por último, Analogia de famosos discursos brasileiros, pág. 15, 17 e 22.

Uma informação deturpada ou mesmo mal intencionada pode manipular uma população. Muitos ditadores e golpes foram feitos dessa forma, mas as pessoas pensam que para fazer isso é necessário que se ocupe um lugar de destaque, mas isso não passa de uma mentira, pois fazemos esse tipo de coisa o tempo todo sem perceber ou mesmo intencionalmente.

Por profissão ou prazer à persuasão tem seu lugar de destaque. Na elaboração de discurso a intenção e a colocação adequada das palavras fazem com o objetivo tenha alcance e dependendo a impostação, segurança e credibilidade de quem se fala faz com que o objetivo seja alcançado.

O texto escrito e os recursos são fundamentais para fixar o que se fala; desviar a atenção no momento exato, reforçar o conteúdo dando mais peso e a participação torna fundamental para o sucesso do discurso.


Autor: sana Suzara Veras Boa Sorte


Artigos Relacionados


O Discurso / Mídia / Governo

Resumo Histórico Sobre Os Médicos Sem Fronteiras

As Pontuais Mudanças Trazidas Pela Lei 11.689/08 = Júri

A Posição De Parte No Processo Penal - Parte (no Sentido) Formal E Parte (no Sentido) Material - Qual é A Posição Do Ministério Público?

Resenha De 'o Gigolô Das Palavras', De Luís Fernando Veríssimo

Discurso: Arma Visual E Oral

O Chão