Manifesto Trabalhista
Acabei de ganhar um filho, que é a coisa mais importante da minha vida. Estou usufruindo um período de licença para ajudar minha esposa a cuidar do menino, porem, logo vou voltar ao trabalho, e minha esposa também e então seremos obrigados a colocá-lo em uma creche, para ser cuidado por pessoas que eu nem conheço.
Sei que muitos dirão – se é assim que você se sente, então por você resolveu ter filhos se você não tem condições, não vai me dizer que foi acidente.
Não, não foi acidente, foi planejado pois já tenho 35 anos e minha esposa tem 34 anos e se não fosse agora não seria mais.
Eu li um livro uma vez que se chama “Admirável mundo novo” escrito em 1931 Aldous Huxley onde o autor faz uma visão futurista da humanidade. Neste livro há uma parte que descreve como será a geração de crianças no futuro e como será, ou seja, como não será a família do futuro e diante dos fatos que estou vendo atualmente acredito que muito em breve será como no livro que mostra crianças criadas em laboratório com o único objetivo de procriação e criadas em instituições por pessoas que estranhas. Um futuro onde a família é extinta, quebrando os laços fraternos entre as pessoas e criando uma sociedade onde a vida do próximo não importa, somente o eu existe.
Ainda neste livro existem dois fatos curiosos, o primeiro utilização de uma droga chamada “SOMA”, para as pessoas sentirem felizes, uma droga liberada que faz com que todos os problemas desapareçam e as pessoas se sintam felizes e satisfeitas, e o segundo fato curioso é a importância que se dá à beleza, sendo que existe no livro métodos para que as pessoas não envelheçam e permaneçam sempre lindas e joviais.
Muito bem, qualquer semelhança é mera coincidência.
O fato é que a sociedade atual está caminhando à passos largos para uma sociedade assim, narcisista, fechada em termos de relações pessoa à pessoa, a família está sendo deixada de lado, as pessoas se preocupam com seus empregos, seus carros, suas casas, suas baladas, sua liberdade e estão deixando de lado sua família.
É muito raro ouvir alguém dizer, ao ser questionado sobre hora extra, que tem que ir embora para ficar com a família, muito pelo contrario, elas se sentem felizes, pois terão condições de comprar algo com o valor da hora extra, pra si ou para os filhos ou para a esposa, muito bem, mas será que é isso mesmo que vale, e o tempo de dedicação, e o carinho, o amor onde ficam. Eu dou um vídeo game novo para meu filho brincar, esperando que ele fique entretido com o brinquedo, e não me encha a paciência, ou seja, eu trabalhei mais que eu podia para comprar tempo em casa, para ler um jornal, assistir TV ou transar com minha esposa. E o meu filho, quem vai brincar com ele, quem vai ensinar ele a viver, a se defender das armações da vida, a babá, a moça da creche, a escola, a faculdade ou o amigo drogado das baladas noturnas que ele frequenta para fugir das brigas que existem em casa, devido ao stress da vida cotidiana atual.
Acho que neste ponto já deu para perceber que é um circulo vicioso.
Por outro lado, a sociedade cobra cada vez mais isso das pessoas, por exemplo, alguém conhece algum empresário que por livre e espontânea vontade reduz a jornada de trabalho de seus funcionários, ou manda um funcionário pra casa quando ele está precisando. Nas faculdades então nem se fala, é um verdadeiro campo de guerra para colocar na cabeça das pessoas que elas tem de ser cada vez mais competitivas, para que consigam uma boa colocação, ganhando bem e vivendo quase exclusivamente para a empresa onde trabalham.
Quero agora que você reflita sobre este texto e decida como você quer o seu futuro.
Se você é como eu, que luta por uma vida mais digna e uma qualidade de vida melhor, lute comigo, vamos diminuir a carga horária do trabalhador e aumentar o valor da hora extra para que não seja viável a utilização da mesma, aumentando assim a oferta de trabalho e como conseqüência diminuindo o desemprego. Assim as pessoas terão chance de conviver com suas famílias, de ter lazer, de poder escrever, pintar, pensar, e muito mais.
E como faremos isso, muito simples dando o primeiro passo. Deixando de acreditar que o nosso destino está na mão de políticos capitalistas e entendendo de uma vez por todas que o nosso destino está em nossas mãos, nós temos que mandar nos políticos, eles é que tem de fazer o que a gente manda e não o inverso.
Vamos a luta companheiros.
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Autor: Mauro Gloria Junior
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