Muito além da teoria.



Quem nunca ouviu a frase “advogado que não lê está fadado ao fracasso”?
Durante muito tempo, essa premissa foi verdadeira, não só para o advogado, mas para todo o operador de direito.
Supunha-se, que seria um bom profissional do direito, aqueles que gostassem de ler e fossem comunicativos. Entretanto, com o passar do tempo, percebeu-se que isso nem sempre é verdade.
Sem dúvida, o gosto pela leitura e a desinibição ajudam, e muito, porém não é apenas de livros que se faz um bom jurista. Afinal, não podemos deixar de considerar que, assim como a sociedade e o Direito, o estudante também tem que evoluir.
Ler apenas, já não é suficiente. Falar muito menos. É preciso viver o Direito.
O acadêmico de Direito tem que saber, desde o princípio, que o mundo jurídico está muito além da sala de aula, dos livros, dos Fóruns, Tribunais e escritórios. Que o Direito precisa ser dilatado, vivido e praticado, ainda na faculdade.
Para ser um bom profissional, não basta assistir aulas teóricas e passar horas a fio na mais árdua leitura. Na sociedade atual, um verdadeiro operador do direito, tem que ser muito mais realista do que codicista, tem que conhecer tão bem as mazelas de sua sociedade, seu governo, sua política, quanto suas doutrinas, jurisprudências e códigos. Será um bom operador do direito, aquele que puder abrir os olhos ainda cedo, não se deixando render ao analfabetismo político, à ignorância social e alienação cultural.
Práticas como: Congressos Jurídicos, Seminários, Simpósios, elaboração de artigos, jornais, revistas jurídicas, grupos de estudos e etc., ainda são vistas com um certo desprezo pelos acadêmicos. São poucos os que realmente se interessam, que conseguem perceber o reflexo que seu engajamento tem e terá em sua vida profissional, e, acima de tudo, em sua vida pessoal, em seu caráter.
O acadêmico do futuro não pode calar-se, se omitir diante da vida real, não pode, simplesmente abster-se de participar por mera eleição, comodismo ou indolência. Tem que ter iniciativa. Não podemos mais formar profissionais medíocres.
A prática acadêmica acabará por se tornar um filtro, um divisor de águas, separando os bons dos maus profissionais. E seus reflexos serão sentidos por toda a sociedade.
Afinal, como dito anteriormente, o Direito é mutável, pois tem que acompanhar a mutabilidade da sociedade, e o acadêmico (e o professor) de Direito precisa aprender a evoluir, crescer com ele.
E essa evolução quer dizer aprender, ainda na academia, a viver o Direito dia a dia.
Aprender, na prática, a senti-lo quando preciso, vê-lo quando possível, amá-lo sempre e repudia-lo quando necessário.
O segredo para se tornar um bom profissional está muito além da teoria.

Aline de Freitas Queiroz Louzich, graduada em Direito pela Universidade de Cuiabá, atualmente é Professora das Disciplinas de Direito Civil, Ética e Direito do Consumidor, para o curso de Direito na Faculdade de Colíder – FACIDER.
Autor: Aline de Freitas Queiroz Louzich


Artigos Relacionados


A Ética Do Estudante De Direito - Uma Abordagem CrÍtica

Garantias No Direito Do Trabalho

O Cdc Depende De Você! (os 18 Anos Do Código De Defesa Do Consumidor)

Exercício Advocatício

O ExercÍcio Da Advocacia E A Ética Profissional

O Educador E O Jurista

Funções Sociais Do Direito Na Perspectiva De Lon Fuller