Auguste Rodin, Moderno E Contemporâneo



O francês Auguste Rodin (1840-1917) revolucionou a escultura no século 20. Desenvolveu um estilo próprio e inovador, baseado nos modelos vivos. Seus trabalhos se distinguem pela força, liberdade e um realismo pleno, estonteante, no qual se confrontam a aflição, a fraqueza moral, a paixão e a beleza humana. Impressionista e moderno, a combinação perfeita para o último grande mestre da escultura.

Rodin começou a estudar artes decorativas com 14 anos.Não seguindo os padrões rígidos das academias, teve um início difícil. Seus trabalhos foram rejeitados várias vezes pela Escola de Belas Artes de Paris, França. Em 1862, traumatizado com a morte da irmã Marie, incorpora-se à ordem do Santíssimo Sacramento. Entretanto, os superiores reconhecendo seus talentos, aconselham-no a seguir a carreira de artista. O seu destino não era a batina, a alma ou o divino - uma vida de devoção, linear e rígida -, e, sim, algo humano, livre, duro, bruto, concreto e maleável: o mundo dos contrastes, da criação e modelações de corpos em mármore e bronze.

Seu primeiro trabalho importante foi A Idade de Bronze, muito criticada pelo seu extremo naturalismo. Em 1864, conhece Rose Beuret, sua primeira modelo e companheira. No mesmo ano submete ao Salão de Paris a escultura Homem com o Nariz Quebrado. É recusada. Meses depois o trabalho é aceito com o título Um Romano.

Em 1875 viaja a pé para a Itália. Os trabalhos de Michelangelo causam uma forte impressão em seu espírito poético e sedento de novas formas. A partir daí, Rodin começa a sua fase mais criativa. Finaliza três trabalhos importantes: A Idade de Bronze, O Homem que Anda e o Homem de Bronze (exposta no Salão de Paris de 1877), causando um profundo escândalo, pois os críticos não poderiam acreditar que Rodin não tivesse usado um modelo vivo para criar um trabalho tão realista e original.

Esta controvérsia trouxe fama para Rodin nos meios parisienses. Coincide com o período das encomendas. Uma delas, trouxe-lhe a glória, a escultura A Porta do Inferno (tendo Camille Claudel como modelo): uma porta de bronze para o comitê que instalará o futuro Museu de Artes Decorativas. Camille Claudel foi à única mulher entre os discípulos de Rodin, com a qual manteve um conturbado relacionamento por 15 anos (1883-1898). Com 19 anos, Camille se torna seu modelo principal. Com ela vive um amor intenso, inicialmente, às escondidas no seu ateliê, e depois tornado público, apesar da revolta da legítima mulher, Rose Beuret.

Em 1884, a comissão encomenda mais um trabalho: O Burguês de Calais. Realiza em 1889, em Berlim, uma exposição conjunta com Monet – um dos participantes do famoso vernissage de abril de 1874, ato de criação da vanguarda impressionista -, contribuindo para a aceitação do impressionismo fora da França. Os dois artistas sempre deixaram claro em suas célebres obras a aparência de esboço e falta de acabamento, uma das características fundamentais dos impressionistas, tão desdenhada pelos críticos da época, preferindo deixar qualquer interpretação a mais para a imaginação inquieta dos espectadores.

Rodin tinha uma excentricidade bem peculiar: buscando a plenitude das formas e seu movimento, não se preocupava com os prazos recebidos para a entrega das encomendas. Foi muito repreendido por isto. Entretanto, diante da originalidade do criador em suas esculturas, tais como, O Pensador, O Beijo, O Toalete de Vênus, O Ídolo Feminino, A Danaide, As Sereias, O Menino Prodígio e O Ídolo Eterno, o artista genial foi reconhecido pela crítica e público. No ano de 1900, Rodin era considerado o maior escultor vivo do mundo.

Também demonstrou interesse pela coreografia. A sua escultura Movimento de Dança é considerada pelos historiadores das artes plástica um dos seus melhores trabalhos.

Em 1916, quando Rodin tinha 76 anos, deu ao governo francês a coleção inteira de seus trabalhos, esculturas, objetos e quadros adquiridos de outros artistas em troca da instalação do Museu Rodin no Hotel Biron, os quais estão colocados até hoje na mesma disposição como Rodin os colocou.

Rodin morreu em 1917, e foi enterrado em Meudon, França. Apontado pelos estudiosos como o último grande mestre da escultura, e tendo a liberdade como fonte inesgotável para as infinitas possibilidades criativas faz de Rodin um ponto de referência fundamental na arte moderna e contemporânea.

Artes contemporâneas que cada vez mais utilizam o espaço público e aberto, como o centro por excelência da escultura. A ênfase agora está em evidenciar uma nova condição urbana e democrática no processo de ocupação e interação das pessoas com o ambiente e as obras de artes. Uma arte universal, endereçada ao olhar, ao pensamento, às emoções e sensibilidade dos transeuntes, viajantes e passageiros.


Autor: José Aloise Bahia


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