DEMOCRACIA IDEAL
Governo do povo, pelo povo e para o povo. Esta é a democracia elementar, recheio dos discursos demagógicos e da hipocrisia milenar inerente aos detentores do poder político, financiados pelos detentores do poder econômico, que usam e dispõe da coisa pública, como se fossem suas propriedades particulares, salvo exceções honrosas que não podemos desconsiderar.
Se todo o poder realmente emanasse do povo, não haveria o abismo social que assistimos nas ruas, com uma brutal e selvagem distribuição do produto interno bruto da maioria das nações do mundo, como se a dignidade da pessoa humana fosse diretamente proporcional ao seu saldo bancário.
A verdadeira democracia não se contenta apenas em ser uma mera liberdade de opinião. A democracia se materializa e se otimiza no real atendimento ao princípio da IGUALDADE, que constitui o seu signo fundamental. Sobretudo igualdade de tratamento e de oportunidades.
Na realidade nua e crua, a democracia, quando desconsidera a igualdade, atendo-se simplesmente à liberdade, não passa de mero jogo de palavras, para justificar o uso descarado da coisa pública e a colocação do Estado politicamente organizado a serviço de uns poucos em detrimento da maioria de um povo, que é manipulado e explorado pela tríade: Estado, Mídia e Capital, numa relação promíscua de interesses mesquinhos, cujo único combustível é o amor ao dinheiro e que começou junto com a criação do primeiro Governo Político da humanidade.
Política é a função do homem público de trabalhar em prol do interesse social, enquanto politicagem é o trabalho em prol de interesses mesquinhos.
Grande parte das fortunas existentes é derivada do Estado. Compram-se empresas, montam-se negócios e ganham-se milhões, sem tirar uma só moeda do próprio bolso. Tudo isso financiado por empréstimos oficiais, que dependem diretamente do apadrinhamento político de quem os pleiteia, ficando a negativa do financiamento, por conta do não atendimento da burocracia necessária, que é exigida para a efetivação de tais empreendimentos, entre outras tantas modalidades encontradas.
São um jogo de informações privilegiadas, que garantem benesses de toda espécie, entre cargos e favores, como se bastasse estar no lugar certo, na hora exata, para se vestir a fantasia de empresário bem-sucedido, ou de executivo competente do mais alto nível social.
Quanto mais observamos o jogo sujo da politicagem mundial e os escândalos rotineiros que nunca dão em nada; mais nos convencemos de que, lamentavelmente, a DEMOCRACIA IDEAL parece ser mesmo um sonho utópico. O Estado sempre esteve e sempre estará sujeito à apropriação egoísta e pouco altruísta daqueles que assumem o poder, ressaltando sempre que o poder não é capaz de corromper ninguém; mas revela sim, de uma maneira visceral, a natureza de todos que o detêm.
Autor: Marcelo Lyra de Almeida
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