CONTROLE DE INSETOS VETORES PATOGENICOS AO HOMEM



*BIA LOPES

A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE-OMS, em sua publicação Space spray application of insecticides for vector and public health pest control, (Aplicação de inseticidas para controle de vetores patogênicos à Saúde Pública), determina o uso do Ultra Baixo Volume-UBV (ou fumacê) bem como explica a maneira e os cuidados na aplicação do inseticida e a necessidade do uso em alguns casos sendo este um método rápido de controle em emergência ou situações de epidemia e pode ser usados para controle de insetos vetores.
RESISTÊNCIA A INSETICIDAS
Aplicado o inseticida adequado, da forma correta irá eliminar o inseto. Mosquicidas, raticidas ou carrapaticidas não são indicados para eliminar mosquitos. Conhecendo o ciclo de desenvolvimento do inseto sabemos que todo aquele mosquito adulto que estiver no raio de aplicação do Ultra Baixo Volume (fumacê) será eliminado. Mas os ovos, larvas e pupas, nos múltiplos criadouros espalhados pela cidade, em terrenos baldios onde o lixo que se acumula, que vai de velhos sofás a carcaças de fogões e geladeiras, milhares destes insetos eclodem diariamente e saem em busca de sangue e muitos voltam ao próprio local onde nasceram para depositar de 180 a mais ovos, cada fêmea. Este processo é rápido envolve de uma semana a dez dias. Insetos marcados em laboratório para rastreamento de distancia de vôo já atingiram 1.200 metros, podendo ainda ir mais longe.
Se o fumacê for aplicado aleatoriamente, não haverá resistência ao veneno e sim o surgimento de novos mosquitos não eliminados (são os que nascem após a aplicação do inseticida e devido a isto que a aplicação deverá ser realizada em intervalos regulares até a eliminação destes vetores.
CAPACITAÇÃO E TREINAMENTO DE FUNCIONARIOS
As exigências para o manejo, o preparo e manuseio de inseticidas são de fundamental importância: Luvas, óculos de proteção, mascara respiratória, (que deve ter seu filtro trocado periodicamente, devido serem micro gotinhas podem facilmente ser inaladas durante o preparo e a aplicação), protetores auditivos são também indicados devido ao ruído durante a aplicação. Estas orientações fazem parte da publicação da OMS-Organização Mundial de Saúde, basta traduzir e ler. Já houve acidentes com inseticidas em função do não cumprimento das normas técnicas ou uso inadequado do inseticida (funcionários usaram o veneno de forma abundante, para lavar paredes, sendo que a aplicação correta é no aparelho que distribui micro gotículas) e neste casos alguns foram a óbito e outro ficaram com graves seqüelas.
Durante os anos que a SUCAN aplicava o fumacê a redução de insetos nocivos era percebida pela população, que ficava livre da espoliação e vetoração de patologias.
A população preocupada e buscando proteger sua família compra “sprays” de inseticidas e utiliza, colocando em risco a saúde de bebês, por exemplo, recordo a jovem mão aplicando generosamente um determinado inseticida no quarto do bebê e quando questionei sobre o perigo para a saúde da criança ela ponderou “ah, este não faz mal, não tem nem cheiro”, ignorando que o cheiro é adicionado, muitas vezes para servir de alerta, no gás de cozinha, por exemplo.
OS SINAIS DE INICIO DE UMA EPIDEMIA
O inicio de uma epidemia é sempre representado por casos ocorrendo em diversos locais da cidade, lamentavelmente muitos sequer buscam atendimento medico, e os que procuram atendimento não são, na grande maioria, encaminhados para sorologias. E sem comprovação laboratorial os dados ficam truncados. Em entrevistas com a população uma das perguntas é:
“Você já teve dengue?” a resposta na maioria das vezes é “não”. A segunda pergunta é: “e virose?” “ah, virose sim...O médico disse que era virose”...Aliás, esta definição médica para toda doença febril representa, para mim, um atestado de burrice...
Autor: Beatriz Antonieta Lopes


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