DOENÇAS DE JECA TATU CHEGAM A BRASÍLIA



*Bia Lopes



Notícia divulgada pela Sociedade Brasileira de Parasitologia e o Estadão mostra o avanço da Leishmaniose em Brasília-DF., e não na área “pobre” mas na chamada zona norte, local considerado de classe média alta, se destacando a repetição do erro: a preocupação em eliminar os cães e não os mosquitos!
“Para combater a leishmaniose visceral, é preciso eliminar o inseto transmissor, conhecido como mosquito-palha ou birigui, e adotar medidas ambientais”, diz a veterinária Maria Isabel Rao Bofill, da Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, trata-se de “um fenômeno grave” afirma ela, e necessita da colaboração de todos, no combate ao vetor.
Centenas de cães são sacrificados e milhares de mosquitos se espalham reproduzindo-se rapidamente, de forma descontrolada, e a falta de medidas eficazes na eliminação dos vetores deixa animais e população sob grave risco.
Quanto à eliminação de cães infectados para prevenir a doença, diz Maria Isabel: “No caso da leishmaniose há um complicador: cachorro contaminado tem de ser sacrificado porque é um reservatório do protozoário e, se picado pelo mosquito, há fácil transmissão para o homem”. Ao que, eu, pergunto: e as pessoas infectadas deverão também ser eliminadas? Ora, ora! Eliminem o vetor! Sem vetor não há a doença. Fácil de resolver... Basta querer!
Doenças negligenciadas tanto pelo governo como pela indústria de medicamentos e por que não dizer (?) devido à falta de apoio, nem a pesquisa científica se interessa muito em se envolver pesquisando velhas mazelas que estão retornando.
O mais grave é que este retorno está sendo bastante rápido devido à facilidade de introdução dos vetores que, sem um combate efetivo, se reproduzem de forma alarmante.
A DENGUE, vinte anos atrás, estava presente em poucos estados, mas, hoje, se espalhou por quase todo Brasil e faz milhares de vítimas anualmente.
Falhas e erros de avaliação nos programas de controle permitiram a introdução de outros insetos patogênicos: o Flebótomo, causador da Leishmaniose (principalmente a visceral, forma mais grave da doença), está presente em vários estados onde a falta de controle vetorial propicia sua reprodução e faz aumentar o número de casos e óbitos.
O Brasil ostenta o título de líder mundial em hanseníase, tem mais de 500 mil casos de malária, possui um elevado número de portadores da Doença de Chagas (causada pelo Triatoma infestans, conhecido vulgarmente por Barbeiro) e é um dos cinco países com maior quantidade de portadores de Leishmaniose.
O médico Carlos Morel, ex-diretor do Programa de Doenças Tropicais da Organização Mundial de Saúde (OMS), afirma:” O Brasil está anos-luz na frente dos países da África, mas também é reconhecido mundialmente pela desigualdade e negligência com a saúde”.
Os dados constantes não são totalmente confiáveis e o número de casos destas doenças pode ser bem mais elevado, pois muitos dos casos só são identificados quando vem o óbito.
Os insetos vetores vivem nas matas e matagais, que, hoje, estão sendo erradicados de forma descontrolada devido ao crescimento urbano desordenado, à falta de saneamento básico; grande parte da população brasileira não tem acesso ao esgoto ou fossa séptica. A coleta e destinação do lixo deixam muito a desejar, pois os chamados “lixões” a céu aberto, são focos de proliferação dos mais diferentes tipos de vetores nocivos ao homem.
Um triste exemplo observado é o Hospital Regional, que, na rua em frente, escorre há mais ou menos 8 anos, um caldo verde, podre, onde baratas, formigas, moscas e mosquitos pousam (ou andam) e, depois, circulam livremente pelo hospital, funcionando como vetores mecânicos de uma centena de patologias bacterianas.
Saúde se faz prevenindo, não deixando a doença se instalar. Qual a situação de um paciente cirúrgico, um acidentado, adquirindo uma infecção provocada pelo descaso da Saúde Pública?
Enfim, são atitudes muitas vezes simples e objetivas, que garantem a saúde da população.
Autor: Beatriz Antonieta Lopes


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