E o professor do século XXI?



Iniciarei este artigo de opinião com uma pergunta simples: como estão os professores do século XXI?
Quem está acostumado a conviver com esse profissional, percebe que existe certa indignação ou até mesmo uma frustração coletiva. Antigamente a sala de aula era um lugar em que o professor se afirmava. Entre aluno e professor havia um intercâmbio intenso, rico, que por si só gratificava o professor. Hoje, os professores entram em sala apreensivos. Lá não é mais o lugar onde é possível provar o próprio valor, crescer, dando aos alunos a resposta que esperam. Mas existem diversas reações e muitos professores encaram esta realidade com diferentes visões. “O que é isso pessoal? Está tudo jóia!” dizem alguns professores satisfeitos (ou desesperados?). Os preocupados falam que “o nível piora a cada ano!” e/ou “não consigo mais ensinar”. Muitos se questionam: “por que essa chateação toda? Essas reprovações? esses fracassos?...”, refletem: “de quem é a culpa? Nossa? Dos alunos? Dos programas?”. Outros acusam: “as turmas são grandes demais!”, “os programas pedagógicos sobrecarregam todo mundo!”, “ninguém agüenta mais tanta burocracia!”. Existem os professores que se sentem culpados e perguntam-se “o que foi que eu fiz? Por que ninguém quer me ouvir? Vai ver que eu realmente não dou pra ser professora”. Para alguns a situação está intolerável: “é muito Waterloo pra um só Napoleão!” e muitos que tentam mudar esbarram em obstáculos de todo o tipo: oposição de pais, colegas, diretores...
Na visão do próprio professor, o que está sendo exigindo dele atualmente não tem nenhum sentido. Já não é possível se ensinar como se ensinava há 20 anos. As faltas freqüentes dos professores são mais um sintoma do mal-estar gerado pela obrigação de ter de enfrentar as salas de aula. Trata-se de uma reação de fuga. Segundo os médicos, certas doenças profissionais não são outra coisa, senão defesas inconscientes contra uma profissão cada dia mais difícil de ser exercida. Percebemos,também, entre os educadores, a existência de uma idéia fixa na possibilidade de mudar de profissão ou mesmo na contagem regressiva para os 12 anos, 4 meses e 29 dias para a aposentadoria.
Não nos avisaram que o nosso trabalho mudou de função nas últimas décadas. Permanecemos isolados dentro de quatro paredes, enquanto lá fora tudo mudava: a sociedade, a vida, os valores, os alunos e nós também. Continuamos a exercer a profissão dentro de regras e estruturas concebidas para um outro tempo. Não dá mais. Nem para nós, nem para os alunos. Claro que se tentam experiências novas. Muda-se a posição das carteiras, coloca-se a mesa ao fundo, enfeitam-se as paredes com gravuras, cartazes. Melhora-se a fachada. Mas os alunos rebeldes, desinteressados, ignorantes continuam sendo passíveis de seleção social.
E como estão os professores do século XXI? Cansados.
Autor: Maiko Cesar Menassa Silva


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