Emoção ou Prazer e Significado: é o Que Queremos da Vida
À medida que crescemos, porém, aprendemos a “nos vender” em troca de atenção, amor, dinheiro (trabalho) e tranqüilidade. Nos é negada uma explicação para nossas perguntas até que desistimos de procurar por significado e nos entregamos à “normalidade”.
Temos que ser sérios, razoáveis, aceitáveis, empregáveis. Aprendemos que para tanto, precisamos seguir as regras do jogo, independentemente destas regras machucarem nossa auto-estima ou contrariarem nossos valores e princípios, roubando nosso direito de sermos autênticos. Não estamos nos referindo somente às regras sociais ou profissionais.
Já em nossos primeiros anos de vida somos expostos ao “jogo” da troca. Nossos pais
trocam amor e carinho por obediência e bom comportamento. Já desde cedo aprendemos que amor é condicional – se não fizermos o que aqueles que amamos querem, eles deixarão de nos amar – é claro que em casos de pais e filhos, os pais não deixarão realmente de amar seus filhos se estes não forem obedientes, mas ao jogarem o jogo da troca, é esta a mensagem que ficará gravada no subconsciente da criança.
Mais tarde na vida, nós começamos a aprender que precisamos trocar nosso tempo e esforço por dinheiro para que possamos nos sustentar. Sem sentido, sem razão, sem valor, apenas as regras do jogo.
Temos que ir pra escola para conseguirmos um pedaço de papel que prova para outras pessoas o quanto nós valemos em termos de força de trabalho. Supostamente quem tem muitos papéis merece ganhar mais, quem não tem papel nenhum não merece ganhar muito.
Por dentro, entretanto, nós ainda somos aquela criança que deseja profundamente emoção e sentido. Apesar de termos nos aquietado por menos para assegurar nosso lugar no mundo sem sermos chamados de esquisitos, perdedores ou inadequados, nós ainda queremos a mesma coisa.
Emoção e significado é o que nós chamamos de felicidade. Se você lembrar dos momentos felizes em sua vida, você poderá identificar estes dois elementos presentes. Você estava se sentindo vivo, estava sentindo grandes emoções e a experiência tinha significado para você.
O maior problema ao associar metas e desejos com felicidade é que não há garantia alguma de que nossas conquistas produziram momentos felizes, também não é possível saber o quanto esta felicidade durará.
Adotar este comportamento, entretanto, buscando “momentos felizes” é como apoiar a escada na parede errada. Apesar de ser nossa natureza buscar emoção e significado, as “cobranças do dia-a-dia” fazem com nossas necessidades falem mais alto e se imponham entre nós e nossa satisfação. O que provoca insatisfação não são as conquistas em si, que supostamente não mais “nos fazem felizes”, mas nossos problemas íntimos, nossa dificuldade em lidar com problemas, adversidades, incertezas e limitações.
Felicidade não são estes momentos, apesar de nos referirmos a eles como tal. Felicidade e alegria não são sinônimos.
Alegria é uma emoção. Felicidade é uma postura mental. Ela não pode ser conquistada no tempo, através de “coisas”, pessoas ou conquistas, independentemente de serem materiais ou não. A felicidade real não é o que procuramos através de nossas ações. Nós temos este desejo profundo de sentirmos uma paz permanente, mas o que buscamos não é paz, é alegria. Estamos apoiando a escada na parede errada e nos frustramos cada vez que chegamos ao topo e nos damos conta de que não encontramos o que estávamos procurando. Enquanto estivermos buscando “momentos alegres”, seremos escravos da efemeridade da vida, escravos do tempo.
Quando associamos felicidade com qualquer coisa no futuro, duas coisas podem acontecer: passaremos a vida inteira buscando algo sem nos darmos conta da passagem do tempo. Hoje é o amanhã de ontem, mas não percebemos o truque do tempo e continuamos a falar sobre o futuro como se a felicidade ainda estivesse ali adiante. Ou ficaremos desapontados ao alcançarmos o que queríamos, pois as emoções que esperávamos sentir não estão lá, ou duraram muito pouco. Enquanto isso, nós silenciosamente desejamos aquele sentimento de paz profunda, a real felicidade, mas como temos dificuldade de interpretar o que é esta vontade, nos dedicamos a buscar emoções.
Autor: Sandra Regina da Luz Inácio
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