O papel social do educador-historiador



O PAPEL SOCIAL DO EDUCADOR-HISTORIADOR

Professor Thiago Luiz M. de Oliveira
Cursando o 8º período do curso de História no UNI BH, professor do ensino fundamental II no Colégio Abgar Renault, autor do capítulo 11 “Consumo consciente” do livro Gestão do trabalho com projetos educacionais: a experiência da equipe do colégio Abgar Renault.


A sociedade atual encontra-se em profunda crise que nos remete a pensar nossos valores e atitudes. Nesse contexto incerto, o papel do professor é fundamental, por isso novos recursos e atitudes didático-pedagógicos necessitam ser pensados. O professor pode de História ascender à sociedade usando o ensino como instrumento de luta e transformação social, levando os alunos a uma consciência crítica que supere o senso comum para que possam não somente ver os acontecimentos, mas enxergá-los de maneira mais crítica e reflexiva.
Nessa perspectiva, entende-se que as crianças, de posse de um saber mais elaborado, poderão ter condições de se protegerem contra a opressão e a exploração das classes dominantes, organizando-se para a construção de uma sociedade melhor, menos excludente e realmente democrática.
Não se pode esperar que uma sociedade mais justa brote naturalmente, mas por meio da educação que caminhe com a prática política do povo. Sendo assim, o professor-historiador assume um papel, sobretudo político e social. Professores e professoras precisam encorajar-se social e politicamente, percebendo as possibilidades da ação social e cultural, na luta pela transformação das estruturas opressivas da sociedade brasileira. Para isso, é necessário que conheçam a sociedade em que vivem e atuam em nível social, econômico e cultural de seus alunos e alunas.
Os professores de História, principais sujeitos informantes deste trabalho, devem trabalhar a partir da consciência de que não há conhecimento absoluto, pois tudo está em constante transformação. Dessa forma não há saber nem ignorância absoluta, e sim uma relativização do saber ou da ignorância. Por isso, os professores não podem se colocar na posição de seres superiores, que transmitem o conhecimento a um grupo de ignorantes, mas sim adotar uma postura humilde, daqueles que comunicam um saber relativo a outros que são portadores de outros saberes relativos. Outra convicção a que os professores não podem se furtar é a de não se confundir informação com educação, pois para transmitir informação estão à mão jornais e revistas, televisão e internet.
Costumeiramente credenciamos características próprias de determinado profissional quanto a sua conduta e responsabilidade social. Como profissional da educação, quero estabelecer um debate acerca de aspectos que considero essenciais para o professor de História: o comprometimento com a educação, a prática da leitura e da escrita.
O educador-historiador trás consigo um grande número de responsabilidades diante de uma educação de qualidade, muito mais libertária e crítica, do que de conteúdo e disciplinadora. Um ensino que coloca os alunos diante de mestres mal preparados leva à submissão e à diminuição da liberdade de agir e pensar por si mesmo. Ou seja, a “grande arma” do educador-historiador é desenvolver nos estudantes o pensamento crítico e a capacidade de reagir diante das contradições da sociedade em que vivemos.
No entanto, essa proposta educativa não será possível se o professor de história não estiver imbuído do espírito da leitura e da escrita. Ele estará sendo hipócrita, enganando a si e ao corpo discente, exigindo que os mesmos leiam e escrevam, sendo que ele próprio não os faz pratica. O profissional da História precisa indicar e citar livros, autores, confeccionar textos transpostos didaticamente a partir de suas experiências próprias. Ação essa que certamente irá estimular os alunos, alimentará a auto-estima e a confiança do professor, além de tornar a atividade profissional dinâmica e empolgante.
A formação do educador-historiador não se restringe apenas à sua área de atuação, abrange também campos diversos do conhecimento como Sociologia, Filosofia, Ciências Sociais, etc. A formação do profissional da História não deve ser considerada somente pelo curso de graduação, mas deve ser pensada de forma continuada para que ele garanta uma constante atualização teórica e prática refletindo na formação dos alunos.
Uma ótima maneira para que o profissional da educação – nesse caso específico o professor de História – tem para desenvolver seu trabalho de uma maneira mais atual, é se baseando na comunicação que deve desenvolver junto a seus alunos. A comunicação em sala de aula não deve apenas reproduzir expressões ou ideologias, mas sim técnicas que proporcionem aos alunos a possibilidade de se perceberem enquanto indivíduos pensantes capazes produzir e questionar.
É necessário que o professor-historiador conheça ao máximo a realidade de cada um de seus alunos para que possa desenvolver e utilizar ferramentas que reduzam a defasagem no aprendizado e o “abismo” que separa professores e alunos. Dentre essas ferramentas, a comunicação colabora, de forma acentuada, para que professores e alunos consigam conviver dentro da sala de aula de forma “harmônica”. Durante sua formação o contato que professores de História têm com outros campos do conhecimento devem ser utilizados como instrumentos para transformar a coexistência na sala de aula em algo prazeroso.
Ensinar História é explicitar aos alunos a razão de ser de sua disciplina para responder perguntas “inocentes”. Para atender aos anseios dos alunos é necessário que professores busquem novas maneiras de lidar com a disciplina e seu ensino.
Os professores de História devem reorganizar novas maneiras de se estudar a história e ensinar, fazendo com que o aluno não complete o edifício do conhecimento como algo já pronto, mas sim ensinar-lhes a construir seu próprio edifício. O aluno ou a criança deve ser ensinada a edificar seu próprio ponto de vista, o que não significa ensinar soluções, nem significa dar explicações sobre como e por que se chegou a uma determinada conclusão. Ensinar a construir o próprio ponto de vista, significa colaborar para que o aluno construa conceitos e aplique-os nas situações do cotidiano, significa ensinar a solucionar, relacionar, interpretar as informações sobre o momento estudado para se chegar a um maior nível de entendimento do mundo. Significa por fim, dar-lhes condições para que possam perceber-se o máximo possível como cidadãos detentores de direitos e deveres membros de uma sociedade. É papel social do professor de História munir os alunos de instrumentos para libertação.
Autor: Thiago Luiz Marciano de Oliveira


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