Tempos muito modernos



Se Charles Chaplin resolvesse regravar hoje um de seus clássicos, com certeza o batizaria Tempos Muito Modernos.

Continuaria o protagonista, hoje um “workaholic”, preso nos meandros de um sistema produtivo alucinante que na ânsia da sua reprodução apropria-se do tempo e das vidas das pessoas, fato que hoje ocorre em proporção muito maior que em seu clássico. Afinal, não há como duvidar que hoje trabalhamos mais horas e com uma produtividade/hora incrivelmente superior às do passado.

A tecnologia ao facilitar os processos permitiu realizá-los em maior quantidade por unidade de tempo. A portabilidade das informações e documentos nos compelem a levá-los para casa e adiantar os procedimentos na dupla fase da nossa jornada. Isso sem considerar o esforço adicional dos MBAs e pós-graduações na ordem do dia que invadem nossa privacidade atingindo a já bastante comprometida vida familiar e afetiva. Premissas dos tempos muito modernos...

Cerca de 70% dos profissionais empregados nos “tempos muito modernos” estão se dedicando a uma outra atividade que não a de sua formação acadêmica, em uma época onde existe trabalho, mas, falta emprego. Fatores como terceirizações, leis trabalhistas pra lá de anacrônicas e as particularidades de um mundo onde as relações tendem a ser mais entre CNPJs que entre CPFs, transferem o emprego da esfera da demanda para a oferta, ou seja, institucionalizam a oferta de competências, talentos, conhecimentos.

Nada disso surpreendeu aos profissionais de RH que participaram diretamente da preconização desta época por estarem efetivamente ligados pela leitura e participação em eventos onde os cenários e as tendências das relações humanas e suas correlações com o universo corporativo e social são sempre amplamente discutidas.

Todas as mudanças que ocorreram no mundo recente tornarão cada vez mais significativo o papel do RH na era atual. As grandes questões com relação ao emprego não serão discutidas pelas políticas públicas, mas pelas privadas, que terão o desafio de encontrar uma maneira de sincronizar os anseios da alma humana pela auto-realização com os da máquina produtiva e sua perpetuação e crescimento. A tecnologia faz pelo mundo uma nova ”revolução industrial”, com a diferença que as anteriores retiravam do trabalhador seus meios de produção e a atual depende fundamentalmente dos trabalhadores do conhecimento, de algo que não lhes pode ser tirado sem a falência do sistema. O poder começa lentamente a migrar de volta para as pessoas e seus talentos. De agora em diante, compreender que as pessoas são fundamentais não é apenas uma questão de humanismo empresarial, mas, de sobrevivência dos negócios.

Em um mundo onde falta emprego e onde o conhecimento torna-se principal força produtiva, talento é moeda forte! Cada trabalhador do conhecimento torna-se um empreendedor e um empresário de seu próprio capital intelectual. O futuro pertence ao melhores!

Carlos Hilsdorf
Considerado pelo mercado empresarial um dos 10 melhores palestrantes do Brasil. Economista, Pós-Graduado em Marketing pela FGV, consultor e pesquisador do comportamento humano. Palestrante do Congresso Mundial de Administração (Alemanha) e do Fórum Internacional de Administração (México). Autor do best seller Atitudes Vencedoras, apontado como uma das 5 melhores obras do gênero. Presença constante nos principais Congressos e Fóruns de Administração, RH, Liderança, Marketing e Vendas do país e da América Latina. Referência nacional em desenvolvimento humano.
www.carloshilsdorf.com.br
Autor: Carlos Hilsdorf


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