Faça Mais Do Que Apenas Não Reagir, Saiba Como Realmente Perdoar



Ao menos uma vez, penso que quase todos nós já vivemos um fato
curioso como este em nossa infância. Eu me refiro àquele fato em que, quando
as nossas mães são verbalmente fendidas; ficamos de crista arrepiada, e,
furiosos, saímos em seu socorro, lutamos com o xingador com extremada
fúria, como se as nossas mães estivessem sangrando pela ofensa sofrida.
Quando a bem da verdade, elas estavam seguras em nossa casa, totalmente
inconscientes da ofensa sofrida, tricotando ilesas; seguiam cantando
tranqüilas, enquanto aguardavam o pão assar.
Quando são ofendidos àqueles a quem amamos, saímos em seu socorro,
lutando como verdadeiros heróis, porque não levamos desaforo para casa.
Em verdade, no interior de cada coração humano, existe um pedestal,
um trono invisível, no qual, repetidamente, entronizamos alguém ou alguma
coisa, a quem dedicamos a nossa mais estimada consideração.
Esta sutil forma de adoração, é um ato inconsciente que quase sempre,
passa-nos despercebido. Este objeto de devoção e a quem devotamos, até,
uma quase que idolatria, acaba por reclamar a submissão da nossa vontade e
do nosso ser como um todo.
Ele age como uma potente mola mestra, que habita invisivelmente o
trono de cada coração humano, possuindo um poder tão grande de servilismo,
comparável apenas à nossa subserviência a Deus ou ao inimigo dEle.
É uma força de atração tão irresistível que leva-nos, até mesmo, a
submeter-lhe completamente a nossa vontade, fazendo-nos ajoelhar o coração
perante o seu altar de soberania.
É um fenômeno de difícil compreensão este sinistro processo;
comumente, faz-nos sentir como se a ofensa sofrida fora uma amada bandeira,
a ser desfraldada e protegida à custa de todo o nosso esforço e sacrifício, do
nosso suor e lágrimas de sangue.
Esse enganoso sentimento de abstrato patriotismo à justiça própria é,
em verdade, um inimigo voraz que disputa com Deus o trono do nosso
coração.
Ele está sempre a dissimular camuflado de zelo e de muitas outras
maneiras. No entanto este poderoso enigma pode ser desvendado por duas
palavras: EU PRÓPRIO!
Jesus disse: “ Quando te ferirem uma face do rosto, dá-lhe a outra. E,
mais: perdoa-lhes pelo menos quatrocentos e noventa vezes”; analisando
estas palavras, concluímos que; se nós desejamos realmente viver, na prática,
esses ensinos cristãos, urge identificar em nosso caráter, este foco infeccioso
chamado eu próprio, a fim de que Deus o possa subverter, despedaçando-o
sobre a Rocha que é Cristo.
O eu próprio é um mal terrível que está, firmemente arraigado no íntimo
de todos nós; mas, em verdade, ele não é um fruto originado no ser humano.
Ele é uma sutil hibridação surgida pela amalgamação do egoísmo com o
egocentrismo. Nasceu no coração de um majestoso anjo, que após este
estranho parto, se tornou o pai do eu próprio e o adversário de Deus.
Poderíamos chamar de eu próprio, o fruto dessa concepção enigmática
que reclama os aplausos e a subserviência de todo o nosso ser.
Talvez, pudéssemos considerá-lo como originário da fusão de dois
elementos; o desejo do primeiro lugar, mais a necessidade do reconhecimento
e dos aplausos.
Satanás originou o eu próprio quando resolveu colocar o seu trono acima
do trono de Deus. Depois, seduziu Adão e Eva a que assim também o
fizessem, buscando igualdade com o Criador e satisfizessem a sua própria
vontade desdenhando a vontade de Deus. Usando esta mesma artimanha para
com os nossos primeiros pais, satanás trouxe o eu próprio para dentro da
história humana,
Hoje, sem o saber, nós seguimos o mesmo rumo, uma vez que
inconscientemente passamos toda a nossa vida tentando satisfazer os nossos
desejos, que em verdade são os desejos, mas, os do eu próprio. De sorte, que
nós nem precisaríamos tê-lo herdado de Adão e Eva, pois nós mesmos o
conceberíamos como filho de uma grande prole, em cada ato ou pensamento,
toda vez que colocássemos a nossa vontade acima da vontade de Deus; e isso
se repete em nossa vida quase que a cada novo instante.
Sim amigo, quando você se sente irremediavelmente ferido lá no íntimo
da alma, por alguma verdadeira ou imaginária injustiça sofrida, saiba que o
verdadeiro ofendido não é você, mas, o eu próprio que não pode conviver com
nenhum tipo de resistência a sua soberana vontade, ele não suporta a idéia do
segundo lugar e muito menos dividir o trono do seu coração.
Se você realmente almeja destronar o eu próprio do seu coração e
vacinar-se contra esse sutil ídolo sem nome, o parafraseado conselho de Cristo
é: “ Quando te tomarem a capa e deres também a túnica, as dê limpas e
passadas”. – “ Quando te obrigarem andar uma milha e terminares de andar a
segunda, que ao andares tenhas carregado o teu ofensor às costas”. – “ E
quando te baterem no rosto, e deres a outra face; lembre-se: é preciso dar
também a outra face do coração”.
Isto significa dizer que, mais do que apenas aceitar a ofensa recebida
sem revidar, é preciso perdoar verdadeiramente o nosso ofensor, e ainda mais,
é preciso amá-lo de todo o nosso coração, apesar da injustiça sofrida; não
porque ele o mereça, mas, porque amamos Cristo, que o amando, sacrificouse
por ele também.
Autor: Fábio Cancela


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