Cotas nas Universidades - Demagogia ou Solução?



SISTEMA DE COTAS!


Muita discussão existe entre o governo e a população quando entra na pauta governamental a questão das cotas nas Universidades. Nossos “sábios e abnegados” líderes querem reafirmar a discriminação racial e social em lei. Como se o problema estivesse na ponta da linha, e não no começo do carretel.

Todos sabemos que a educação pública no Brasil é muito deficiente. Não que a particular seja boa, haja vista o nosso desempenho em organismos de medição internacionais, onde a qualidade da nossa educação torna-se risória quando comparada com os países mais desenvolvidos, ou até mesmo em relação a nossa irmã Argentina.

Porém, é de conhecimento geral que, via de regra, a educação pública é pior que a ministrada em colégios particulares. É fato notório que esse problema tem relação direta com os baixos salários, uma vez que todos os profissionais da educação procuram ascensão na carreira e reconhecimento salarial, e, dessa maneira, buscam trabalhar em escolas particulares que pagam mais, e dão melhores condições para o desempenho da profissão. Os que optam por trabalhar em escolas da rede pública, o fazem mais por caridade e amor ao próximo, pois os outros incentivos inexistem, além de estarem sujeitos a todo tipo de violência. Escola pública é sinônimo de educação deficiente, falta de meios de trabalho, falta de estrutura física para trabalhar, e falta de segurança para todos que ali estão, tanto para o professor, quanto para o aluno. Salvo raríssimas exceções.

Nesse meio público mais hostil, torna-se quase impossível ministrar uma boa educação e fornecer condições de igualdade de disputa no vestibular, ou em qualquer outra espécie de concurso intelectual, para esses alunos, quando comparados com alunos oriundos das classes mais abastadas, e que tenham estudado nas melhores escolas particulares. Por mais que os mestres se esforcem, faltam os meios educacionais mais variados. Deve-se a esse fato, os resultados das pesquisas que apontam a grande maioria de filhos de ricos nas universidades públicas, sobretudo nos cursos mais disputados, paradoxalmente restando para os pobres os cursos noturnos das faculdades particulares. A culpa não é da cor, mas sim do sistema, desde o seu início.

Além do mais, nosso governo gosta de apresentar resultados num prazo máximo de cinco anos. Rende mais votos realizar essa demagogia de cotas, do que mudar um sistema, que além de demorar mais tempo, necessitaria de mais recursos. Além de dar a “oportunidade” de outro governante “colher os louros da vitória”. Então, nossos políticos se preocupam mais em estar na mídia, embaixo dos holofotes, lutando por causas demagógicas, que pensar na solução mais adequada e concreta ao caso. Utilizar as cotas tendo por base a cor da pele, ou a escola em que o aluno estudou, é uma discriminação também. Discriminação inversa! Num momento onde todos lutam por um mundo mais justo e igual, é incompreensível lutar pela igualdade baseando-se nesses valores. Mesmo aqueles que defendem as cotas, têm consciência que essa é apenas uma solução paliativa e oportunista.

A reforma deve ser completa no nosso sistema educacional falido. Basta observarmos o exemplo de países que já passaram por esse processo. Desconheço algum que tenha adotado o sistema de cotas raciais ou sociais, e que tenha dado certo, gerando igualdade e justiça. Porém, todas as nações que priorizaram a educação com investimentos e incentivos governamentais, apresentaram resultados expressivos na melhora do desempenho geral dos seus alunos nas pesquisas internacionais. Mesmo com cotas disso e daquilo, qual governante colocará seus filhos para estudar em escolas públicas, uma vez que o problema “será resolvido” no ingresso universitário? Afinal, segundo eles, as desigualdades serão sanadas... Estaremos diante de um exemplo de democracia... Será que veremos filhos de “ricos democráticos” estudando em escolas públicas?

Espero que tanto governo quanto população entendam a humilde visão defendida neste texto. Não sou totalmente contra as cotas. Elas podem ser adotadas enquanto as escolas públicas não atingirem às condições fornecidas pelas escolas particulares. Com prazo estipulado e sistemas comparativos de desempenho entre as escolas, definidos. Mas essa decisão de cotas jamais deverá ser definitiva, uma vez que isso seria a consagração da discriminação, além da manutenção do problema básico. O governo deve repensar o sistema educacional e lutar pela melhora da educação pública desde a sua base. E isso somente se faz com verbas, com incentivos diversos, com melhores salários, com planos de carreira motivacionais, levando em conta o desempenho dos alunos e dos professores, através de organismos públicos de controle, concretos e verdadeiros. Um povo mais justo, consciente, e honesto, somente se desenvolve com uma boa educação, tradicional e moral. Somente dessa maneira estaremos garantindo a igualdade de disputa que tanto queremos, e instalaremos a justiça nas bases sólidas que formam os valores da nossa Nação. E, finalmente, o Artigo 5º da Constituição Federal deixará de ser letra morta nas nossas relações sociais.
Autor: Víctor Lückemeyer Machado Carrion


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