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É certo o que dizem os críticos que o Brasil deveria ter optado por outro padrão, fosse o americano ou o europeu, que são mais baratos do que o japonês, que foi a escolha do país? A escolha brasileira é um exemplo positivo ou negativo para os outros países da América Latina e países em desenvolvimento?

Embora os custos relativos das tecnologias européia e americanas fossem menores em curto-prazo, há diferenças culturais e estratégicas que tornariam esse custo mais alto em longo-prazo.

A divergência entre os padrões americano e japonês é tecnológico, pois o primeiro padrão se baseia fortemente no cabo como meio de distribuição do sinal (vale lembrar que a rede americana começou a ser implantada na década de 50), enquanto o segundo padrão se baseia no sinal captável por antenas, em especial as antenas 'rabo-de-peixe', como são conhecidas aquelas tradicionais antenas de metal armado. No Brasil o cabo atinge uma parcela ínfima da população (4,9 milhões de assinantes, dados de 2007), enquanto a maioria da população recebe o sinal por antenas.

Entre o sistema europeu e o japonês havia ponto relativo à estratégia, pois a Europa tem, hoje, muitas empresas fabricantes de equipamentos do padrão, o que, em primeiro momento, seria muito benéfico, mas depois tiraria a competitividade das empresas brasileiras devido aos custos de royalts. O sistema japonês, para ser aceito, passou por mudanças e as empresas criadoras se comprometeram a produzir tecnologia, leia-se semicondutores, no Brasil.

A alteração feita no sistema japonês para que ele passe a ser o sistema brasileiro é baseado na qualidade/tamanho do vídeo digital gerado para transmissão. O desenvolvimento dos vídeos têm em comum o padrão 'MPEG', dos laboratórios Frauhoffer. Os sistemas atuais usam o padrão baseado em MPEG-2, enquanto as adaptações brasileiras levaram ao uso do padrão MPEG-4, na prática muda a compressão do vídeo, deixando o brasileiro menor e mais possível de ser acessado não apenas pela televisão, como também por microcomputadores com internet de banda larga por IPTV, como também por telefones celulares (independente do chip de captação do sinal), pois pode-se aplicar também o conceito de IPTV graças à implantação do sistema conhecido como 3G que permite banda larga de até 5,6Mpbs (segundo testes efetuados pela Claro em sua estrutura instalada e já em funcionamento em algumas capitais) (atualmente a média nacional de velocidade de banda larga está entre 0,5Mpbs e 2Mpbs).

Questões culturais nebulam um pouco a certeza da escolha brasileira como positiva ou negativa. Há países, em desenvolvimento ou desenvolvidos, que enxergam essa diferenciação positivamente, pois estão, em diversas áreas, fazendo a mesma coisa: mudando os padrões e paradigmas. Segundo impressões de Paulo Sant'lago, da Webinsider, que participou de grandes eventos voltado à América Latina em 2007, os vizinhos do Brasil o enxergam como um mundo à parte e não America Latina, assim como o próprio Brasil, que custa a se assumir como América Latina. Essa confusão na identidade torna, de certa forma, a decisão brasileira um ponto delicado, sendo vista como positiva e negativa pelos outros países da América Latina.


Autor: Marcio Maia


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