Resenha - "O Caçador de Pipas" (The Kite Runner, EUA, 2007)
Amir Jan, alter-ego de Kaled Hosseini, é o protagonista e o anti-herói da estória, um rico garoto Pashtun, tímido, xatíssimo e egoísta (um pirralho que despertou muito ódio em mim), é amigo de Hassan, menino pobre e filho do empregado Hazara da casa, altruísta, corajoso e otimista. O passatempo favorito deles é soltar pipa, após um campeonato local, na qual Amir foi campeão, Hassan (um excepcional localizador de pipas) promete entregar uma delas para seu idolatrado amigo como troféu, infelizmente ele é vítima de Assef, um valentão da vizinhança, que violenta brutalmente o pobre garoto por não aceitar sua etnia. Amir assistiu tudo de camarote, se acovardou e nada fez pra ajudar o amigo, pior ele calou-se diante daquela barbárie.
Como se não bastasse isso, Amir nutria muita inveja do pobre hazare, por não tolerar o carinho que seu pai, Baba, tinha por Hassan e incrimina o amigo, acusando-o de roubo, mas a amizade do caçador de pipas pelo amigo é tão grande que ele assume a culpa, simplesmente para não prejudicar o amigo ingrato, envergonhado Ali, pai de Hassan, decide ir definitivamente embora da casa, e assim o faz, mesmo com os protestos e súplicas do nobre patrão. Finalmente a paz deixa à vida da dupla e no lugar dela nasce toda a covardia, carnificina e o medo de uma guerra, era a União Soviética que invadia o Afeganistão e dava o golpe final naquela desigual amizade.
Um filme de Marc Forster com roteiro de David Benioff, o “Caçador de Pipas” é um filme bastante comovente, trata de amizade e de família, trata de redenção e de perdão, os verdadeiros inimigos são o “conflito social”, a intolerância vai desde o bullying infanto-juvenil aos conflitos étnicos, ideológicos e religiosos que não só marcaram a guerra fria, mas que estão, infelizmente, ainda presentes até os dias atuais e o “conflito interior”, presente no atormentado personagem de Amir Jan e sua jornada de auto-libertação. Homayoun Ershadi (Baba) está ótimo nesse filme e o seu personagem é um verdadeiro exemplo de herói, tanto por seus ideais como por sua honra e coragem. Embora adaptado, e não poderia ser diferente, afinal a linguagem do cinema é diferente da literária, é um filme poético, gosto muito da frase “Por você faria mil vezes.”, pois esta expressa não só a amizade, mas também uma entrega de si mesmo sem querer nada em troca, as pipas, imagem central do romance representam a liberdade, o amor incondicional capaz de elevar-se até o céu, livre, leve, acima de todas as diferenças e perdoado.
Autor: Claudson Dantas
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