DIETA DE ARTISTA
Já que temos que vender quadros ou trabalhos artísticos para sobreviver e dar de comer a nossos filhos eu proponho aos artistas um novo tipo de negócio: a venda de quadros à Quilo. Não seria interessante? todos poderiam ter a sensação de estar enchendo a sua casa e se alimentando também de arte. Sabe-se que não se vive só de arte, precisamos de comida, mas se todos param de consumir arte, como os artistas vão viver?
Como um povo pode viver, sem alimentar também o seu espírito com o belo? Veja bem, esta dieta teria grandes vantagens para quem está um pouco acima do peso, pois comprando quadros à quilo poderia saciar um outro tipo de fome: a fome de Arte, e não engordaria nada, apenas engordaria os artistas que estão com seus pratos vazios atrás do empresariado local para patrocinar seus eventos, e quase sempre não conseguindo.
Querem saber como eu tive está idéia? Olhando a minha casa cheia de quadros, já que a pintura sempre foi minha paixão (mas, a geladeira não está cheia, muito pelo contrário), sou obrigada a me dividir em duas, três ou quatro para ter tempo de dar aulas, pintar quadros, diagramar, digitar, pintar parede ou o que aparecer, e de quebra ainda lavar e passar roupas, arrumar a casa e cuidar dos filhos.
Quem sabe a solução é está? VENDER QUADROS A QUILO COMO SE FOSSE COMIDA. Quem sabe assim resolveria um pouco a situação de artistas que, como eu, busca um espaço no estreito mercado de arte, tendo que fazer malabarismos para sobreviver enquanto não conquistam um espaço para a sua arte.
Eu nasci, cresci e me criei vendo arte e, respirando arte praticamente, pois minha mãe ensinou pintura e desenho durante mais de 30 anos em minha cidade para ajudar meu pai a criar seis filhos. Foi com seu estímulo que resolvi me dedicar a arte e, sempre trabalhei com arte e desenho, seja técnico ou artístico. Fiz um curso Superior de Desenho e Plástica, quando a maioria queria fazer Medicina e Engenharia, pois diziam que estes cursos eram mais promissores profissionalmente.
Hoje se vê que profissão alguma é realmente um caminho mágico, se você não tiver o mínimo de estrutura que começa com a ajuda e o incentivo da família e a sorte de conseguir um bom emprego. Apesar de minha escolha ter surpreendido à muitos, hoje consigo me sentir feliz com a opção que fiz, pois pelo menos trabalho com o que gosto, enquanto milhares de brasileiros lutam desesperadamente para sobreviver, sem fazer o que gostam e, muitas vezes, se sujeitando a discriminações, abusos de poder, corrupção e desvalorização de seu trabalho. Sem contar que cada vez mais as pessoas são obrigadas a trabalhar mais para ganhar menos.
Quando será que a EDUCAÇÃO e a CULTURA receberão um espaço digno na mesa dos brasileiros? Pois é na mesa mesmo que precisamos que elas estejam, para nós alimentarmos com esperança o crescimento interior, o senso crítico, a noção de cidadania, a criatividade, a sensibilidade, a persistência, a perspectiva de melhora e de realização dos nossos sonhos, coisas que só a Educação e a Cultura podem proporcionar ao povo, pois como diz a música "a gente não quer só comida" a gente quer Cultura, Educação, Lazer e Arte.
Caso algum empresário do ramo de balanças comerciais se interessar em fazer um patrocínio fornecendo uma balança para pesar os quadros, poderemos em breve fazer uma exposição cujo nome será: "Dieta de Artista". A melhor maneira de manter a forma levando arte para suas casas e ajudando aos artistas a desocuparem suas paredes e encherem suas geladeiras.
Autor: Rose Mary Pinto Valverde de Carvalho
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