O amor em extinção



O amor está em extinção por inúmeros motivos; confusões sobre o que é, verdadeiramente, amor, seu uso de modo manipulador, a inversão de valores, a precariedade moral, o abandono do respeito ao semelhante. Todas essas deficiências crescentes da sociedade atual, bem como suas consequências nas relações humanas, contribuem, de modo constante, na escassez e raridade desse sentimento.

O sentimento do outro pode ser usado como arma para quem não tem escrúpulos, usado como instrumento de tortura, como objeto de chantagem ou como aguilhões, usado por um tirano. O amor pode ser desperdiçado, vulgarizado e ridicularizado, quando investido ou depositado em seres vis e desumanos, que, na verdade, nunca deveriam ser amados.

No entanto, não se pode olvidar, que os sentimentos são mutáveis, eles não são eternos, não são como muitos contos, poemas, livros, filmes e novelas narram.

Imaturos e incautos chegam a pensar que poderão se beneficiarem ou estarem em uma posição, supostamente vantajosa, para sempre. É um erro insano; as estações mudam, o tempo muda, nosso corpo muda, tudo está em uma constante metamorfose. Nada aqui será para sempre, nem mesmo os imponentes astros firmados no espaço, estarão lá para sempre. Algo existe hoje, como sublime, e impetuoso; amanhã já não existirá.

Pode-se sofrer dores emocionais e cruéis em um determinado momento, mas é natural do ser humano aprender a superar tais adversidades, e, com o tempo, e somente com o tempo, a vítima de tal sentimento consegue libertar-se e voltar a viver normalmente.

Resta, então, a mágoa, o sentimento de vergonha e a revolta de ter se submetido a uma situação tão vexatória e estado em de tal modo exposta.

É entendimento unânime que esses sentimentos, só possuem consequências negativas. Não desenvolvem o ser humano, não contribuem para a saúde da mente ou da alma.

Ressalte-se que ninguém está obrigado a corresponder um amor, pois o coração é misterioso e indecifrável. O que deve ser reprovado, e o que aqui é exposto, é o uso manipulador do amor. A tentativa de escravizar alguém com a chantagem emocional. A falta de respeito com o sentimento alheio, a maldade ou incompreensão.

Devemos evitar os traumas do outro, devemos buscar o rompimento menos doloroso possível. Devemos nos colocar no lugar do outro, praticando a empatia, lembrando que não desejaríamos fossem cruéis ou tiranos conosco.

O ser humano desenvolvido, bem instruído, amadurecido e cordial pensa na dor de outrem. Preocupa-se com sofrimento alheio, quando possível, oferece apoio e diálogo. Atitudes radicais e frias, apenas em última instância.

Como se não bastasse, o que aqui foi exposto, tornam ainda mais inconveniente o amor, quando o confundem com um sentimento de posse, uma dependência gerada por fraquezas emocionais. Entendem que amam, quando na verdade são carentes de outras necessidades, algumas vezes, carência de amigos, de família ou até mesmo carência financeira. Somente quando conseguem preencher uma dessas lacunas, percebem que não amavam, apenas estavam tentando, equivocadamente, compensar alguma falta.

Ao amar desesperadamente alguém, sempre se crê que não se pode viver sem o ente amado. Parece que o mundo vai acabar, que a vida não terá mais sentido. Estranho sentimento; ilude até os mais inteligentes, ludibria até os mais céticos e lógicos. A força do ser humano está dentro dele e nunca em outra pessoa. É no seu interior que está a liberdade, o equilíbrio e o domínio-próprio.

A incompreensão, a ignorância, a imaturidade e falta de desenvolvimento emocional tornam mais provável o amor doentio. O ciúme, a insegurança e a dependência, não devem estar vinculadas ao amor. Pelo contrário, o amor, deve ser sadio, desfrutado por seres centrados, bem desenvolvidos e maduros. Somente assim, pode-se senti-lo sem máculas e deturpações.



Alguns usam o amor como oportunidade de vingança. Vingam-se de um sofrimento anterior, que às vezes, foi causado por uma outra pessoa, fora de uma relação atual, mas lembrando daquele horrível sentimento de dor, quer agora vingar-se, fazer outro sentir o que ele sentiu.
Isso é uma insanidade imensurável. Não deveria haver um desperdício de algo tão, nobre, raro e escasso como o amor. Amar é um privilégio, é desfrutar de algo que muitos são incapazes. É ter algo que muitos não conseguem ter.

Por conseguinte, causa estranheza o fato de que muitos só conseguem amar, quando não são amados. Só amam quem os maltrata. Faz-nos lembrar o masoquismo, quando se sentem satisfeitos com a dor. Por conta disso, o amor recíproco torna-se impossível, pois amarão quem não os amam e rejeitarão quem por eles estiverem apaixonados.

Outro fator prejudicial ao relacionamento é a existência de traumas causados por experiências frustradas, restando a dor e o medo de sofrer novamente. A mente e o corpo criam um mecanismo de defesa que dispara sempre que perceber a proximidade do perigo. Por conta disso, não poucos estão encouraçados, presos e armados para que nunca se sintam submissos e expostos a dominação de outrem novamente. O que não se considera, é que há bilhões de pessoas neste planeta, e por isso, há uma infinidade de temperamentos, personalidades, almas, seres com diferentes formações, intelecto e caráter. Nunca se pode basear as experiências futuras em desgraças passadas, como se todos fossem ter o mesmo comportamento. Há, sim, a necessidade de saber escolher com quem se relacionar e ter uma capacidade apurada de selecionar com quem nos envolvemos emocionamente.

Conclui-se que, nos tempos hodiernos, amar é sinônimo de fraqueza, de vergonha ou de ridicularização. O sentimento da moda é a frieza, a dureza da alma, o descompromisso, a revolta e liberalidade. Basta amar e fazer gestos dóceis para ser criticado por uma grande massa.
Não se pode mais ter sentimentos bons. O sentimento aceito, admirado e defendido, é o descaso, a crueldade. Louvável, para muitos, é gabar-se de agressões, de contravenções e promiscuidade.

Homens e mulheres estão com medo e confusos. Não sabem se amam para serem amados, ou desprezam para esperarem que assim sejam respeitados. A única sorte seria duas pessoas preparadas com sentimentos verdadeiros, possuidoras de emoções sadias, encontrarem-se e, assim, conseguirem desfrutar da felicidade. Mas, a escassez, assim como água no deserto, parece desidratar a esperança, cansar o viajante e gerar miragens em quem não sabe mais onde está.

Quem sonha em viver um relacionamento pleno, é tido como antiquado, pois isso agora causa risos, causa reprovação. A moda é cada um por si e quem vai dominar quem.

O amor, não é mais aquele sentimento nobre, não na maioria dos casos. Ele foi tragicamente transformado em uma ferramenta de flagelo.

Nesse momento, resta a capacidade de buscar o que se deseja; a perseverança no que se almeja; o diferencial de cada um em acreditar em si mesmo e saber que a vida devolve o que investimos nela.

Lembremo-nos; "semear é opcional, colher é obrigatório".
Autor: Adriano Martins Pinheiro


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