Nada se perde, tudo se transforma: Embalagem longa vida!



Autor: Marçal Rogério Rizzo

Para deter o avanço das montanhas de lixo é preciso reciclar! A embalagem cartonada, conhecida popularmente como “longa vida”, faz parte desse amontoado de lixo que geramos diariamente. Surgiu na década de 1970 e, hoje, é uma embalagem mais resistente que as outras. Como o próprio nome diz, o que vai acondicionado nessas embalagens dispensa a adição de conservantes e refrigeração, tendo uma durabilidade maior.

É composta de várias camadas de material (dupléx, polietileno de baixa densidade e alumínio). É justamente essa combinação de materiais e camadas que cria uma barreira impeditiva para a entrada de luz, ar, água, odores externos e microorganismos em alimentos e bebidas. Esse tipo de embalagem tem condições de preservar o sabor e o aroma dos alimentos. Outra vantagem que a embalagem longa vida traz diz respeito à logística, uma vez que o baixo peso unitário dessa embalagem auxilia o transporte, a manipulação e a estocagem dos produtos, o que permite a economia de combustível.

Esse tipo de embalagem é utilizado para conservar leite, extrato de tomate, doces, creme de leite, sucos e outros alimentos e, a cada ano, só tende a aumentar o número de produtos acondicionados nas mesmas. O Brasil produz nove bilhões de embalagens longa vida anuais e estima-se que haja um crescimento de 5%.

Entretanto, por estar sendo amplamente utilizada tem se tornado um enorme problema ambiental. Vale ressaltar que o descarte inadequado para esse tipo de embalagem é alto. Estima-se que, no Brasil, 75% das embalagens são dispostas de maneira irregular em lixões e terrenos baldios, ou seja, apenas 25% estão sendo recicladas.

Entretanto, hoje, esse material pode ser 100% reciclado. O Brasil é o pioneiro no processo de reciclagem do papel, do plástico e do alumínio dessas embalagens. A tecnologia que separa os produtos existentes nas embalagens longa vida levou tempo para ser desenvolvida. Isso ocorreu aqui no Brasil a partir do consorcio de 4 empresas parceiras, 7 anos de investimento e pesquisas de uma universidade de São Paulo. O processo de separação levou o nome de “plasma”.

O processo de reciclagem começa com o consumidor. É ele que deve separar adequadamente o material que é reciclável, do material orgânico que seguirá para ser descartado. O material que é reciclável deve seguir para um centro de triagem que tem a função de separar os materiais e encaminhar para as respectivas indústrias que o reciclarão. No caso da embalagem longa vida, isso não é diferente, já que as recicladoras de papel que devem retirar suas fibras que estão inseridas nas embalagens longa vida. Nesse primeiro momento, utilizam-se somente água e energia mecânica como processo de separação das fibras do papel do polietileno e do alumínio.

Num segundo momento, o material remanescente (plástico e alumínio) servirá para outras indústrias.

Esse alumínio misturado com plástico, que é o resíduo da indústria recicladora de papel, pode se transformar em vários produtos como telhas, canetas, bancos e até mesmo casinhas para cachorros. As telhas feitas a partir do longa vida servem como isolantes térmicos e acústicos, sendo mais baratas e tendo a metade do peso das similares de amianto, podendo, assim, economizar com a estrutura de sustentação. Para se ter uma idéia, a confecção de uma telha utiliza, aproximadamente, os resíduos de 1500 embalagens longa vida.

Outra forma inovadora que tem sido utilizada desde 2007 no Brasil é a separação do alumínio de plástico, a partir de uma tecnologia muito moderna (plasma térmico) que transforma o plástico em parafina e o alumínio é recuperado em lingotes para ser reaproveitado. Nesse processo, utiliza-se de uma tecnologia limpa e conta com uma eficiência de energia próxima a 90%.

A maior fábrica de reciclagem de embalagem longa vida do Brasil está localizada no município de Piracicaba (interior do Estado de São Paulo). Ali, recicla-se aproximadamente 50 toneladas de embalagem longa vida, diariamente, ou seja, 18 mil toneladas anualmente, o que antes era considerado lixo.

Infelizmente, como todo processo de reciclagem, há entraves que acabam dificultando o reaproveitamento da embalagem longa vida. Começa pela população que ainda persiste em não separar as embalagens de forma adequada, ou seja, não pratica a coleta seletiva e, quando pratica, muitas vezes, não lava a embalagem, deixando-a contaminada, o que dificulta a logística, a armazenagem e a reciclagem. Outro ponto nevrálgico na reciclagem das embalagens longa vida é o baixo preço pago por quilo de material. No mês de novembro de 2008, pagava-se R$ 0,16 pelo material solto e R$ 0,20 pelo material prensado.

No mundo, há polêmicas que são proveitosas para repensar as múltiplas formas de vida da sociedade capitalista e nisso se enquadra perfeitamente o que é considerado lixo e material reciclável. Agora, basta haver uma diretriz que conduza ao melhor aproveitamento do que jogamos no lixo.
Autor: Marçal Rogério Rizzo


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