Uma “Rio-92” para os animais



Grandes convenções e conferências globais ou nacionais sempre são excelentes para se lançar compromissos acerca de determinadas causas. Ainda que muitas vezes não haja o cumprimento dos prazos estipulados para ações programadas nas mesmas, eventos desse tipo importam muito para o tema discutido, pelo lançamento de concepções universais consensuais e pela firmação de fundamentos e objetivos definitivos para a questão abordada.

Nessa ideia, faz-se notável que uma conferência geral sobre Direitos Animais e Veg(etari)anismo cairia muitíssimo bem. Sendo um evento da importância da Rio-92 ou da Conferência de Tbilisi de 1977, que lançou os pilares da Educação Ambiental vigentes até hoje, muito provavelmente uniria os defensores dos animais em torno de um propósito unificado.

Eventos de reunião global ou nacional costumam costurar consensos entre temas em que haja divergências de concepção. No caso dos DA, poderia se fazer um acordo em vários pontos, como:
- o que fazer para fundir a profundidade dos objetivos do abolicionismo animal e a gradualidade e moderação do bem-estarismo;
- a concepção definitiva do veganismo: quando uma pessoa começa de fato a ser vegana;
- se o vegetarianismo deve incluir ou não aqueles que já aboliram a carne mas não pensam em banir o consumo próprio de alimentos de origem animal não-cadavérica;
- como acostumar a sociedade à visão de que os animais não deveriam ser explorados;
- quais as melhores estratégias de promover a mudança do paradigma antropocêntrico ao pensamento biocêntrico com o mínimo de repulsa do outro lado;
- como estender o veganismo a culturas que não contam com uma agricultura muito desenvolvida;
- a questão dos animais domésticos – vale controlar sua população até a extinção ou não é bom deixar que cães, gatos, cavalos, bois, etc. deixem de existir?

Convenções e conferências de grande magnitude também são úteis para promover a divulgação da causa que está sendo discutida, assim como foi na Rio-92, a partir da qual a causa da preservação ambiental foi muito popularizada em grande parte do planeta. Uma conferência de DA mostraria ao mundo quem somos e o que defendemos de fato e por que o fazemos.

Não se pode esquecer, de forma alguma, a interação com outras pessoas que não os participantes que assinam as atas de presença. A Rio-92 deu espaço para jovens mostrarem seus desejos de um mundo onde a humanidade traça uma vida sustentável e harmonizada com a Natureza. Do mesmo jeito, atividades com crianças, adolescentes e adultos interessados poderiam ser promovidas para lhes ensinar por que os animais não-humanos devem ser respeitados e tratados com igualdade em relação aos humanos.

O que falta para nós defensores dos animais, com ênfase aos veg(etari)anos, sermos reconhecidos e aceitos na prática pelas sociedades é uma reunião global que, como dito, determinará os objetivos definitivos, o futuro da luta humana por quem não pode se defender. Uma possível “Rio-2012” dos DA será decisiva para que a humanidade enfim nos entenda e considere que nossa luta não é nada fútil, além de acabar com as divergências que vêm limitando a organização massiva em torno da causa.
Autor: Robson Fernando


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