TRABALHADORES, UNI-VOS! NA FILA DO SEGURO-DESEMPREGO



Lula foi eleito presidente prometendo 10 milhões de empregos formais em 4 anos. Mais tarde, vendo que era exagero, foi reeleito prometendo crescimento suficiente para geração de empregos formais e informais na ordem 1,5 milhão ao ano. Agora, está se esforçando para conter o impacto que 50 ou 100 mil desempregados no seu projeto de sucessão e, depois disso, ter a chance de descansar numa prazerosa pescaria.

Lula sabe que não adianta “embelezar” a ministra. Ele sabe muito bem que, embora os descamisados de Eva Perón não tivessem como usufruir da mesma sustância da sopa do new deal, tinham na poesia de Cervantes a inspiração para contemplar a liderança e força dos delicados traços femininos, mesmo não se vestindo como eles.

Pois então, Lula! De novo o dilema das belezas de outubro, sempre o mesmo outubro das praças: a Plaza de Mayo (pela beleza da cultura inferiorizada, mas digna aos olhos superiores da líder); a Praça Vermelha (pela beleza do discurso inflamado da união operária); e a Praça dos Três Poderes (pela beleza da urna eletrônica, como exemplo de sofisticação tecnológica de agilidade e armazenamento de voto “secreto”).

É mesmo interessante essa olhadela na história. Não é difícil encontrar na literatura o legado dos PND´s na construção do “milagre brasileiro” em pleno choque mundial do petróleo. Já, Lula, analogamente inspirado, quer deixar seu legado histórico com o “PAC II”. O primeiro - infelizmente, natimorto pelo efeito Lehman Brothers (o anuncio das altas compensações dos executivos foi feito em outubro. Que coisa!) - sequer deu tempo para os suspiros de expectativas (parece até os sistemas das urnas eletrônicas computando market share dos poderes. Mas é possível que o TSE não queira falar desse tema antes de qualquer outubro).

Já, o segundo PAC, este sim revigorado pelo incompreensível discurso da contramão global (será o segundo milagre brasileiro?), está em crise de identidade. O inicialmente denominado de “aceleração do crescimento”, agora necessita remediar a “desaceleração do decrescimento”, ou seja, o “PDD” do seguro-desemprego.

Lula sabe que a guerra de Hitler foi a principal responsável pelo bolchevismo dos sindicalistas não ter se desenvolvido no gosto das sopas do new deal. Por isso, seu dilema existencial no processo de sucessão recai sobre o gosto corporativista do PDD (ex PAC, PAC II ou bolsa-PAC): se convencer os contribuintes em geral que as obras do PDD serão a blindagem brasileira da crise global, estará permitindo que várias empresas privadas se voltem para as tradicionais compras governamentais, geradoras de déficits, dívidas e inflação (gol contra), sem falar em novos ralos de corrupção, favorecimentos setoriais, preços e contratos supervalorizados, etc. (gol contra, mas esse foi anulado pelo juiz). Com isso, o stop and go da globalização se encarregará de destruir o propalado projeto do “(re)milagre brasileiro” (gol contra), pois até o Rubinho sabe que a determinação da capacidade de desenvolver força na retomada é dada pelo torque e não na potência do motor (velocidade/aceleração).

De outro lado, se convencer os trabalhadores que a proteção do seguro-desemprego ampliado é a sopa das noites frias do ócio ou a brisa das tardes quentes de pescaria, estará permitindo um relaxamento na aceitação da flexibilização como forma de manter empregos (gol contra). Com isso, a ascensão do protecionismo global encarregar-se-á de enterrar o sindicalismo operário (gol a favor).

Com 3 a 1 no placar (e o gol anulado incomodando no tapetão), Lula precisa de uma “guerra” oposicionista para esquentar o jogo e ter a chance de contra-ataque, enquanto os trabalhadores continuam se unindo na fila do seguro-desemprego. Parece que nessa hora a aparente falta de discurso da oposição é sintomática: a proposta do PAC era muito boa e de difícil combate (até o bolsa-sopinha sumiu da mídia). Por certo, a enfermidade do discurso do PDD ainda carece de um pouco mais de tempo para transparecer. Será que o peixe morrerá pela boca? Dependerá, é claro, da qualidade da isca. Nesse rio de águas turvas a maior virtude poderá ser a paciência de pescador ou, ainda mais apropriado, a capacidade do engenheiro mecânico.
Autor: Carlos Antonio Lopes


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