Formação de professores: competência para atuar.



Formação de Professores: competência para atuar

Raquel Elisabete Cordeiro Vilardi
Graduada em História
Pós-graduada em Gestão e Segurança no Trânsito
Pós-graduanda em LIBRAS


É preocupante a formação de educadores das escolas de ensino fundamental e médio na sociedade contemporânea, porque à eles estão entregues nossas crianças e adolescentes. Num momento onde fala-se com freqüência em cidadania e em formar cidadãos. Parece ser isso uma meta do século XXI, daí a inquietação, à quem fica essa responsabilidade? ...A resposta parece estar clara – aos professores. Mas quais? Os físicos? Matemáticos? Biólogos? Geógrafos? Historiadores? Ou, somente aos pedagogos? É de vital importância que as universidades atentem para a qualificação desse profissional. A preocupação é em relação a formação do educador como parte integrante no processo de ensino – aprendizagem que parece sair da universidade despreparado para essa realidade. Principalmente nas instituições privadas, onde visa-se o lucro e obviamente na quantidade de alunos que estarão oferecendo ao mercado a cada semestre. Aos cursos de licenciaturas, exceto os de pedagogia, é direcionado um olhar diferenciado, como se esse grupo de educadores fosse uma “coisa” a parte. Vê-se muito pouco de didática, metodologia de ensino e o próprio estágio não oferece base para o aluno sentir na prática um ensaio daquilo que será sua missão futura.

A prática educativa tem sido alvo de estudos, críticas, reflexões, objetivando uma forma de trabalhar os conteúdos em sala de aula de maneira mais atraente, dinâmica e que garanta ao mesmo tempo o ensino e a aprendizagem. A questão é reavaliar a prática educacional universitária, a grade curricular preocupada em conteúdos específicos e analisar a prática educacional nas escolas de ensino fundamental e médio, principalmente na rede pública. Se a pergunta é “porque” e “para que”, da prática educacional, deveria se pensar no “como” e “de que forma” estaria se formando um profissional apto a exercer sua práxis. Os cursos de licenciaturas, restringe-se em habilitar o aluno em currículos e programas específicos da área, desvinculando-se daquilo que vem a ser o seu objeto, que o “educador”.

Não se forma apenas o historiador, o geógrafo, o físico, mas a intenção é formar o educador que atuará nas escolas de ensino fundamental e médio, quiçá, na educação superior. Não se quer impor uma idéia de mudança curricular, mas chamar a atenção quanto a necessidade de estar se trabalhando o futuro profissional de forma geral, mais ampla. É como estar lapidando uma pedra preciosa. Estar complementando aquilo que lhe falta. A postura acadêmica, juntamente com a metodologia de ensino e a didática, implica em trabalhar continuamente a relação teoria-prática, procurando, inclusive, reconstruir a própria teoria a partir da prática.


É nesse sentido que se torna necessário pontuar a pouca qualidade em relação a atuação do professor educador. Observar a desenvoltura na oralidade, na expressividade, na escrita, na postura do aluno professor e não somente no conteúdo específico. Observa-se que alguns não tem as qualidades exigidas, mas que poderiam ter sido trabalhadas com mais atenção de forma a levar esses alunos a olharem para si mesmos e se criticarem, refletirem e tentarem corrigir seus erros, no mínimo os mais simples, como a oralidade, que aqui se refere ao falar o português corretamente. Despertar neles a vontade e o interesse de buscarem aperfeiçoamento fora da universidade, complementando sua formação, enriquecendo a construção do seu conhecimento. A questão da formação dos professores de ensino fundamental e médio, é estar atento ao fato de os mesmos, estarem ou não, preparados para atuarem sob as exigências de uma nova sociedade, de um novo mundo, deixando a prática tradicional e ultrapassada de lado, repensando suas ações e levando o educando a aprender a pensar, a sair do mundo concreto e partir para o abstrato, ou seja, o aluno não sabe construir seus conhecimentos, não sabe refletir. Isso vem fundamentar a necessidade do professor que atua e atuará nas salas de aula, a se preocupar com uma nova metodologia, adquirir uma nova postura, qual seja a de mediador, onde possa levar esse aluno a se perceber como sujeito que faz história, que age e que portanto, tem o poder de mudar, transformar. E isso não é possível deixando de lado a qualidade dos cursos de licenciaturas, e a preocupação em formar educadores e não somente historiadores, matemáticos.

De qualquer forma, é de suma importância que as universidades melhorem suas grades curriculares, com a inclusão de disciplinas que contribuam para a prática docente, assim como metodologias novas, interessantes, e se preocupem também com a formação do professor universitário, para estar nesse sentido entregando ao mercado profissionais que ajam com competência e habilidade. Giroux ( 1997, p.158 ), defendia a idéia de que a prática docente é um trabalho intelectual e não puramente instrumental ou técnico, argumentando que, “se nós dignificamos a capacidade humana de integrar pensamento e prática, [...] destacamos a essência do que significa entender os professores como profissionais reflexivos”. Assim diz ele, “é preciso encarar os professores como intelectuais transformadores”.

Ao professor de ensino fundamental e médio, quase sempre é atribuída a responsabilidade pela má qualidade de ensino. No entanto, é deixado de lado a participação ativa ou não da universidade em relação à sua formação. É um problema que não se resolve a curto prazo, mas é necessário um empenho contínuo nessa direção. É de vital importância que os cursos de licenciaturas sejam revistos, principalmente no quesito “grade curricular”, no sentido de preocupar-se mais com o professor educador, de história, geografia, matemática entre outros, do que com o técnico e especialista em cada área. Acrescentar disciplinas que exijam mais do acadêmico, que o motive a se doar nessa preparação, da qual é a prática docente. Que permita aos mesmos refletirem sobre sua missão e se lançar ao desafio durante as regências, oficinas, mini palestras, etc. De que adianta o conhecimento se não puder compartilhar com o outro? É interessante saber o conteúdo, se assim o puder ensinar de forma prazerosa, de forma que os alunos se interessem e se sintam motivados em aprender. Isso só ocorrerá se o professor tiver na verdade uma formação que lhe atribua as competências e habilidades necessárias para atuar na prática docente.
Autor: Raquel Elisabete Cordeiro Vilardi


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