Medo: um "negócio" lucrativo



Ai, esse danado desse medo! Medo de bandido e também da polícia. Medo de médico e medo de hospital (esses eu até entendo!). Medo da doença e da loucura. Medo de empobrecer e também medo de ser rico e se tornar uma alvo de criminosos (domésticos ou da rua, mal trajados ou bem vestidos, reconhecidamente cruéis ou aqueles posam de santo, ...). Medo de ser traído pela mulher ou medo de apanhar do companheiro (mais uma vez!), medo da “puxada de tapete” do sócio, medo de perder o emprego e também medo de aceitar um cargo de projeção.

Medo de brochar diante da mulher desejada ou medo de que ela não goste da sua performance na cama. Medo de perder a pessoa amada (será amor?) e medo de amar. Medo de multidão e medo da solidão. Medo de perder o filho para as drogas ou para a morte. Existe até medo de ter medo. Já parou para questionar o quanto o medo tem roubado o prazer de viver? É, de fato, o medo algo real ou muito disso é imaginário, fantasioso?

Medo virou a palavra guia de muitas vidas. Com anos de consultório, percebo que todo medo deriva de um só tronco, de uma só raiz: o medo de morrer. Mas, por que medo de morrer, se é algo inevitável? Medo do desconhecido? Ou medo de algo desconhecido ruim? Mas, como você sabe que morrer é ruim? Já morreu alguma vez (ou, pelo menos, lembra-se disso)?

Há algumas considerações que precisam ser feitas sobre o medo. Uma pessoa sem medo não é, nem de longe, uma pessoa corajosa. É alguém inconsequente, suicida ou louco. A coragem está não está em não ter medo, mas em confrontá-lo. De modo responsável e ponderado, é claro. O que se chama de medo de situações de vida, como assaltos, doenças, agressões, perdas e outras do tipo, deveria ser substituído por precaução. Portanto, seja precavido (não em excesso); não seja medroso.

É importante que se atente para um fato. Há gente que se beneficia do medo, tanto individual, quanto coletivo. Os governos são o exemplo mais claro disso. Se pessoas têm medo de tudo e de todos, elas se retraem, acomodam-se, isolam-se e se tornam presas perfeitas para não questionarem os atos expúrios de políticos, partidos, instituições e poderes mal intencionados.

O medo excessivo e paranóico destrói o bom senso e deixa a vítima entregue em uma negociação cuja moeda de troca será a própria liberdade pessoal. Sua liberdade é tão valiosa que governos, empresários, militares, bandidos e religiosos a querem a qualquer custo. Vão às tapas, se necessário (ah, e como vão!).

O que tem mais prosperado no país ultimamente? Empresas de segurança privada com seus equipamentos sempre de “última geração” (só se for geração de recursos para a própria firma!). Câmeras, alarmes, cercas eletrificadas, rastreamento por satélite, portões automáticos, portas indestrutíveis, cofres a laser, detectores de movimento, etc. Mas o marginal quase sempre está um passo à frente. Esse povo está faturando horrores com seu medo. Eles querem seu suado dinheirinho. Essa "indústria" vale uma “grana preta”. Quem vende segurança tem que contar com o medo. Já pensou que situações de pânico enriquecem muita gente e fortalecem muitas corporações e instituições, quer sejam militares, civis, eclesiásticas ou clandestinas?

O medo é um grande negócio, essa é a grande verdade (uma delas!). Tornar-se consciente de que tem ou está com medo, admitir e aceitar esse fato, é o primeiro e mais valioso degrau para confrontá-lo (não lutar contra!) de modo eficaz. Assim agindo, é provável que a lucidez retorne e permita vislumbrar saídas pessoais e coletivas para essa praga devastadora.
Autor: Carlos Bayma


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