Quando o Viagra se torna uma armadilha - parte II



Na primeira parte sobre as armadilhas da utilização irresponsável do Viagra e similares, mudanças de comportamento na chamada terceira idade e suas conseqüências foram abordadas. Ficou claro que não necessariamente um bem produz situações da mesma ordem. Um bem pode levar a vários males, dependendo da forma como foi e está sendo desfrutado e se os benefícios condizem com as necessidades do usuário.

Nesse particular, um fenômeno está ocorrendo com frequência na sociedade masculina. É a utilização do medicamento que - teoricamente - não seria necessário. Não quero afirmar que homens jovens não precisem do Viagra. Alguns, devido a problemas orgânicos como, por exemplo, diabetes do tipo I ou algumas alterações neurológicas e hormonais, podem necessitar desse artifício para melhorar o desempenho por ocasião do ato sexual. Sempre sobre orientação médica.

Em consultório, são incontáveis os casos de jovens que confessam dependência do Viagra para obter melhor desempenho sexual. Geralmente, iniciaram seu uso por indicação de um "amigo". É bem verdade que essa classe de medicamentos não produz dependência química, aquela que dá síndrome de abstinência e o desejo incontrolável de consumir a droga. Causam, isso sim, outra que pode ser tão desastrosa quanto a primeira: a dependência psicológica.

Essas vítimas, antes do primeiro uso, já apresentavam algum grau de disfunção erétil motivado por comportamentos contumazes de ansiedade, insegurança, culpa ou timidez. Buscavam encontrar um "porto seguro" no medicamento, que funcionasse como um antídoto contra o fraco ou nulo desempenho sexual e com o objetivo secundário de apagar as más atuações do passado. A verdade é que isso é um "tiro no próprio pé", pois as causas psicológicas permanecem ativas, já que não foram resolvidas, mas que ficaram mascaradas pelo Viagra na forma de uma ereção artificial.

Caso os problemas emocionais - causa da falha erétil - se mantenham ou aumentem, é provável que em um tempo relativamente curto o medicamento não apresente o tão desejável efeito, empurrando o usuário a adotar outras terapias mais agressivas, que, como o Viagra, um dia falharão. É útil recordar que o insucesso com os métodos "salvadores" ocasiona, via de regra, a piora dos problemas psicológicos, agravando o seu efeito: a disfunção erétil. Esse distúrbio, inicialmente tratável, passa a excluir as possibilidades de resolução em virtude do uso abusivo e desnecessário do artifício medicamentoso.

Outro problema relacionado ao Viagra e congêneres é claramente percebido em uma faixa etária mais jovem. Em geral, encontra-se na faixa etária abaixo dos 30 anos. Esses jovens, cultivadores do hábito etílico, perdem a capacidade de obter ou manter a ereção peniana e a ejaculação, efeitos colaterais do consumo excessivo de álcool. Tentam compensar a dificuldade de realizar ato sexual com o incremento do Viagra. A verdade é que, dependendo do nível de embriaguez, a conduta adotada pode até não apresentar o efeito desejado. O medicamento, na presença do álcool, reduz seus efeitos terapêuticos, até porque a consciência encontra-se obnubilada, o que reduz a concentração no ato, eliminando a condição primordial para que a ação medicamentosa se faça.

Considerando também que o custo financeiro do Viagra (e similares) é elevado - cada comprimido custa entre R$ 20,00 e 25,00 - a adoção da conduta não médica de fazer uso desses medicamentos é, na mais branda hipótese, uma idiotice dispendiosa e nula de resultado prático duradouro. Esses caminhos, muitas vezes sem volta, é fruto da ignorância de como a sexualidade masculina funciona e a opção pouco inteligente de seguir uma linha de menor esforço - e ineficiente - no combate à dificuldade erétil.
Autor: Carlos Bayma


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