Consumismo e alienação e seus pontos de junção menos comentados



É clichê entre sociólogos e outros críticos das “doenças” sociais globais – pobreza, alienação, consumismo, xenofobia, etc. – escrever sobre “consumismo mais alienação”. Na verdade, tanto nunca nos cansamos disso como sempre encontramos novos elementos a escancarar. Abaixo mostro resumidamente três pontos que se somam aos tão reiterados reflexos socioeconômicos do comportamento consumista-alienado: o ambiental, o animal e o trabalhista. Embora ainda sejam menos abordados nos debates e discursos, não são menores em importância e nocividade do que os efeitos sociais dessa união maligna.

- Alienação ambiental: é um ponto que vem ganhando importância nas discussões sociológicas, mas não vem tendo a consideração suficiente pelos consumidores. Para que as pessoas permaneçam tentando ser “melhores” comprando mais e melhores coisas, é extraída uma imensa carga de matérias-primas com altíssima poluição industrial e destruição de ecossistemas e gerada uma gigantesca massa de lixo com os produtos que já não fazem o “sentido da vida” do consumista.

Para se consentir que tamanha desgraça esteja sendo feita, é enfaticamente necessário que as pessoas permaneçam dementes, alienadas. Se consomem em excesso, necessariamente não estão nem aí se a Terra está pagando caro. Empresas costumam encorajar esse comportamento dizendo-se portadoras de uma pretensa responsabilidade ambiental, transmitindo a mensagem implícita “Nós somos responsáveis, por isso você pode comprar mais e mais de nós sem nenhum peso na consciência!”.

- Alienação animal: grandes indústrias e empresas alimentícias adoram a ignorância e a aceitação da barbaridade dos testes em animais e da pecuária por parte do povo. Para as segundas, explorar cruelmente e matar dão lucro, vide hambúrgueres, laticínios, produtos de couro e outros cuja publicidade expõe que o consumista vai adquirir, por exemplo, muito prazer gustativo ou charme fashion, e a alienação é uma aliada poderosa.

Está começando a haver uma ainda lenta mudança de posição por parte desses ramos empresariais, o que vem atraindo consumidores vegetarianos e veganos, mas, para a maioria do universo dos pagantes, a ética e o respeito à vida animal ainda não estão entre os valores a serem levados em conta em sua política de consumo. Para essa turma, vale pagar para confinar, explorar, ferir e matar tantos animais para continuar se sentido uma pessoa “legal” e “realizada”.

- Alienação trabalhista: hoje é mais referível à compra evitável, em todo o mundo, de produtos industrializados fabricados na China ou no Sudeste Asiático, países que não provêm direitos trabalhistas minimamente decentes para seus operários. Em alguns casos, há até acusações de exploração de mão-de-obra infanto-juvenil.

Mas, para os alienados, nada disso é levado em conta. Não importa que os trabalhadores das indústrias estejam tendo sua força de trabalho explorada por 70 horas semanais, ganhando baixíssimos salários e sendo proibidos de protestar pelo regime ditatorial de seu país. O realmente importante é que o sapato de 300 reais fabricado por garotos vietnamitas e a motocicleta fabricada por chineses superexplorados farão do indivíduo uma pessoa “melhor”.

Ainda vai dar muito trabalho pensar sobre como a alienação e o consumismo poderão ser varridos do planeta, mas vale enriquecer as denúncias que temos contra esses valores cancerosos. Serão muito úteis nos debates que virão nos perguntando como e por que lutar contra eles de forma amadurecida.
Autor: Robson Fernando


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