VIOLÊNCIA INTOLERÁVEL



VIOLÊNCIA INTOLERÁVEL

No teatro de operações, em que a violência urbana mostra as formas de incredulidade humana, tanto nas grandes capitais, como nas cidades interioranas, bem como nas periferias, o palco da miséria, o cenário visual está execrado pelo modelo socioeconômico atual. “A ordem pública encerra um contexto no qual se encontra a noção de segurança pública, como Estado antidelitual, resultante da observância das normas penais, com ações policiais repressivas ou preventivas típicas, na restrição de liberdades individuais, dispondo, por isso, do poder de polícia”. Uma situação protuberante e que vem despertando a atenção das autoridades policiais e sempre está em baila, a Tolerância Zero. As autoridades policiais tentam se inserir com êxtase nas nuanças da violência. Procuram mostrar a população, por meio de opiniões de vários analistas, jornalistas, as causas e as consequências, bem como soluções que deveriam ser tomadas para o expurgo desse câncer que vem desorientando os seres humanos de todo orbe terrestre.

O programa “O Povo quer Saber”, da rádio O Povo/CBN, traz a figura do secretário da Segurança Pública do Estado do Ceará, Roberto Monteiro para um debate sobre a violência reinante no Brasil, como atenuá-la, visto que dizimá-la seria humanamente impossível. A violência está fortalecida em todos os quadrantes de nossa Pátria. Até as pequenas e pacatas cidadezinhas interioranas já sofrem com a germinação desta violência. O homem do campo, o agricultor em épocas de vacas magras, não consegue colher o mínimo para o seu sustento e da numerosa família. As agruras começam a infernizar a vida desse laborioso trabalhador rural, trazendo-lhe a fome, a miséria, as ações deletérias que transformam ideais de um homem sofredor em esperanças inóspitas, levando-o à migração de seu torrão natal para o desconforto das favelas, dos viadutos e das famigeradas zonas de risco. Sempre contestamos o porquê da Segurança Pública não ter uma prioridade por parte dos governos.

“Dentre os Poderes Orgânicos do Estado que se utilizam do exercício desse poder de polícia, existe um incumbido de zelar pela ordem pública e defesa da coletividade, que é o Poder executivo, através do Ministério da Justiça ou das Secretarias da Segurança Pública dos estados da Federação”. A tolerância zero requer certo conhecimento e destreza, e não sabemos se a nossa cultura seria capaz de assimilar em curto prazo um projeto de tamanha importância. A administração moderna se preocupa muito com a ferramenta SWOT, pontos fortes e pontos fracos, a FOFA (Fortaleza, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças). Será que o governo brasileiro já assimilou estas peculiaridades? Fala-se muito que o policial é despreparado, às vezes violento, mas nunca procuraram ir até o âmago da questão, para ver in loco porque essas nuanças acontecem. Ficar apontando soluções cheias de rutilâncias é atirar para cima e esperar onde o projétil irá cair. Primeiro, o efetivo das polícias (civil e militar) encontra-se defasado, a população cresceu e o efetivo estagnou. Senhores, as Polícias estão carentes de homens vocacionados para o labor da segurança. Não desejamos preencher os claros existentes com candidatos que não tenha vocação para exercer a profissão policial, pois muitos que lá estão entraram como última opção de emprego.

Precisamos de homens combativos, fortes e amem a profissão que abraçaram. O efetivo atual das polícias está cansado, estressado, mal alimentado, com graves problemas financeiros e preocupado com a situação familiar. Infelizmente aliado ao descontrole está à impunidade, pois se não existe um mecanismo de controle, consequentemente não haverá meios que possam solucionar os problemas e punir os infratores, sejam nas esferas disciplinar, penal, civil ou política. Sobre a violência reinante no Brasil e muitas causas estão na inércia dos governos e a tomada de decisão para sanar estes trasgos não acontece. Os políticos hoje estão mais preocupados com a vaga que Lula deixará esquecendo totalmente a Trindade Social: Saúde, Educação e segurança. Uma ótima remuneração para policiais nunca é tratada com carinho e altivez e podem ter certeza, a Segurança Pública é o resultado de todo um complexo de medidas, que começam no campo social. Temos que prover aos jovens caminhos que não sejam cotados pela marginalidade e pelo crime, mas o problema é que tais medidas não saem do papel e caem no esquecimento e mesmice.

Na Holanda a droga é oficializada, no Japão o índice de criminalidade é praticamente zero. Existe uma causa para isso, lá não existe o famigerado ócio coletivo, todos trabalham, a cultura é uma preocupação constante e as crianças não vivem perambulando pelas ruas, vendendo seus corpos para sobreviver, consumindo drogas e, ademais, praticam esporte por prazer e não por obrigação. Hospitais públicos em situação miserável, transporte escolar matando estudantes no interland, flanelinhas nas ruas, esmoleres em grande quantidade, esse écran envergonha, mas os governos continuam de braços cruzados. Todos sabem que criança de rua tem grandes chances de se tornar um perigoso marginal. A melhor opção para amenizar estas chagas malignas ainda e a educação, um bom sistema de saúde, emprego, moradia condigna e a desnutrição fora de combate. Hoje a escola, a faculdade e a universidade das crianças e contraventores ainda é a rua. Estamos à mercê das aves de rapina que nos sugam por meio de uma carga enorme de impostos vampirizadores e exorbitantes. Essa atitude e o mau uso das verbas públicas, essa insensatez são geradores da miséria coletiva e da violência.

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-JORNALISTA-MEMBRO DA ACI E DA ALOMERCE
Autor: Antonio Paiva Rodrigues


Artigos Relacionados


InseguranÇa Continua

AÇÕes Preventivas E Envolvimento Da Sociedade Civil

A InseguranÇa Nas Nossas Vidas

Reforma No Sistema De Segurança Pública No Brasil

Segurança Pública

Um Estudo Sobre A Implantação Do Projeto Ame A Vida Na Cidade De Manaus

SeguranÇa PÚblica Comunitaria