CLIMA UM ENIGMA



CLIMA UM ENIGMA

A Geografia demorou a se tornar ciência autônoma, isto só foi possível nos meados dos séculos IX para o século XX. Dois cientistas de nomeada, Alexandre de Humboldt e Karl Ritter afirmam que o conhecimento da geografia vem atormentando o homem desde os primórdios da antiguidade. Os orientais, os assírios e os caldeus deram grande contributo e já faziam diferenciação entre estrelas e planetas. Estes povos já conheciam seis dos nove planetas conhecidos. Os persas, os fenícios, hebreus e os egípcios estudaram paisagens, transmitiram grandes conhecimentos do mar Mediterrâneo e grande parte do Atlântico, bem como informações sobre a Ásia Ocidental e o próprio Egito e a agricultura a partir das aéreas inundadas do rio Nilo. O povo que contribuiu em maior escala foram os gregos na Antiguidade Clássica, com os estudos de dois grandes personagens, Filolaus e Ptolomeu. A sinonímia de geografia tem derivação grega descrição da terra. Os pirocêntrico e geocêntrico de Filolaus e Ptolomeu vieram acalhar com as idéias de Aristóteles que já afirmava que a terra tinha forma arredondada. Estrabão escreveu um livro em que descrevia fenômenos, inclusive os eclipses, esse livro teve a denominação de Geografia, em vários volumes.

Júlio César e Plínio também escreveram sobre o conhecimento geográfico e fizeram vastas conquistas, pois conheciam as suas fronteiras políticas. O estudo da terra continua até os dias de hoje pela sua complexidade e formas como Geologia, Geofísica, Petrografia, Paleontologia, Pedologia e como atributo final a Geografia. Frederico Ratzel geógrafo estudou a extensão da terra, tendo confeccionado um mapa. Marco Pólo foi o maior contributo que a geografia teve no continente europeu. A Terra faz parte do sistema solar, é um planeta que não tem luz própria, pois gira em torno do sol uma estrela de quinta grandeza e tem um satélite chamado lua. Sendo um planeta habitável por homens e animais, ele está sujeito as condições climáticas, sendo o clima a estrutura física mais importante das paisagens geográficas. O clima não é visto, mas é sentido. A palavra clima deriva do velho grego tendo como sinonímia literal “inclinar” cujo nome significa declividade da curvatura da terra. Aristóteles já definia de outra maneira, eram zonas ou faixas de esfera terrestre limitada por paralelos. Ptolomeu dividiu o planeta em diversas zonas paralelas correspondentes ao clima diferenciando pela duração do dia em função da temperatura.

Já Kopen conceitua o clima como sendo o resultado do andamento do tempo em diversos lugares. A instabilidade pode tornar-se perigosa para os humanos, devido as suas propriedades físicas conhecidas como pressão atmosférica, temperatura e umidade do ar, além dos fenômenos meteorológicos que são as massas do ar, aos ventos, as nuvens e as precipitações. Lavoisier conseguiu pela primeira vem em 1775 isolar o oxigênio e o nitrogênio de outros componentes do ar atmosférico, visto que alguns cientistas diziam que o ar contido na troposfera era apenas um corpo simples. Outros componentes assim como vapores de água e impurezas o ar atmosférico é possuidor.


A latitude e a altitude, a distância do mar, a exposição do lugar aos fenômenos meteorológicos conforme preceitua Manoel Andrade e Hilton Sete são causas que denominamos fatores climáticos. O ar tem peso segundo Galileu Galilei, mas difere da pressão atmosférica. A Lei de Mariotte diz que: “a força elástica varia na razão inversa do volume ocupado pelo gás, sendo o ar uma mistura de gases, para que haja equilíbrio na atmosfera, é necessário que tal força seja igual à pressão exercida pelo peso das camadas superiores.” Torricelli, discípulo de Galileu Galilei foi quem mediu primeiro a pressão atmosférica, com um aparelho inventado por ele chamado de barômetro. A pressão atmosférica varia em função da altitude e latitude. As três grandes massas de ar são: pela localização, a Polar, à Tropical e à Equatorial, sendo que a massa de ar Polar forma duas calotas sobre os pólos surgindo às zonas de temperaturas muito baixas e pressão muito alta, a polar astral provoca mais frio do que a boreal. Tropical é leve e quente na zona dos trópicos, com massa homogênea, tépida, úmida e de baixas pressões, no hemisfério boreal.

A continental e a marítimas são massas secundárias e pode ser conhecida como saariana, que é muito quente e seca, já a marítima cobre o Pacífico e o Atlântico, mostrando-se tépida (que tem pouco calor; morno, tíbio, frouxo, fraco) e úmida. A Equatorial localiza-se próxima ou em torno do Equador causando altas temperaturas, excessiva umidade e baixas pressões. O que separa uma das outras se chama frentes. A umidade relativa do ar vem a ser, a relação existente entre a umidade absoluta e o grau de saturação, ou o vapor d’água que ainda existiria na mesma porção do ar atmosférico. A umidade do ar é o elemento climático mais sensível aos hominais e animais. Quando o ar atmosférico está totalmente saturado e não absorve mais água em excesso se condensa formando nuvens. As nuvens possuem quatro famílias, a saber: (cirros nuvens muito altas), os estratos (são camadas nebulosas que vestem parte dos céus), os nimbos são massas de nuvens escuras, cinzentas, baixas e são responsáveis pelas sombras e grande quantidade de chuvas, os cúmulos são nuvens brancas ou acinzentadas muito parecidas com flocos de algodão e se movem ao sabor dos ventos.

As nuvens condensadas que provocam chuva são as de convecção, as ciclônicas e as de relevo. Os relâmpagos e trovões surgem mais nestes tipos de nuvens. Os granizos são precipitações de gelo, conhecidas como chuva de pedra podem ocorrer em qualquer lugar do orbe, desde que haja condições muito especiais na arrumação das camadas atmosféricas capazes de produzir o fenômeno. A Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) é um dos mais importantes sistemas meteorológicos atuando nos trópicos, ela é parte integrante da circulação geral da atmosfera. Dentro desta circulação geral da atmosfera, existem três cinturões de ventos que são observados em cada hemisfério do planeta Terra. Podemos observar os ventos alísios de baixas latitudes, os ventos oeste das médias latitudes e os ventos de lestes polares. Em particular na faixa equatorial, o aquecimento devido à radiação solar é bastante uniforme e intenso o que provoca baixas pressões à superfície, portanto os ventos alísios de sudeste vindos do Hemisfério Sul (HS) e os ventos alísios de nordeste vindos do Hemisfério Norte (HN) convergem em baixos níveis. A ascensão desses ventos vai provocar um resfriamento em níveis mais altos, perdendo umidade por condensação e precipitação, e ocorrerá em altitude um movimento em sentido contrário, contra-alíseos, até a zona dos cinturões anticiclônicos, onde ocorre movimento subsidente aquecendo-se para formar novamente os alísios.

Esta célula que se forma é chamada de Hadley-Walker. A circulação é dita de Hadley quando ocorre no sentido norte-sul e de Walker quando se faz no sentido leste-oeste. Estes duas células ocorrem simultaneamente. Dentro da dinâmica da circulação oceânica, no que se refere à região equatorial, podemos perceber que tanto no Oceano Atlântico como no Pacífico os ventos que são predominantes de leste geram uma corrente que sofrem um desvio aparente, que para nós observadores terrestres é bastante real.
Tais desvios ocorrem para a direita no Hemisfério Norte (HN) e para a esquerda no Hemisfério Sul (HS), devido à força de Coriolis. Dessa forma, segundo Nobre pôde verificar a existência de uma divergência de água sobre o equador terrestre, que por conservação de massa deve haver uma ressurgência na região equatorial, ou seja, águas frias do fundo do mar emergem para a superfície do mar. Sendo assim, com águas superficiais mais frias a evaporação fica reduzida e estabiliza-se a camada próxima a superfície marítima buscando um equilíbrio.

Tendo em vista esse tipo de raciocínio, um pouco mais ao norte e ao sul do equador deveriam existir duas faixas quentes e associadas a elas duas ZCITs, porém isso não se verifica no hemisfério sul e a ZCIT estabelece-se predominantemente no hemisfério norte. Pegando uma carona bem elaborada e planejada no endereço eletrônico: http://www.master.iag.usp.br/ensino/Sinotica/Diversos tipos de pesquisas já foram amplamente estudadas e divulgadas por variados autores, que afirmam que a ZCIT é um dos principais sistemas geradores de precipitação na região Norte e Nordeste do Brasil. As análises que indicam o posicionamento da ZCIT e que definem a qualidade de uma estação chuvosa em uma determinada região são feitas por variáveis físicas que já foram apresentadas no item anterior. A quantidade de precipitação durante o verão do HS na região Norte, é influenciada por fatores como os mecanismos de brisa marítima que particularmente ocorre o ano todo, a penetração de sistemas frontais, pois nessa época do ano a Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) está mais para o oceano permitindo assim que o fenômeno de bloqueio não ocorra dentro do continente, o aparecimento da Baixa do Chaco que aumenta a confluência em baixos níveis e dessa maneira articula a convecção profunda associada à alta umidade vinda da floresta Amazônica e enfim a ZCIT que na estação de verão está posicionada em latitudes que compreendem a parte norte e nordeste do Brasil.
No inverno a ZCIT está posicionada em latitudes mais ao norte, entretanto sua influência restringe-se apenas ao estado de Roraima. Em anos de El Niño o ramo descendente da célula de Walker se desloca para a região sobre a Amazônia inibindo a convecção. Os ventos Alísios de nordeste estão bem mais fracos, diminuindo assim o fluxo de umidade vinda dos oceanos que penetra na região Amazônica.

Contudo, a ZCIT está posicionada bem mais ao norte do que sua posição normal e então períodos de El Niño são extremamente secos, durante o que seria a estação chuvosa (janeiro, fevereiro e março - JFM) da região Norte, mais precisamente na Amazônia Central. A região Nordeste fica bem ao sul da ZCIT em anos secos, ou seja, em uma região preferencialmente de subsidência (Descida lenta, sobre uma região extensa, de uma massa de ar que, acompanhada geralmente de divergência horizontal nas camadas inferiores, se aquece por compressão e que inibe a precipitação). Em anos chuvosos a ZCIT se desloca até seis? Atingindo a costa norte do Nordeste, permanecendo por períodos mais longos no HS até o mês de maio. Vale lembrar que o anticiclone do Atlântico Norte e consequentemente os ventos alísios de nordeste estarão mais intensos em anos chuvosos, logo a ZCIT estará mais ao sul. Segundo Nobre e Uvo (1989), a permanência mais longa ou curta da ZCIT em torno de suas posições mais ao sul é o fator mais importante na determinação da qualidade da estação chuvosa no norte do Nordeste (NNE) do Brasil, pois é isso que determina a duração da estação chuvosa. Em anos secos, a ZCIT permanece em suas posições mais ao sul de meados de fevereiro até março e, para anos chuvosos até maio.


O estudo tem como objetivo determinar se a ZCIT é um bom percursor para a estação chuvosa e como as suas oscilações de alta freqüência (período de dezenas de dias) podem influenciar a estação chuvosa do Norte e Nordeste. Aconselhamos aos leitores a verem este site que traz tudo sobre condições climáticas, mas apesar de tanto estudo e tecnologia a disposição dos cientistas e estudiosos no assunto, bem como dos curiosos, o tempo ainda nos pregam muitas peças como ocorrem este ano de 2009, onde chove em quantidades alarmantes no Norte e Nordeste e na região Sul não chove e o estado de alerta devido a falta de chuvas (seca) é grande e preocupante. Completando Nobre e Uvo observaram que durante os meses de fevereiro e março, principalmente durante anos secos, a ZCIT apresenta uma interrupção no seu deslocamento para o sul, voltando aproximadamente 1,5 graus para o norte e retornado em direção ao sul para atingir sua posição mais setentrional. Esse comportamento foi referenciado como “salto”. Os autores disseram que não foi possível, entretanto, relacionar os saltos com os ventos e/ou com a TSM sobre o Atlântico devido à diferença entre as escalas de tempo dos saltos (de 10 a 15 dias) e dos dados de tensão de cisalhamento superficial de TSM, que são mensais.

Uma suposição, entretanto é que os saltos de fevereiro e março estejam de alguma forma, ligados à influência das ondas de leste sobre a posição latitudinal da ZCIT. Estudos realizados por Nobre e Uvo, tinham como objetivo constatar a causa do retorno antecipado da ZCIT para o HN, gerando um ano seco no NNE e ainda descobrir o que levava a permanência da ZCIT em suas posições ao sul, acarretando um ano chuvoso. Ou seja, como as migrações da ZCIT no Atlântico tropical estão relacionadas com as anomalias de circulação atmosférica e de temperatura da superfície do mar de grande escala. Diante de tantos estudos e planejamentos colocados a disposição dos governos as medidas tomadas para sanar este problema gravíssimo ainda são bisonhas e muitas das vezes ficam só na promessa e na boa e caridosa ação da população brasileira, por isso chegamos à conclusão, diante do que foi exposto aqui, que p clima ainda é um enigma.


ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI E DA ALOMERCE
Autor: Antonio Paiva Rodrigues


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