UM PAÍS DOENTE



Sucessivas epidemias se repetem a cada 04/05 anos, atingindo várias cidades em diferentes estados brasileiros e, anualmente, o surgimento de novos casos mostra um quadro caótico e aparentemente sem solução.
No ano de 2007/2008 ocorreu nova e grande epidemia no Rio de Janeiro (berço da Saúde Pública!); em Campo Grande, Bahia, Goiânia, Espírito Santo as proporções da epidemia foram semelhantes. Quando estive em Campo Grande em 2007, fiquei alarmada com o elevado número de Aedes aegypti circulando em todos os lugares.
Em Cuiabá, no campus da Universidade onde fui fazer uma prova, havia centenas de Aedes nas salas de aula! Se fossemos “dividir” entre os participantes, haveria no mínimo uns 100 mosquitos para sugar cada um! Costumo encontrar o vetor em hospitais, clínicas, escolas, órgãos públicos...
Conversei com algumas pessoas e comentando o fato ouvi a mesma pergunta: “Estes pernilongos (ou muriçocas) são da dengue?”
Em Salvador, BA, num edifício residencial, em área nobre, muito bonito e urbanizado, ví Aedes no 12º andar!
O fato despertou meu interesse de pesquisadora e busquei entender o que fazia o mosquito naquelas alturas! Foi fácil descobrir: No hall de entrada, ao acessar o elevador, vários mosquitos ‘pegaram’ carona... E, a cada andar, alguns desciam. E no momento que alguém abria a porta dum apartamento, eles entravam!
Recebi um e-mail no qual o remetente relatava ter coletado Flebótomos no 18º andar.
Aonde?
No centro de São Paulo.
É estranho?
Pode ser. Mas está acontecendo muito este tipo de fato. Como ele foi parar lá? Não sei. Por que ele estava lá? Em busca de alimento (sangue).
O grave é que devido a ações equivocadas, falta de ações efetivas no combate aos insetos, eles proliferam de forma assustadora! Se analisarmos que cada fêmea, em seu ciclo de vida ovipõe de 600 a 1.000 ovos, multiplique-se este número infinitamente para entender a extensão do problema!
“Não adianta tratar as conseqüências sem uma ação efetiva sobre a causa do problema. O que vemos hoje é o governo indo para a guerra sem atacar o inimigo, só tratando os feridos. Diante de uma epidemia é preciso agir com rapidez.” Declara Marcos Vilela Monteiro
Engenheiro Agrônomo-Ponto de Vista.
Concordo com o doutor Marcos! Isto está ocorrendo em relação à Dengue e também com a Leishmaniose, onde a ação realizada é recolher cães doentes ou suspeitos e os eliminar!
E o mosquito, pergunto? Milhões se reproduzindo, devido às ações aleatórias e ineficazes...
Segundo o engenheiro doutor Marcos, “Em quatro semanas, três aplicações seguidas do inseticida Malathion em Ultra Baixo Volume, por via aérea, têm o poder de conter a epidemia provocada pelo mosquito Aedes aegypti. O método é utilizado rotineiramente há mais de 30 anos na Hungria, em estados norte-americanos e em Cuba, sem efeitos nocivos para a saúde humana e ao meio ambiente”.
Sempre encontraremos alguém que, além de nada fazer para resolver o problema, irá dizer: “Não dá certo, não funciona”...
Isto faz parte das causas do aumento das epidemias e, certamente, quem pensa assim não perdeu (ainda) ninguém da família com uma dessas doenças, que se propagam infectando milhares de pessoas e matando outro grande número com expressivo percentual de crianças!
Quem está à frente das ações deveria, no mínimo, ler, pesquisar, para entender o que deve ser feito... Bem feito!
O próprio Ministério da Saúde necessita urgentemente de rever seus velhos e combalidos conceitos, que geram suas (des) orientações!
Se o que o MS “preconiza” estivesse certo, certamente não haveria tantos insetos e tantos casos de Dengue e outras patologias transmitidas por mosquitos.
O mais grave é que além de ações equivocadas e mal sucedidas, há muitas pessoas que poderiam questionar, cobrando mudanças, mas não o fazem!
Medo de perder o cargo político?
É lamentável, mas é a nossa realidade...
O que assistimos hoje são famílias comprando inseticidas nos supermercados, que fazem mal, especialmente para as crianças (náuseas, vômitos, cefaléia etc.).
É a ação de jovens mães, querendo proteger seu bebê da Dengue, e da Leishmaniose, aplicando generosamente o inseticida no quarto do dele, justificando: “Não faz mal, não tem cheiro”, sem saber o risco que a criança corre, pois o inseticida pertence ao grupo de permetrinas e piretroides podendo causar graves reações. Pior: faz mal às pessoas e não elimina o mosquito!
Eu gostaria muito de ver órgãos fiscalizadores verificando esta minha denúncia!
Autor: Beatriz Antonieta Lopes


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