Carpe Diem?



Carpe diem?
"Carpe diem quer dizer colha o dia. Colha o dia como se fosse um fruto maduro que amanhã estará podre. A vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente.”
autor desconhecido

Desde pequenos somos assolados por uma questão social, pessoal e filosófica. Muito antes de imaginarmos seu peso em nossas vidas e nas vidas alheias, passamos horas a refletir. Viver como se fosse morrer amanhã ou lutarmos por um futuro que nem sabemos se realmente virá?
É claro que, quando crianças, esse impasse se resume a casos como: “Eu quero chupar picolé, mas mamãe pediu para esperar a gripe passar.” Aos poucos, esses pensamentos mudam para “Será que eu estudo ou vou para a festa?”, do adolescente. Logo depois para “Será que eu levo meu filho para passear ou economizo dinheiro?”, de um adulto já com família constituída.
Mas o assunto a ser tratado aqui não é a mudança de pensamento de uma fase para outra, afinal as questões que ocupam nossa mente no dia a dia variam de acordo com a idade, os costumes, as responsabilidades, com o meio onde se vive e com os sonhos e desejos.
Por isso, não é raro um jovem ter problemas com amigos ou com a namorada e ficar horas, dias e até mesmo mais tempo se preocupando em como resolvê-los, e seus pais o reprimirem por acharem que isso não merece tanta importância. Isso também se verifica quando, por exemplo, uma criança não consegue entender o fato de o seu pai não lhe dar o picolé porque está sem dinheiro naquele mês. Outros exemplos poderiam ser citados, e a melhor solução para a maioria deles provavelmente seria uma maior comunicação e compreensão de ambas as partes. Agora, o que acontece quando o desentendimento está dentro de nós mesmos?
Como foi dito, o assunto aqui tratado não está focado no desacordo existente entre as pessoas, e sim naquele mundo de escolhas que se forma dentro de cada um. E como todos já devem ter experimentado, cada mundo de escolhas traz consigo um universo de dúvidas. Enumerar as possíveis alternativas, uma por uma, não seria a melhor forma para decidir-se, mas sim tratar dos principais pontos que englobam cada uma. E é a duas questões extremas que este tema está relacionado. Duas possibilidades que se apresentam quando surge um dilema. Pensar no futuro ou viver como se fosse o último dia, o tão polêmico carpe diem. Uma encruzilhada que talvez pareça óbvia para quem lê, mas que se mostra realmente intrigante quando estamos diante dela.
Não é preciso sair do cotidiano para aprofundar-se na ideia. O que faz o homem quando falta dinheiro para a viagem prometida a sua mulher e filhos? Será que espera mais dois anos de salário ou toma um empréstimo no banco, mesmo sabendo que terá que trabalhar dobrado para pagar a dívida? E o vestibulando de hoje, deve deixar de se divertir diante dos disputados concursos? E o que ele fará quando se tornar um homem bem-sucedido? Ainda deixará a diversão totalmente de lado para exercer seu trabalho com mais presteza e atenção? Se pensarmos só no futuro, podemos perder o hoje, e ainda corrermos o risco de o futuro nunca chegar. Mas, se só pensarmos no agora, talvez não estejamos prontos para o amanhã, e, então, teremos um futuro inteiro para nos arrepender. A questão já não é mais tão óbvia, certo?
Problemas e impasses como esses sempre existirão. Mas, por sorte, temos o melhor remédio contra eles. Algo que pode não só nos tirar da mercê de tais complicações, como também colocar futuros problemas sob nosso controle: a razão. Se temos um sonho ou objetivo, é sempre bom traçarmos um plano. Mesmo que nem tudo vá acontecer como planejado, fazer esquemas nos ajuda a não nos perdermos completamente. Uma coisa é certa: Como ser social, precisamos trabalhar, cumprir nosso papel no meio em que vivemos, mas, como ser humano, precisamos também nos divertir, satisfazer nossos desejos, cumprir necessidades individuais.
O homem citado anteriormente, por exemplo, poderia ter feito horas extras ou procurado um segundo emprego por um curto tempo, sua mulher também poderia tê-lo ajudado nesse sentido. Um plano B é igualmente bem-vindo. Eles podiam, quem sabe, ter escolhido um lugar diferente, mais barato. Voltando à criança doente que queria picolé, uma alternativa que ela poderia ter escolhido seria entender que não deve tomar gelado e decidir trocar o picolé por chocolate, digamos. O chocolate também é bom e se adéqua à situação do garoto. Se você, caro leitor, estiver se perguntando o que isso tem a ver com o tema tratado, basta pensar na ideia geral. Podemos adaptar aquilo que queremos fazer àquilo que temos que fazer. Se pensarmos um pouco, conseguimos nos divertir sem criar situações que trarão arrependimentos.
Quando se trata de fazer sacrifícios, não é tão difícil pensar em uma solução. Vale lembrar que não podemos acertar em tudo. E, no caso de uma renúncia, está claro que a chance de perdermos ou deixarmos de ganhar algo é alta. A calma com certeza é essencial, não que ninguém vá exigir que uma pessoa que esteja enfrentando uma questão de vida ou morte permaneça fria como um gelo, mas, se houver uma solução, quanto maior a calma, mais fácil será encontrá-la. Ninguém tem tudo na vida, e, se tivermos de fazer uma escolha, cabe a cada um decidir o que é mais importante para si próprio. Se um estudante quer passar na faculdade, não deve deixar de ir a uma aula importantíssima para lanchar com os amigos, e, se ama outra pessoa, não deve deixar de lutar por ela devido ao medo ou à timidez.
Todos, não importa quem seja, têm metas, sonhos e sentimentos, e eles valem mais que tudo. Mesmo que o sonho de alguém seja o de, digamos, ter um emprego não muito valorizado pela sociedade, vale a pena lutar por ele. Apesar de um pouco abrangente, o argumento acima também remete ao assunto principal. Se quando escritas e lidas, essas situações parecem evidentes, frequentemente vemos pessoas temer lutar por seus sonhos ou tomar decisões difíceis. É bom saber que, agindo de acordo com nossos valores e sentimentos e com os daqueles por quem nos importamos, a possibilidade de felicidade a longo prazo é infinita, mesmo que a maioria dos riscos assuste muitas pessoas à primeira vista. Lembre-se, paciente leitor, é mais fácil arrepender-se daquilo que não se fez do que daquilo que se fez e de não ter lutado do que de ter desistido.
É importante que as pessoas saibam que se divertir não significa ser irresponsável. Muitas vezes, observa-se que as formas de lazer são consideradas fraquezas ou falta de interesse, e mais e mais estudantes, trabalhadores e outros que estão se esforçando para atingir alguma meta ficam com peso na consciência ao tirar um dia de folga ou ao sair com amigos em dia de semana. Parece inacreditável, mas até mesmo os finais de semana estão deixando de existir... A diversão não faz mal, tirar meia hora da tarde para cochilar ou um pedaço da noite, por exemplo, para algum hobby ou para praticar exercícios, não machuca e faz até bem. Sair de vez em quando também não é motivo de autodepreciação.
Para concluir o tema coerentemente, basta dizer que nenhum exagero faz bem. È necessário ter bom senso e saber conciliar os desejos e as obrigações. Mesmo que a vida apresente muitos empecilhos, é possível investir no futuro sem deixar o agora de lado, é possível pensar no depois sem deixar de aproveitar o momento. Afinal, o amanhã também um dia será hoje!
Autor: Thales


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