Internacionalização ainda é para poucas empresas



Petrobras, Vale, Gerdau, Odebrecht, Votorantim e Camargo Corrêa são apontadas por especialistas como os bons exemplos de grandes empresas brasileiras participantes do processo de internacionalização, ocorrido mais intensamente nos últimos 15 anos.

Embora essas companhias tenham mobilizado bilionários recursos e obtido sucesso na conquista de participação no mercado externo, poucas companhias obtiveram o mesmo êxito da Embraer. A fabricante brasileira de aviões é o melhor exemplo de companhia que avançou mais em seu processo de internacionalização.
A história da Embraer foge do padrão de todos os manuais.
A Embraer é um exemplo de companhia latina "aspirante" a transformar-se em um verdadeiro "global player". "A maioria das multilatinas são companhias regionais ou bi-regionais".

Privatizada em 1994, com controle pulverizado, grande participação de capital estrangeiro e acordos de troca de tecnologia com grupos internacionais, a Embraer transformou-se em menos de uma década na quarta maior empresa do setor aeronáutico do mundo e líder global no segmento de aviões com menos de cem passageiros. Possui unidades nos Estados Unidos, Europa e Ásia, e mais de 90% de sua receita advêm de contratos fechados no exterior.

A Embraer possui qualidades incomuns em outras companhias latinas. Suas motivações para internacionalização incluem a busca de novos mercados, recursos, redução de custos e ativos estratégicos.
A maioria das multilatinas - as multinacionais latino-americanas - é de corporações com vocação regional.

A principal motivação para o avanço das companhias fora de suas fronteiras é a busca por recursos naturais e a entrada em novos mercados.Isso está refletido na base produtiva e tecnológica da América Latina.

A ida ao exterior é uma ação defensiva contra o ingresso de rivais no mercado doméstico. Outro item determinante é o fato de empresas brasileiras aproveitarem oportunidades em períodos de crise, como foi a compra das companhias argentinas Pérez Compac pela Petrobras ou da Loma Negra pela Camargo Corrêa.

No âmbito global, estudos de especialistas apontam apenas nove empresas que poderiam ser ditas verdadeiramente globais: as americanas IBM, Intel e Coca-Cola, as japonesas Sony e Canon, holandesa Philips, a finlandesa Nokia, a francesa LVMH e a cingapuriana Flextronics - esta última é o único exemplo fora das economias desenvolvidas. Ou seja, o grau máximo de internacionalização das companhias parece ser algo para poucas e raras empresas de excelência.

O fato de poucas companhias latinas terem se internacionalizado, até agora está ligado ao processo histórico de industrialização da região, onde impera a baixa taxa de acumulação de capital, escassez de recursos públicos destinados à indústria, aos setores de educação, pesquisa e desenvolvimento. Todos esses elementos geram um baixo nível de produtividade e uma baixa capacidade de inovação.
Autor: Narciso Machado


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