Diversão - Festa de Fogos



Existia uma aldeia nas montanhas, na qual os moradores todos eram macacos que viviam em paz e tranqüilidade. Os eventuais problemas eram resolvidos por Rosbeh, o chefe da aldeia.
Um dia Rosbeh caminhava no topo da montanha e observava os movimentos de uma cidade lá em baixo, onde moravam seres humanos. De repente avistou, no meio dos prédios, sinais de faíscas e fumaça. Imediatamente chamou seu assessor e mandou-o para o local para verificar o que estava acontecendo.
O macaco enviado foi à cidade, fez pesquisa, voltou e informou ao chefe:
- Na cidade não há nenhuma notícia nova; não há guerra, mas há festa, porque amanhã se inicia o ano novo. Por toda parte, os adultos e as crianças estão comemorando a festa com fogos de artifício. Estes fogos são um tipo de peças pirotécnicas que sobem no ar, explodem e produzem jogos de luzes vistosos.
- Como são fabricados estes fogos de artifício? - Rosbeh perguntou.
- São feitos com dinamites.
- As crianças mesmas é que fabricam estes fogos?
- Não, são os adultos que os fabricam.
- Quais são as utilidades da dinamite?
- É utilizada nas guerras e na indústria.
- Quem oferece estes artefatos para as crianças?
- Os adultos pagam e compram para seus filhos.
- Então, os adultos também viraram crianças, em vez de fazer algo útil, gastam seu dinheiro apenas para queimar? - perguntou Rosbeh indignado.
- Aparentemente, é assim que estão agindo.
- Bem, se o fogo cair em alguma casa, poderá causar incêndio e se cair no olho de alguém, o deixará cego. Quem pagará os prejuízos?
- Ninguém - respondeu o macaco assessor.
- Como os homens permitem esse tipo de diversão? Será que não há um outro melhor? Não existem esportes? Leitura? Teatro? Não há diversão mais útil e menos perigosa? - Rosbeh questionou. - Será que a cidade não tem governante que oriente o povo?
- Tem, mas eles não se metem nessas coisas. Pior ainda, eles mesmos gastam o dinheiro público para acender mais fogos e festejar o ano novo.
- Como então dizem que os homens são mais inteligentes que os macacos? Nós, macacos, nunca fazemos uma coisa tão irracional.
Rosbeh mandou chamar todos os macacos da montanha e disse a eles:
- Meus irmãos e irmãs, eu sou vosso líder e sempre tentei beneficiar a aldeia. Agora, gostaria de compartilhar convosco um assunto serio; está acontecendo algo que me preocupa. Os homens da cidade, perto da montanha, não sabem distinguir entre o certo e o errado. Sendo assim, quem prejudica a si mesmo, pode também prejudicar os outros. Portanto, sugiro que saiamos desta montanha e procuremos uma outra mais longe da cidade, antes que os prejuízos possam nos atingir.
Os macacos começaram a conversar entre si e, por fim, decidiram não sair da aldeia, já que a mudança imediata necessitaria de muitas providências. Rosbeh disse:
- Muito bem, cumpri com a minha obrigação, mas a minha família não ficará mais aqui.
Rosbeh partiu com a sua família e os macacos elegeram outro chefe. Certo dia, mais uma festa na cidade, e os homens comemoraram com fogos. Desta vez, uma das bombas caiu no telhado de uma casa e causou incêndio. O fogo atingiu um armazém e queimou os elefantes que pertenciam ao governador.
Quando o governador soube do incêndio e dos elefantes queimados, chamou os veterinários, e eles disseram que o remédio eficaz para as queimaduras da pele dos elefantes era a gordura da pele dos macacos.
Com a ordem de governador, os caçadores partiram para a montanha para caçar os macacos. Estes começaram a fugir para todos os lados. Alguns perguntavam:
- Qual a nossa culpa?
- Os elefantes são muito importantes e preciosos para o governador - os caçadores respondiam. - Ele tem de salvá-los, custe o que custar. Um elefante vale muito mais do que centenas de macacos.
Os macacos lembraram o conselho do Rosbeh, mas era tarde demais.

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A história mostra um exemplo de hábitos nocivos da sociedade atual. Sem dúvida, muitas coisas que hoje fazem parte da etiqueta social estão erradas, embora dificilmente alguém tenha coragem de condená-las. Mesmo quando surgem os efeitos negativos e malignos destes hábitos, a sociedade tenta isolar o caso dos prejudicados, sem associar as conseqüências com a causa.
Por exemplo, os adultos consomem álcool com a maior naturalidade em casa, nos bares e nas festas. Ainda mais, enfeitam a casa com garrafas de bebida. Não imaginam que os seus filhos possam adquirir o mesmo hábito. Então, um dia descobrem que seus filhos, desde pequenos, teriam experimentado cerveja, depois vinho, e agora bebem tudo regularmente. Isto é, o jovem está viciado em álcool, ou melhor, virou alcoólatra. Neste momento, o pai desesperado vai querer corrigir um erro que é apenas conseqüência irreversível de um hábito social. Os médicos e o conjunto da sociedade, por sua vez, atribuem o problema a uma deficiência orgânica do jovem, uma predisposição congênita, e isolam o caso.
Existem outros exemplos: o pai que vai para o campo de futebol para torcer por seu time, assim como milhares de outras pessoas que o fazem, sem perceber que os filhos pequenos, vendo o pai gritando por seu time, desequilibrado emocionalmente, são prejudicados no seu equilíbrio emocional. Mais tarde, a sociedade se dá conta de que uma geração de jovens se tornou fanática pelas competições a ponto de serem capazes de até matar o torcedor do time adversário, afastando-se completamente dos princípios pelos quais o esporte veio a existir.
Os pais que participam nos jogos de azar, começando com bingo, e aos poucos se envolvendo com outras modalidades, tornam-se maus exemplos para seus filhos e os encaminham para um futuro obscuro e infeliz.
Há necessidade de uma reavaliação dos atuais modelos de diversão adotados pela sociedade - alguns modelos esportivos, casas noturnas, jogos de azar, bares, etc. Verificar quais as vantagens e desvantagens de cada tipo de diversão, por que veio a existir e que conseqüências está havendo agora, a fim de evitar prejuízos ainda maiores no futuro.
A fonte de inspiração para tais avaliações reside nas orientações divinas. Enquanto as pessoas, para resolver seus entraves, apoiarem-se apenas nas suas capacidades limitadas, estarão afastando-se do caminho de bem-estar e desenvolvimento e entram nos trilhos da vã fantasia e perdição. Pois, se confiassem nas leis e princípios divinamente estabelecidos, com certeza não causariam tantos danos a si próprios e umas às outras.

Ó Rebeldes!Minha tolerância tornou-vos audazes e Minha infalível paciência vos fez negligentes, de tal modo que esporeastes o corcel fogoso da paixão em caminhos perigosos que levam à destruição. Tereis pensado que Eu fosse indiferente ou que não percebesse? Bahá’u’lláh

Do Livro de Sabedoria é a Luz que guia, da autoria de Felora Daliri Sherafat
Autor: Felora Daliri Sherafat


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