Coach, quem precisa ou pode ser um?



"Crescemos tanto, quanto a proporção em que diminuímos as nossas indiferenças.

Antonio Tecco Jorge

Um dos maiores pensadores do comportamento corporativo, o australiano Peter Ferdinand Drucker, radicado nos EUA, onde faleceu em 2005, disse, na década de 90, que as pessoas mais valiosas, na sociedade moderna, seriam as que fossem capazes de lidar com informações, conhecimento e liderança. Ele chamou os detentores desse tripé de trabalhadores do conhecimento — knowledge worker. Esses trabalhadores, segundo Drucker, constroem seu próprio conhecimento e criam um modelo novo de aprender e ensinar continuamente, valorizam a autonomia e a autogestão e vinculam os resultados da organização a eles e não o contrário. Com isso surgem organizações cujas inovações e sucessos dependem cada vez mais do desenvolvimento das habilidades individuais e não apenas de seus processos produtivos.

As tecnologias são uma espécie de termômetro ou velocímetro das mudanças pelas quais o mundo passa. Das leis que regem esse universo, a mais conhecida é a Lei de Moore, cuja premissa dizia que o poder dos processadores dos computadores dobraria a cada 18 meses e, contrariando as leis gerais da inovação, essa premissa sinalizava que cada vez os avanços tecnológicos seriam mais acessíveis, por tornarem mais baratos os equipamentos resultantes. Um contra senso? Parecia ser em 1965, quando Gordon Moore, fundador e sócio da Intel, escreveu o artigo que proclamou a lei que leva o seu nome e vigora até hoje. A Intel, é um exemplo das empresas nas quais os knowledge worker são essenciais. A globalização dos mecados, as legislações que garantes os direitos dos consumidores e o acesso à informação criaram o mercado regido pelos clientes. Com isso os knowledge worker são, na vedade, o sonho de toda empresa, e de toda pessoa.

O problema é que a evolução comportamental é muitas vezes mais lenta do que a evolução tecnológica, na assimilação ou na inversão de novos paradigmas. A necessidade das organizações de pessoas com habilidades relacionais, de criatividade e elevado desempenho dobra a cada período, não há gente com esse perfil no mercado. O que, por sua vez, eleva os salários dos existentes, criando uma competição pelos chamados "talentos", que exigem investimentos para sua retenção. É uma espécie de Lei de Moore ao contrário, aplicada ao comportamento. As tecnolgias comportamentais antigas não são mais eficazes e nem tão rápidas. O coaching seria a solução?

A resposta carece de alguns esclarecimentos. O primeiro deles é sobre os motivos pelos quais as organizações mudam mais rapidamente do que as pessoas e mais lentamente do que as tecnologias. Isso se dá, sempre, e esta generalização é verdadeira, através de um indivíduo ou de um grupo deles. Começando pelos inovadores tecnológicos, indivíduos visionários, pessoas de mentes abertas e com habilidades de percepção acima da média. Eles acreditam em suas idéias, em si mesmos e em suas capacidades de influenciar o mundo. Quando surge no mercado o resultado de suas inovações o resto do mundo os acompanha. Um processador mais rápido, um medicamento revolucionário, uma máquina capaz de, simultaneamente, colher, processar e carregar os caminhões com os grãos que retira da lavoura, etc. Normalmente essas inovações proporcionam resultados mensuráveis e incontestáveis. Por isso são assimilados rapidamente, pois se apenas algumas organizações o fizerem, as demais ficarão em desvantagem competitiva.

Uma colheitadeira, cuja cabine é dotada de computadores, ar refrigerado e outras tecnologias de ponta não pode ser operada pela mesma pessoa que antes fazia, braçalmente, o trabalho. As dezenas, centenas e às vezes os milhares de trabalhadores que essas máquinas operárias substituem, e aí inclui toda a automação rural, industrial e, inclusive, equipamentos utilizados na área de serviços, devem se qualificar, desenvolver novas habilidades ou estarão fadados ao fracasso. Os chefes daqueles antigos operários sem qualificação também não são, naturalmente, os candidatos a líderes dessas novas equipes com preparo diferenciado. Isso significa que o processo é uma revolução quase silenciosa, mas amplamente influente e poderosa, cujos “guerrilheiros” empurram a todos para um sistema de duas escolhas, ou a pessoa busca a evolução pessoal ou cai no ostracismo profissional e, por conseqüência, social.

Os líderes da atualidade são pessoas que devem possuir habilidades de comunicação, elevada auto-estima, poder pessoal, flexibilidade, capacidade de aprender e ensinar e, sobretudo, capacidade de delegar. Isso significa que aquele modelo de chefe que ordenava uma tarefa e cobrava os resultados está com as últimas lufadas de ar nos pulmões, caindo na extinção. As organizações de ponta, que são as que puxam esse processo, buscam pessoas com esse perfil, que por sua vez, constroem suas equipes com gente que assimila essa cultura, daí que o sistema agora está fazendo pressão na ponta do fim. Ou seja, os espaços de melhor destaque no mercado serão preenchidos por quem escolher o caminho da evolução pessoal, que por sua vez exige um sistema de autodesenvolvimento constante.

Por este prisma o Coachig é a solução sim. Um bom Coach — profissional que aplica o coaching — possui as técnicas adequadas para diagnosticar os pontos fracos e fortes de seu cliente — o coachee — e listar as habilidades e comportamentos necessários para determinado objetivo. O problema é que o coaching possui limitações relacionadas ao desenvolvimento de habilidades e comportamentos. Suas técnicas não permitem, por exemplo, capacitar um coachee para que este consiga conduzir reuniões, falar em público, perder a timidez, desenvolver a criatividade, etc. O processo de coaching é eficaz em levar o cliente à descoberta de que precisa disso. O coaching é uma ferramenta muito eficaz se associada à tecnologias de mudança comportamental como a Programação Neurolinguística - PNL, que proporciona o desenvolvimento de habilidades como criatividade, auto-estima, poder pessoal, etc. e a eliminação de limitações comportamentais, como insegurança, medos, etc., cuja influencia prejudicam o atingimento dos objetivos do coachee.

Respondendo à pergunta do título, quem precisa de coaching é uma pessoa que precisa desenvolver habilidades que o tornem competitivo nos cenários em que opera, normalmente são pessoas que desejam acelerar sua evolução, por conta própria ou por solicitação de um líder, com quem trabalha ou pretende trabalhar. Já quem pode ser um coach é mais complicado. Uma resposta simples seria qualquer pessoa. Mas se você captou bem a essência deste artigo, um potencial candidato a coach deve ter bem desenvolvidas as habilidades de um knowledge worker.
Autor: Aguilar Pinheiro


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