ESTÃO ZOMBANDO DA DEMOCRACIA



Há muito se processa uma subversão de valores, cujo resultado se manifesta num comportamento social permissivo, onde a indignação e o inconformismo contra injustiças das mais variadas formas, tal como a malversação – conforme noticiado pela imprensa diariamente – dos recursos oriundos de impostos abusivos e espoliativos decorrentes de uma sanha arrecadatória sem precedentes, foram substituídos por um estado de letargia quase geral e crescente, catalisado por sistemáticas campanhas na mídia, cujo objetivo é o de construir uma imagem de “moralidade” a práticas espúrias de governo, seja por omissão, seja por formas deliberadas de agir ao arrepio da lei e mesmo de preceitos constitucionais.
Assim, se sucedem os escândalos, sem apuração e sem condenação. A cada dia eles têm vida mais efêmera, eis que são sepultados por outro mais novo, do qual a imprensa se ocupa e o anterior cai no esquecimento. Os exemplos são muitos: mensalão, dólar na cueca, farra das passagens aéreas, farra da verba para auxílio moradia, nomeações secretas, nepotismo, etc., só para citar alguns a guisa de exemplo, pois os jornais estão fartos de notícias do gênero e até existe na internet um site denominado museu da corrupção!
Desnecessário dizer que na medida em que o tempo passa, a reversão dessa tendência torna-se mais difícil. Ou seja, o tempo conspira a favor dos inescrupulosos de plantão, pois a cada geração – face ao sucateamento da educação – práticas de governo antes condenáveis, vão se tornando mais e mais aceitas, graças ao embotamento da consciência e da capacidade de processar informações e interpretar a realidade, balizada e fundamentada em princípios eticamente válidos e no Estado de Direito e no respeito à Constituição.
Como conseqüência, o povo fica relegado à própria sorte, o empobrecimento recrudesce, a segurança pública se deteriora, a impunidade cresce, o atendimento à saúde piora, a educação torna-se um vexame; e o tecido social sofre um esgarçamento acelerado, porque o Estado ao invés de cumprir o seu papel, transforma-se num ente que privilegia a burocracia pública, que se fortalece pelo corporativismo, para preservar vantagens indevidas ou imorais, enquanto grande parte da população vive em estado de penúria.
As manifestações de segmentos da sociedade - ao amparo ou ao arrepio da lei - através de passeatas, invasões, etc., que ainda se assistem, são induzidas por interesses, na maioria das vezes escusos e o pobre povo não passa de massa de manobra nas mãos de espertalhões que se arvoram na posição de líderes dos explorados; mas que na verdade nada fazem para melhorar as condições de vida destes. Pelo contrário, usam-nos como fonte de poder ou material de barganha para viabilizar os seus objetivos.
Obviamente, a prática contumaz, persistente e prolongada desse estado anárquico vai lentamente deformando a Democracia, tornando-a uma palavra vazia de significado, na medida que realidade e conceito ostentam divergências abissais. Por outro lado, não resta dúvida que esse cenário vem sendo construído pela atuação dos políticos, predatória dos valores morais e da ética, e completamente divorciada da missão a eles confiada nas urnas pelos eleitores.
Face ao exposto, não é de admirar a recente declaração de um senador da República, que soou como um questionamento quanto a utilidade do próprio Congresso Nacional. Se um senador está fazendo tal questionamento, imaginemos o que se passa pela cabeça do povo, diante da quantidade de atos imorais, antiéticos, abusivos, fraudulentos, etc. etc. que diariamente continuam sendo revelados.
Que os políticos se dêem conta que persistir no caminho que estão trilhando é o mesmo que implantar uma fístula nas entranhas da Democracia, cuja ação destruidora poderá levá-la à morte por infecção generalizada. Portanto é necessário mudar essa baderna enquanto há tempo.
É responsabilidade de todos e principalmente dos políticos evitar o desastre!
Autor: Amadeu D Muchon


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