O Brasil entre os anos de 1900 a 1908 a partir da panorâmica de Edgard Carone



O Brasil entre os anos de 1900 a 1908 a partir da panorâmica de Edgard Carone

Rodrigo Froés

Resumo
O presente artigo é um esboço no contexto Nacional no período de 1900 a 1908 apresentado pelo historiador Edgard Carone na obra A República Velha II (Texto e Contexto) (1889-1930) e faz parte da tese de graduação - A Política Amazonense dos Irmãos Nery nos Jornais de Manaus (1900-1908) - de autoria do Professor Rodrigo B. Froés.
Palavras-Chave: Brasil, anos 1900 a 1908, Edgard Carone.
Referencial Bibliográfico
CARONE, Edgard. A República Velha II (Texto e Contexto) (1889 -1930). 4.ed. São Paulo: Difel, 1983
Os anos de 1900 marcaram o país, segundo o historiador Edgard Carone , no Brasil “as eleições de março de 1900 para a câmara federal e para uma terça parte do senado confirmam o benefício das políticas em favor das oligarquias que estão no poder”. O Brasil vivia em todas as regiões um comando de poucos grupos denominados oligarquias, Edgard Carone descreveu que a oligarquia Nery com os seus representantes Silvério José e Antônio Constantino figuravam como lideranças estaduais e federais, mas a oligarquia sofria com a alta excessiva do custo de vida, acompanhada da crise industrial e comercial, sofrendo pressões por conta do desemprego e o descontentamento popular que geraram greves como a dos cocheiros, evidenciando a fragilidade da realidade brasileira, quanto a economia, política e questões sociais .
Edgard Carone traçou uma panorâmica dos vários acontecimentos ocorridos no Brasil no período de 1900-1905 como as lutas partidárias e as relações políticas, o grau entre as questões civis, militares, exército, marinha, a pequena burguesia urbana e a burguesia agrária e mercantil .
Carone abordou sobre o complô monárquico do Rio de Janeiro, que levantou e denunciou os problemas prementes do momento, sobre a deflação iniciada por Campos Sales que provocou a alta excessiva do custo de vida, acompanhada da crise industrial e comercial de 1900; o desemprego e falta de numerário geraram uma onda crescente de descontentamento. As finanças governamentais se equilibraram, mas o imposto de consumo, as obrigações fiscais e o aumento da taxa alfandegária, levaram os produtos a altas cada vez maiores. Em suma houve “descontentamento popular que se traduziu em greves operárias. A intensa e violenta greve de cocheiros, em janeiro de 1900, mostrou o descontentamento geral” .
Em 24 de agosto de 1902 deu-se um novo movimento monarquista agora em São Paulo, na verdade, Carone relatou que a revolta foi resultado de uma aliança de várias tendências que, desgostosas com a situação política e econômica, se uniram numa frente única para tentar derrubar o governo federal de Campos Sales e o de Bernardino de Campos.
Incentivados pelos dissidentes paulistas, monarquistas e militares, os revoltosos pensaram que obteriam facilmente o apoio das classes comerciais e populares, que ainda sofriam as graves conseqüências da política e das crises que se sucederam desde 1900. “A situação das classes trabalhadoras e da classe média, que sofrem com a alta do custo de vida, com a alta excessiva dos aluguéis, com o desemprego, é desesperadora” .
A obra material de reconstrução da cidade do Rio de Janeiro começou em 1903. Para isso Pereira Passos usou de negociações, da força e até de atos extralegais, mas a celeuma que levantou foi pequena, quando comparada ao problema da vacina obrigatória. Na verdade, foram esses fatores somados à alta constante do custo de vida, resquícios de jacobinismo entre outros que conduziram aos acontecimentos de 1904, como nos mostra Carone:

Febre amarela, desinteria, varíola, peste bubônica e outras doenças endêmicas assolam o Rio de Janeiro e outras cidades brasileiras – litoral e interior – tornando perigosa e problemática a vida dos estrangeiros que aportam ao Brasil; o desvio de navios para outros países prejudica enormemente o comércio, a imigração etc. Os organismos sanitários competentes estavam mal distribuídos entre os governos municipal e federal. As tentativas de uni-los vinham desde o tempo de Campos Sales, mas somente com o decreto de 02 de janeiro de 1903 a união se realiza, ficando Diretoria Geral de Saúde Pública responsável pela defesa sanitária da cidade

No dia 31 de outubro de 1904 foi sancionada a lei nº 1261, que tornou obrigatória em toda a República a vacinação e revacinação contra a varíola. Edgard Carone descreveu que as manifestações esparsas e a desconfiança passaram a ser de agressividade, a partir da lei sobre a vacina obrigatória.
As políticas de saneamento e de reforma urbana promovidas no governo de Rodrigues Alves e conduzidas com violência revoltaram a população pobre do Rio de Janeiro. Cortiços e casas populares são derrubados o que permitiu o alargamento das ruas e a construção de avenidas. A população foi expulsa de suas casas e os aluguéis aumentaram absurdamente. A campanha de saneamento também foi violenta: as casas da população pobre foram invadidas e vasculhadas, os utensílios em condições precárias foram inutilizados .
O resultado da situação apontada, segundo o historiador Edgard Carone foi a revolta que explodiu em 9 de outubro de 1904, com a aprovação da lei que tornou a vacinação obrigatória. Repartições públicas foram depredadas, lojas saqueadas e bondes incendiados. A população levantou barricadas em diversas ruas do Rio. A luta se intensificou e as tropas policiais, ajudadas pelos bombeiros, foram incapazes de vencer todos os focos populares. A oposição procurou usar a revolta para derrubar o governo: dia 13 de outubro a Escola Militar rebelou-se. A reação do governo foi imediata. Controlou a rebelião popular e no dia 16 do mesmo mês quando as forças legalistas ocuparam a Escola Militar .
Carone seguiu apontando que Osvaldo Gonçalves Cruz foi escolhido pelo governo para o cargo de diretor-geral da Saúde Pública, em 26 de março de 1903, planejou e coordenou a campanha pela erradicação da febre amarela e da varíola do Rio de Janeiro. Organizou as brigadas "mata-mosquitos" e foi o principal pivô da chamada Revolta da Vacina e da rebelião da Escola Militar contra a lei da vacinação obrigatória. Dirigiu a campanha pela erradicação da febre amarela em Belém do Pará e na zona da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré.
Houve um mapeamento dos movimentos entre as alianças e as oligarquias, e as dissidências partidárias estaduais em constantes peregrinações na busca de apoio nos meios e nos setores militares. Assim também como ocorreram as relações econômicas em detrimento as oligarquias agrárias, as divisões das classes rurais e urbanas .
Autor: Rodrigo Froes


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