O apodrecido centro do Recife



Recife tem muitas bonitas e elogiáveis atrações turísticas, como a praia de Boa Viagem, o Recife Antigo, o Carnaval e tantas outras. Mas seu centro, ao contrário, é definitivamente uma repulsão tanto para turistas como para habitantes da cidade. Juntamente com as inúmeras favelas, aquele lugar é uma das maiores vergonhas urbanas e sociais recifenses.

É basicamente nessas duas categorias de aspectos – urbanismo e questão social – que se dividem os inúmeros problemas do apodrecido velho centro. Em ambos os quesitos, os bairros da área padecem lamentavelmente e causam a vergonha dos(as) cidadã(o)s.

Andando pelas avenidas Dantas Barreto, Guararapes e Conde da Boa Vista e ruas adjacentes, vias mais importantes, é perceptível o estado de decadência física e social daquele ambiente.

Se chegamos à Avenida Dantas Barreto pela Avenida Sul, somos recebidos por construções sem manutenção, mal conservadas, consumidas pelo tempo. Muitas delas são antigas, dignas de se tornar parte do patrimônio histórico tombado, e nunca são revitalizadas. Também são marcantes a extrema desorganização do comércio ambulante, que o Camelódromo não conseguiu disciplinar. Também marcam aquela via a mendicância intensa e a enorme chance de aparecerem marginais, desde trombadinhas até gente armada, e beneficiados pela ausência da polícia e prontos para roubar dinheiro e objetos de valor dos(as) transeuntes.

No caminho, vemos uma total falta de higiene: ao lado do meio-fio, aguinha nojenta, quase sempre colorada e às vezes fedorenta. Em todo lugar, lixo que não acaba mais, que se renova todos os dias, todas as horas. Nenhum mutirão de garis consegue tornar limpa a velha cidade.

A imundície e os contrastes sociais persistem quando dobramos na Av. Guararapes e nas ruas que se ligam a ela. Poças da “aguinha”, catinga de chorume, lixo soberano, prédios tornados feios pelo tempo e mal conservados, tudo isso domina a paisagem. O conjunto arquitetônico-urbanístico dali, existente desde os anos 40, com prédios cuja pintura o tempo consumiu e ruas estreitíssimas, teria sido derrubado há tempos para dar lugar a edificações modernas.

A arquitetura que marca os edifícios da Guararapes e da primeira metade da Avenida Conde da Boa Vista faz do centro do Recife um lugar atrasado, parado no tempo, que não evolui mais, ao contrário de tantas outras cidades que aceleram na trilha do futuro urbano. A maioria das cidades populosas brasileiras nos humilha seriamente em termos de urbanismo e organização.

Na Conde da Boa Vista e ruas adjacentes, percebemos, além da multidão circulante e do horrível corredor de ônibus construído durante a prefeitura de João Paulo, um rico comércio itinerante de CDs e DVDs piratas, mais e mais lixo e aguinha nojenta no chão, mendicância abundante, menores abandonados circulando e verdadeiras feiras sem o mínimo de disciplina os quais mais parecem mercados persas. Além do mais, quando sentamos nas paradas de ônibus, corremos um alto risco de sermos “visitados” por assaltantes que fingem ser mendigos, pedem dinheiro e em seguida cobram o celular, a carteira e, a mulheres, a bolsa.

As fotos aéreas e noturnas dessa área da cidade ainda enganam muita gente, que pensam que somos uma cidade moderna e antenada com o futuro, mas pôr os pés no chão no velho centro esperar o sol chegar nos faz enxergar sua triste e feiíssima realidade.

O centro do Recife parece o pulmão de alguém que fuma há 40 anos, dado o seu estado de deterioração, sujeira e caos social. Observar os detalhes dessa que é uma das chagas de nossa urbe mostra como essa cidade e sua prefeitura são nota zero em urbanismo e política social.
Autor: Robson Fernando


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