Afeto Em Sala De Aula



 

AFETO EM SALA DE AULA

Reação em cadeia no processo ensino-aprendizagem.

Rosangela Rigo*

Vivemos em um mundo capitalista e individualistano qual os pais se dedicam intensamente ao trabalho deixando de lado a instituição familiar, que é a base da formação do ser humano, passando esta a ser considerada, quase que, algo sem importância. A preocupação do coletivo e do individual está focada nas guerras, na violência predominante na cidade e no campo, na realidade econômica, no progresso tecnológico e também no acúmulo de riquezas,no exercer várias funções, empregos ou, então, na sobrevivência. Esta realidade esta levando a maioria dos pais a esqueceremo sentimento de afetividade entre seus membros. E muitos pais desejam para seu filhos progresso físico e intelectual e uma escola que proporcionebons conteúdos de aprendizagem, acreditando que com isso todos os problemas estarão e serão resolvidos. Mas, eles esquecem que a educação das emoções não é menos importante do que a do corpo e mente.

Um dos pilares para trabalhar a pedagogia do amor é criar vínculos com o aluno. E para fortalecer este vínculonão se pode tratarcom uniformidade os alunos.O professor deveobservar em cada educado, seus talentos, suas potencialidades, seus dons esua história de vida. Chamar o aluno pelo nome, mostrar interesseno problema que elelhe narra, parabenizá-lo pelas respostas dadas, são elos que ligam afetivamente o educador e o educando. Muitas vezes uma conversa rápida no final da aula ou durante o intervalo do lanche gera um clima amistoso e confiável para ambas as partes. Gabriel Chalita, educador brasileiro, afirma que só teremos resultados positivos numapedagogia voltada à formação de seres humanos íntegros, talentosos, críticos econscientes. O professor precisa ser movido pela crença de que pode modificar cada um de seus aprendizes em seres humanos melhores, em cidadãos reflexivos e afetivos. E quando o professor não consegue criar laços com seus alunos ocorre um sentimento de perda para ambos. O processo ensino-aprendizagem tem de ser fundamentado em doses equilibradas de razão e sensibilidade e ir gradativamente sendo lapidado.

E neste mundo globalizado, em que vivemos em plena Era da Informação e Informática,em que os nossos alunospossuem acesso às fontes mais variadas de informação, urgeensinar com amor e afeto, sob pena de o educador não conseguir cativar o aluno para a aventura dessa troca mágica de ensinamentos que deve ocorrer no ambiente escolar, dentro de uma sala de aula.O professor deveusar recursos para cativar este aluno que o computador, as revistas, os jornais não possuem. Que somente o ser humano conhece: O afeto, a compreensão... A criançaque desfruta desse processo no ensino aprendizagem passa ver a escola como algo prazeroso e não obrigatório. Porém o aluno quenão faz partedesse processo, tem chances de ser bem sucedidoquanto ao aprendizado dos conteúdos, mas o caminho a ser trilhado será mais ásperoe menos prazeroso nométodo de ensinar-aprender.

Conforme Dairell, "Há sempre uma circulação de conhecimentos formais e sistemáticos, de que os professores são titulares, como também de saberes da vida cotidiana, das formas e conteúdos culturais, de que os alunos são igualmente portadores."

VYGOTSKYafirma que um dos principais defeitos da psicologia tradicional é a separação entre os aspectos intelectuais e os volitivos e afetivos. Elepropõe a ser considerado a unidade entre esses dois processos. Ele explica que a origem dopensamentoé na esfera da motivação, a qual inclui inclinações, necessidades, interesses, impulsos, afeto e emoção. Nesta esfera estaria a razão última do pensamento e, assim, uma compreensão completa do pensamento humano só é possível quando se compreende sua base afetivo volitiva. O distanciamento do intelecto e do afeto, diz VYGOTSKY (1991): "enquantoobjetos de estudo, é uma das principais deficiências da psicologia tradicional, uma vez que esta apresenta o processo de pensamento como um fluxo autônomo de'pensamentos que pensam a si próprios', dissociado da plenitude da vida, dasnecessidades e dos interesses pessoais, das inclinações e dos impulsos daqueleque pensa."

Muitas algumas crianças enfrentam dificuldades em seu desenvolvimento cognitivo e emocional. Possuem inúmeros medos e problemas de relacionamento com outras crianças e adultos. Todavia, o objetivo da ação da escola não é resolver dificuldades nesta área, mesmo reconhecendo a importância dos fatores emocionais e afetivos na aprendizagem do aluno.Cabe, porém a escola , aqui na figura do professor, do educador,proporcionarao seu aluno a aquisição e reformulação dos conhecimentos elaborados por uma dada sociedade. A aprendizagem deve ser embasada em um bom relacionamento interpessoal entre os membros que participam do processo que são: Aluno X Professor. Sabemos que a interação entre professor e aluno é fundamental no processo ensino-aprendizagem. E manter este clima afetivo é fundamental. O aluno se sentirá confiante e não temeroso diante o professor. Oensinar para o professor, não será mais um simples ensinar, mas um envolver-se com o aluno, numa tarefa de ajudá-lo a melhor aprender. "As emoções são os mecanismos que desencadeiam os objetivos no mais alto nível do cérebro." (FIALHO, 201, p. 216)

Mas, convém ressaltar que a forma como o professor se relacionacom ambiente socialem que vive e com o ambiente educativo em que trabalhainterfere na relação afetiva entre professor e aluno. Surgindo a partir danecessidade do professor conhecer com clareza as diferentes dimensões que caracterizam sua práticaa qual possibilitaráde forma positiva que o aluno vá sendo o próprio eixo de sua formação, mas com a ajuda necessária do educador.

O métodotradicional de ensino aprendizagemainda se faz presente nas escolas, quando se trata de relação professor-aluno. O autoritarismo em muitas escolas e professorescontinua enraizado pois, para não enfrentar o "novo"continuamexercendo o papel de transmissores do conhecimentoe tendo ações impostas com rigidez ou aspereza. Mas, o professor não pode ser visto nem se conformar em ser apenas aquele que prepara provas e que ensina conteúdos. Ele tem em sua mãos a função primordial que é educar e aprimorar o aluno como pessoa humana. Pois,oprofessor trazconsigo uma história de vida, que foi influenciada pelas suas vivênciasem família, em sociedade e no trabalho. Por isso, todo professor deve avaliar-see prestar atenção naquilo que pode causar interferência no relacionamento com seus alunos e na maneira como ele exerce seu papel de educador.

Gabriel Chalita, estimula os professores , a direção, a equipe pedagógica, a família, enfim todos que possuam envolvimento com a criança,a desenvolver maneiras alternativas que favoreçam o desenvolvimento integral do educando, fazendo que o mesmo assuma o seu potencial afetivo e criativo equetambém, possaamplia-lo,com a finalidade de corrigir suasdeficiências de aprendizagem e para que suaauto-estima possa ser elevada no momento em que houver valorização do seu potencial e de suas aptidões. A verdade é que, embora o professor tenha alto nível intelectual e grande conhecimento de sua matéria, a maneira como ele se relaciona com seus alunos será a chave do sucesso da transmissãodo que ensina.

* Acadêmica do Curso de LETRAS da UNIDERP INTERATIVA-Pólo São Borja (RS).

Bibliografia:

DAYRELL, Juarez. (Org.). In. Múltiplos Olhares sobre a Educação e Cultura. Belo Horizonte/MG: UFMG, 1996.

CHALITA, Gabriel.Pedagogia do Amor: a contribuição de histórias universais para a formação de valores das novas gerações. São Paulo: Editora Gente, 2003.

FIALHO, Francisco. Ciências da Cognição. Florianópolis: Insular, 2001

VYGOTSKY, L. S. (1991). A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes.

OBS: Texto escrito em homenagem ao aluno Alan Silveira Tavares, da 8ª série da EMEF Ordália Machado, Rincão do Meio, São Borja (RS) - 2007.


Autor: Rosangela Rigo


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