A Angustia Do Não Sentir.



  A angustia do não sentir!

Sofro de uma moléstia cognitiva -  estou sempre procurando conceituar tudo.

Existem coisas e situações que somente precisam ser sentidas, que por natureza são descomplicadas, mas há uma persistência do pensamento generalizante de querer explicar e conceituar a tudo, é característica de nossa sociedade que super valorizar o pensamento, a razão, como se nós forcemos meras anatomias, totalmente previsíveis e existíssemos tão somente neste corpo material.

Sou "cria" desta sociedade alienante, que torna a todos um numero... E que a todo o momento, dita o que eu devo ser... O que devo pensar... O que devo usar... Como devo me portar...

Esta sociedade que despersonaliza o individuo, impondo de múltiplas formas a uniformidade... Não o ser é que vale a lutar, contra um modelo cultural de sociedade massificante que usa da inversão dos valores.

É que o pensamento é posto superior ao sentimento... A escola, por exemplo, investe na desconstrução do sentir... Saber é mais importante! A afetividade é dissociada no processo da aprendizagem, como se fosse possível "ser" fora das sensações...

Vivemos numa era de mecanismos que fragmentam o individuo... Criam especialistas para tudo... Preocupam-se por demasia com as partes em antagonismo com o todo... Onde a ciência manipula a vida e o sentimento é posto a margem.

Há uma verdadeira "indústria", interessada numa forma de vida onde as pessoas não passam de alvos consumidores, e que por isso só precisam sentir, o que é comercialmente oferecido nas suas vitrines, e como cria desta sociedade só me resta a angustia de estar nela sem vivê-la, como se fosse possível...

A crise existencial de todos os tempos deve ser neste século XXI mais conflitante, porque ao mesmo tempo, em que a ciência e a tecnologia revelam a natureza de quase todas as coisas, põem em cheque as crenças sobrenaturais que antes confortavam, e tudo podia explicar é preciso achar um caminho, em meio a extremos...    


Autor: Adriana Melo


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