Liga Mundial. Ganhamos fora da quadra.



Liga Mundial: Ganhamos Fora da Quadra

Eduardo George Cupaiolo 

A sensação que tenho ao me deparar com as qualidades de liderança do senhor Bernardo Rocha de Rezende, o Bernardinho, deve ser a mesma que teria um paleontólogo que, de repente, se visse frente a frente com um dinossauro vivo.

Estudar casos e mais casos, e tentar descobrir os meandros (e os leonardos), de um assunto é uma coisa, mas ver alguém de carne e osso representar tão bem alguns dos aspectos mais importantes do que é ser um líder, é uma grande satisfação. Maior ainda, quando já se está cansado de ler tantos livros e artigos em que os exemplos são sempre de personagens estrangeiras.

- Quantos já ouviram falar de Baby Ruth, por favor, levantem a mão...!?

Esse caso é bem diferente. Está aí. Ao vivo e a cores. Disponível. Brasileiro. Acessível. Quero homenageá-lo, e a todos os de sua equipe pela conquista do Campeonato da Liga Mundial de Volêi, destacando algumas das qualidades demonstradas por ele, exemplos para qualquer um de nós responsáveis por liderar equipes.

Falo baseado nas impressões fortes que tive ao ouvir algumas de suas entrevistas e na convicção de que só realmente um líder de altíssima qualidade poderia levar seu time à 8a. vitória na Liga Mundial.

Ao falar dele, dá para pensar na sede, no cansaço e nas dores de cada um de seus atletas durante uma partida de final de campeonato naquele quinto set disputadíssimo.

Sede. Quem diz que sabe tudo, só deixa claro sua mais perfeita ignorância: sabe tão pouco a ponto de não saber o quanto que ainda não sabe. Só aprende quem é humilde para se submeter ao processo de ser ensinado: por pessoas (a maneira mais humilde), pelas circunstâncias (a mais sábia), pelos seus erros (a mais dolorosa) e pelo erro dos outros (a mais fácil).

Bernardinho tem sede de crescer. De aprender. Aprende de todas as formas possíveis. Aprendeu quando era um jogador para poder se tornar um técnico. Continua aprendo para ser o melhor deles. Não se conforma nem com o que já sabe, nem com o que já alcançou, nem com quem já é. Mal acabou de vencer já está com a cabeça no próximo campeonato. E dá uma dica muito importante para todos que querem se desenvolver: lê muito. Aprende com riqueza das experiências dos outros.

Cansaço. Para quem tem um histórico de vitórias tão indiscutível, seria muito fácil se embriagar com a fama e relaxar.

Ele, entretanto, prefere não deixar que o transformem em um deus.

Digite “Bernardinho” em sites de busca e ficará tão frustrado quanto eu. São pouquíssimas as informações que se colhem dele na internet. Poucas as fotos.
Nenhuma homepage particular.

Demonstra esta mesma preocupação quando, mesmo sem abafar o carisma de seus jogadore, trabalha sem se cansar para que a estrela seja o time e não um ou outro jogador. Não é por acaso que não dispõe de reservas. Tem na realidade 12 titulares.

Dor. Sabiamente alguém disse que as pessoas perguntam primeiro com o quê o líder se importa antes de com o quê ele deseja delas. Bernardinho tem dado uma aula de liderança ao se envolver de verdade com as pessoas que habitam os uniformes da Seleção. Identifica suas características, suas necessidades de desenvolvimento e extrai o máximo de seu potencial. Participa. Mostra. Dá o exemplo. Quando é preciso, enxuga a quadra.

Mas alguns se chocam com a forma nervosa e visceral com que ele esbraveja na lateral da quadra a cada ponto perdido, a cada toque mal executado.

Particularmente, acho que é a forma dele simpatizar com a dor, o cansaço, o suor e a vibração de cada um dos seus jovens e não tão jovens pupilos na quadra.

Para ser sincero, acho que essa nossa vitória na Liga Mundial como todas as outras são fáceis de explicar.

Todos os outros times tiveram apenas 6 jogadores na quadra de cada vez.

Nós sempre tivemos 7.
Autor: Eduardo Cupaiolo


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