Escola Inclusiva: direito de todos



Escola Inclusiva: direito de todos


No presente artigo pretendo expor algumas considerações sobre o contexto da educação inclusiva no Brasil, refletindo sobre como se dá o cumprimento da inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais nas escolas brasileiras. É preciso rever alguns conceitos e compreender como ela realmente acontece.
Inclusão, segundo o Dicionário Aurélio é ação ou efeito de incluir, encerrar, inserir, envolver, implicar, abranger, ou seja, compreender, aceitar alguém como é, abranger, alcançar, atingir. No que se refere à inclusão escolar, é o ato de incluir pessoas portadoras de necessidades especiais na participação de todo o processo educacional. Segundo a Declaração de Salamanca o termo "necessidades educacionais especiais" refere-se a todas as crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem e, portanto, possuem necessidades educacionais especiais em algum ponto durante a sua escolarização.
No Brasil, a inclusão tem sido confundida com integração que, segundo o Dicionário Aurélio, é ação ou efeito de integrar, ou seja, completar, inteirar, fazer entrar num conjunto, num grupo. A diferença está na forma como ela acontece; a escola inclusiva acolhe todos os alunos, com ou sem deficiências; no entanto, quando ocorre somente a integração, o aluno deve se adaptar às exigências e rotinas da escola. Ocorre que, hoje, colocam-se alunos “especiais” nas classes ditas “normais” para que convivam no mesmo ambiente, mas não ocorre a compreensão e o envolvimento das crianças para uma melhor aprendizagem. As escolas apenas os recebem e os deixam se adaptarem às suas rotinas, mas não existe envolvimento dos alunos especiais com os demais alunos e com toda a equipe escolar; o professor que “pegou” que procure fazer o possível para mantê-los dentro da ordem da escola. Mas, não deveria ser assim; a escola deve estar preparada para receber alunos especiais da mesma maneira acolhedora com que recebe os alunos “normais”, trabalhando para e com eles de modo a garantir progressivo desenvolvimento da aprendizagem, física, social e intelectual.
É possível tornar uma escola inclusiva desde que muitos paradigmas sejam quebrados. O primeiro deles é a idéia de que alunos com necessidades educacionais especiais não aprendem; na verdade, toda criança é capaz de aprender, mas cada uma tem suas peculiaridades, que precisam ser observadas e trabalhadas individualmente. Ocorre que, vemos salas de aula lotadas e com um único professor, faltam materiais didáticos e jogos educativos, os espaços físicos são inadequados, não há formação adequada aos professores e demais profissionais da escola (inspetores, secretários, faxineiros, etc.). O segundo deles é o fato de muitos pais não aceitarem as necessidades educacionais especiais de seus filhos e culparem a escola por eles não aprenderem logo, como os demais; os pais são parte fundamental para a aprendizagem dos filhos e faz-se necessária uma parceria entre esses e a escola.
Também é fundamental compreender que cada criança tem seu tempo para aprender, independente de ter necessidades educacionais especiais ou não. O processo de aprendizagem depende de um complexo conjunto de atividades acontecendo ao mesmo tempo: parceria entre pais e escola, formação dos profissionais de educação, bom uso dos materiais didático-pedagógicos, ambiente físico adequado, acompanhamento médico e psicopedagógico freqüente, entre outros.
Atualmente, a criança entra na escola, o professor percebe as dificuldades do aluno, encaminha para atendimento especializado, aguarda meses e, ao final, talvez receba um laudo. Não é acompanhado nem orientado e, muitas vezes, age sozinho no trabalho com trinta e tantos alunos, cada um com suas peculiaridades; preenche relatórios, que quase ou ninguém lerá. Juntando isso à falta de ferramentas adequadas, o aluno é integrado ao grupo e prossegue com os demais. Dessa maneira, os pais sofrem, pois seu filho demora a aprender, os professores sofrem, pois sabem que poderiam acontecer progressos maiores se houvesse mais tempo e ferramentas para utilizar com cada aluno. Assim, dizer que a escola atende alunos com necessidades educacionais especiais é hipocrisia, pois as crianças são integradas ao mesmo sistema falho de educação.
Para que a escola se torne inclusiva é preciso mais do que integração, é preciso atendimento a todos, individual e multidisciplinar, de modo a se valorizar o que cada um tem de melhor e superar as suas necessidades, seja o aluno especial ou não.
Autor: Elaine Aparecida Petrin


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