O CARNAVAL E A BALANÇA SOCIAL



O carnaval vem aí com o seu aparato de cores, adereços e "a alegria" que marcam a nababesca movimentação desses dias. De um lado, muita gente aproveita para tirar férias e gasta toda ou boa parte da sua economia. De outro, estão aqueles que se endividam e trabalham o resto do ano para pagar o que esse período lhes devorou. Sucessivamente, ano após ano, década após década, seguem nessa erosão de suor e riqueza.

Os principais argumentos dos "defensores intransigentes do carnaval" são:

·Promove o turismo , principalmente o externo, e injeta recursos na economia;

·Gera milhares de emprego durante o período carnavalesco;

·Leva "divertimento e alegria a um povo sofrido".

Dados oficiais dão conta de que em Fevereiro/2007, no período do carnaval, foram gastos U$ 498 milhões por brasileiros no exterior contra U$ 414 milhões gastos por estrangeiros aqui no Brasil. Não obstante a "força atrativa do carnaval", a evasão de divisas foi de U$ 84 milhões.

Não se trata de lançar dúvidas sobre os motivos (sabe-se lá!) para brasileiros irem gastar suas economias no exterior mas de perguntar cadê a força do carnaval? A matéria abaixo enfatiza que é o maior valor gasto desde Fevereiro de 1947. Ora, o carnaval de hoje não é muito mais moderno do que o de 1947?

"Brasileiros viajam mais, Sexta-Feira , 23 de Março de 2007.

Nunca o brasileiro viajou tanto para o exterior como no último carnaval. Segundo o Banco Central, nossos turistas deixaram lá fora U$ 498 milhões, o maior valor já registrado em fevereiro desde 1947.

Já os estrangeiros que vieram para cá gastaram durante o carnaval U$ 414 milhões. O resultado também é recorde."

Fonte: http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJS0-3076-20070323-272698,00.html.

Só para contextualizar melhor o fato, essa matéria do Jornal Hoje da Rede Globo, é do dia em que Marta Suplicy tomou posse na "constelação de Lula", como Ministra do Turismo.

Em que pese o respeito à liberdade dos que gostam dessa festa, peço licença para manifestar a minha opinião – contrária– e o que considero acerca do carnaval. Um evento cujo custo é COLETIVO e o benefício é PRIVADO. O excesso de alguns é pago pela coletividade. Por quê? Uma opção pouco convincente para se gastar tanta energia em tão pouco tempo. Não sou dos que satanizam esse tipo de manifestação mas o carnaval brasileiro tem essa dimensão porque a Igreja Católica, usando o ardil "se não posso com o inimigo passo para o lado dele", compactuou com o Estado e o prêmio pela condescendência foi permanecer dona do calendário civil brasileiro. O carnaval é uma festa que precede o descobrimento do Brasil e até hoje existe em outros países. Por que só no Brasil é assim? Porque houve a harmonização entre os contrários: o carnaval (do momo/gordo, da carne, do excesso, da libertinagem) e a quaresma (do magro, do jejum de carne, do comedido, da penitência). É a personificação do "acender uma vela para Deus e outra para o Diabo". AMBIGÜIDADE! Marca do Clero Romano.

A notícia acima prova que o carnaval nem segura o turista nacional e nem atrai o turista estrangeiro. Já a lixiviação aos cofres da nação é implacável. As áreas brutalmente impactadas são:

SEGURANÇA

Polícias Rodoviária Federal, Civil e Militar, Corpo de Bombeiros e Defesa Civil demandadas para atender a acidentes de veículos, ocorrências de roubos, furtos, assaltos, arrombamentos, homicídios e outras desavenças.

SAÚDE

Atendimento às vitimas de acidentes, atentados, assaltos, roubos, abortos, desintoxicação alcoólica e outras drogas.

LIMPEZA PÚBLICA

Movimentação de grande contingente a fim de colocar ordem na desordem.

FORÇA DE TRABALHO

Perda de tempo e energia por muita gente, potencialmente produtiva, em atividades extasiantes que nada constroem em contrapartida.

PÓS-CARNAVAL

Muitos desses problemas continuam onerando o erário, após esse período, somando-se a mazelas sociais como a gravidez indesejada, as DST-Doenças Sexualmente Transmissíveis, desintoxicação pelo uso exagerado de drogas lícitas e ilícitas e ao desemprego.

Para completar o meu, digamos, ceticismo acerca do carnaval destaco a seguinte matéria:

"Jornal inglês diz que Mangueira está em "inferno astral", Sábado, 19 de janeiro de 2008, 15h50

"Drogas, armas e passagem secreta: escola de samba em crise" é o título da matéria que o jornal britânico The Guardian, um dos principais da Inglaterra, publicou neste sábado sobre os supostos vínculos entre a Mangueira e o tráfico de drogas.

A notícia destaca as relações entre o traficante Fernandinho Beira-Mar e o ex-presidente da Mangueira, Percival Pires, um dos convidados da festa de casamento do criminoso.

Segundo a Rádio Jovem Pan, o diário cita ainda notícias da imprensa brasileira sobre a passagem secreta que teria sido descoberta na quadra da verde-e-rosa, que seria usada pelos traficantes locais.

O The Guardian completa a reportagem relatando a polêmica detonada pela informação de que um dos autores do samba-enredo da Mangueira para o Carnaval deste ano, Francisco Monteiro, o Tuchinha, seria procurado por tráfico de drogas, e que assinaria sambas sob o pseudônimo de Francisco do Pagode. "

Fonte: Portal do Terra

http://carnaval2008.terra.com.br/interna/0,,OI2250838-EI10735,00.html

Não posso pré-julgar mas do território carnavalesco a notícia que me causaria perplexidade seria "foi descoberto nas escolas de samba X, Y e Z centros de excelência em Cidadania com Educação Geral, Educação Alimentar, Educação Ecológica, Educação para o Trabalho, Educação para o Empreendedorismo e Educação Financeira".

Eu até me calaria na hipótese em que o balanço entre perdas e ganhos, do carnaval, fosse traduzido por melhorias como a geração de empregos permanentes e o aumento de pequenos negócios.


Autor: FRANCISCO DE LIMA GOMES


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