DETECÇÃO DE ARTEFATOS EXPLOSIVOS



RESUMO

O presente trabalho abordou a detecção de artefatos explosivos sob a ótica de um moderno administrador de segurança no universo empresarial situado no Brasil. Buscou trazer um panorama da área e das principais tecnologias desenvolvidas, mas acima de tudo procurou dar subsídios ao administrador de quanto realmente esta área necessita de investimentos num país como o Brasil e qual o nível de preocupação que tal contexto exige.


1. INTRODUÇÃO


A ameaça de bomba é, talvez, uma das mais terríveis vertentes de pavor popular. Estar à mercê de um artefato explosivo é, sem dúvida, motivo de pânico e desespero para funcionários, clientes e público em geral. O administrador de segurança tem em mente, também, que além dos aspectos inerentes à segurança pública, ocorrências deste tipo podem inviabilizar um empreendimento, seja porque a clientela não confie mais no ambiente físico em que ocorreu a explosão, seja porque o nome da empresa e/ou do local ficou muito associado com o fato. Mesmo que não inviabilize totalmente a empresa, explosões podem causar danos difíceis de serem absorvidos: em 11 de junho de 1996, um shopping da cidade de Osasco, grande São Paulo, sofreu uma explosão que levou à morte 42 pessoas. A imagem do empreendimento ficou – por anos – associada à desgraça daquele dia e foram gastos milhões com indenizações e recuperação da imagem. Hoje em dia o shopping tem um movimento normal, contudo, a causa da explosão foi um vazamento de gás no subsolo... e se fosse uma bomba? Provavelmente os custos de recuperação do empreendimento seriam bem maiores,,, Até hoje os responsáveis pelo shopping têm suas responsabilidades analisadas em tribunais superiores (1).
O Brasil, num contexto geral, não está suscetível a ataques a bomba em função de atividades terroristas, seja pelas relações com outros países, seja pelo contexto político interno. A ameaça de bomba – normalmente – estaria ligada a organizações criminosas, tais como o PCC – em São Paulo – ou o Comando Vermelho – no Rio de Janeiro. Ou, em última análise, a experimentos de desajustados, criminosos comuns e outros devido “a facilidade de acesso às substâncias necessárias à fabricação de explosivos “ (2).
As organizações criminosas, no mundo inteiro, utilizam-se da violência como forma de intimidar pessoas, organizações e governos para proteger, manter ou ampliar suas atividades criminosas. O FBI define crime organizado “as any group having some manner of a formalized structure and whose primary objective is to obtain money through illegal activities. Such groups maintain their position through the use of actual or threatened violence, corrupt public officials, graft, or extortion, and generally have a significant impact on the people in their locales, region, or the country as a whole. “(3). Adriano Oliveira, citando Guaracy Minguardi, aponta quinze características do crime organizado e dentre elas está “o controle territorial” e o “monopólio da violência” (4). Assim como outras instituições e autores observam, a violência é uma característica destas organizações criminosas.
O uso de artefatos explosivos no âmbito das organizações brasileiras pode estar vinculado a atuação destas organizações. O administrador de segurança precisa conhecer os diversos instrumentos de prevenção contra bombas para – avaliando os contextos políticos e sociais da região em que a empresa está inserida – decidir se deve ou não investir nestes sistemas de prevenção e, se decidir que sim, qual a complexidade do sistema e o valor do investimento.


2. DETECÇÃO DE ARTEFATOS EXPLOSIVOS.


2.1. Conceitos.

Artefato explosivo é o nome que se dá ao conjunto de detonador e carga principal, popularmente conhecido como bomba. Tem a característica de poder ser acionado e explodir num determinado momento, sob o comando de um operador.
A detecção de artefatos explosivos é o mecanismo que permite identificar a presença de tais artefatos antes que os mesmos sejam detonados.

2.2. Principais explosivos.

NOME CARACTERÍSTICAS

PÓLVORA: Mistura de Nitrato de Potássio (75%), Carvão (15%)Enxofre(10%).

NITRATO DE AMÔNIA NH4NO3: De uso comercial, encontrável em fertilizantes agrícolas. Perigosíssimo se adicionado ao óleo diesel.

NITROGLICERINA: Uso militar e comercial. Usada na fabricação da dinamite.

DINAMITE: Invenção do cientista sueco Alfred Nobel (1867). Composta de nitroglicerina, nitrocelulose, nitrato de amônia, carbonato de sódio e outros.

RDX: Hexogênio. Uso em artefatos militares.

NITROPENTA: Tetranitrato de Pentaeritritol, designado pela sigla PETN. Uso comercial e militar.

TNT: Trinitrotolueno. Uso militar.

C-3: Contém PETN e RDX. Alta potência. Uso militar.

C-4: Mais potente que o C-3, contém 95% de RDX.

FONTE: SOTAI (5).


2.3. Detecção.

A) SCANNERS DE RAIO X.

Utilizados em aeroportos, portos, empresas de correios e outras organizações, tais aparelhos por intermédia de ondas raio-x, escaneiam bolsas, pacotes, bagagens em geral, roupas com a finalidade de descobrirem objetos pérfuro-cortantes, drogas ilegais e artefatos explosivos. Na Europa e EUA é comum museus, teatros, monumentos, edifícios públicos e privados e outros locais de grande fluxo de pessoas possuírem scanners deste tipo. Já no Brasil não é tão comum. Mas é uma tecnologia relativamente simples, passível de ser facilmente encontrada no mercado.


B) DETECTORES PORTÁTEIS.

São capazes de detectar a presença de explosivos ou drogas pela aspiração dos vapores emitidos em compartimentos fechados ou através da fricção de um pequeno coletor de amostras. Dá mobilidade ao agente fiscalizador, pois os aparelhos são portáteis. É uma tecnologia diferente dos scanners. Também já se encontra disponível no mercado.


C) NOVAS TECNOLOGIAS.

Desde 1995, o grupo de Neutrongrafia do Programa de Engenharia Nuclear da COPPE/UFRJ iniciou um estudo sistemático visando estabelecer uma base conceitual e prática para a detecção de entorpecentes e explosivos ocultos por materiais comumente utilizados para mascarar uma revista não automatizada e, ao mesmo tempo, dar suporte à montagem de um equipamento neutrongráfico em tempo real, visando a segurança Pública Nacional, em termos do controle do tráfico de drogas, explosivos, armas e materiais nucleares, dentro da busca da COPPE de estar sempre na vanguarda das pesquisas. A pesquisa visa desenvolver um sistema Neutrongráfico em Tempo Real para a Inspeção Não-destrutiva de materiais específicos por uma unidade Neutrongráfica em Tempo Real que beneficiará substancialmente o serviço de controle de embarque de bagagens nos terminais aéreos domésticos e internacionais do País, no que se refere a sua segurança, em termos de detecção de explosivos e entorpecentes ocultos. O sistema Neutrongráfico em Tempo Real prporciona o controle de bagagens automaticamente no que se refere a explosivos, armas, drogas e material nuclear levados por passageiros em trânsito nos aeroportos. O sistema beneficiará os trabalhos intensivos de apreensão desses materiais, que geralmente vem ocultos por outros, com o propósito de mascarar uma revista não automatizada. Visando atender à necessidades sociais, enquadra-se também o projeto e desenvolvimento da pesquisa sobre "Detecção e identificação de microorganismos em meios de cultura pela técnica neutrongráfica". Visando contribuir para o bem estar social, a técnica é vantajosa, porque, por exemplo, em termos de uma cultura sanguínea, ela possibilitará o salvamento de vidas, pois permitirá ao médico administrar o antibiótico capaz de atacar a bactéria, num menor espaço de tempo que o exigido pela técnica convencional (cerca de 5 horas), quando uma análise de cultura de sangue exige, no mínimo, 72 horas.
FONTE: CNPQ (7).


3. CONCLUSÃO


No mercado há opções para a detecção de artefatos explosivos para a aplicação tanto na empresa privada como nas organizações públicas. O mercado brasileiro está, pelo menos até hoje, livre de atentados a bombas com finalidades políticas e/ou práticas de terrorismo, seja de origem externa ou interna. Contudo, a existência de organizações criminosas é sempre um fator de preocupação no administrador de segurança: eventualmente, para a prática da violência tais organizações podem escolher, como já ocorreu em 2006 em São Paulo, alvos aleatórios para a demonstração de força. Talvez seja aí o ponto no qual a segurança da organização deva refletir na oportunidade de criar mecanismos para a detecção de bombas.
De forma geral, o administrador deve conhecer os riscos e a tecnologia à disposição para atenuá-los.
Uma última observação que se faz necessária como medida de segurança: artefatos explosivos são objeto de estudo, análise e manipulação de profissionais. Ao menor sinal da existência de um explosivo, o administrador da segurança deve isolar o local, na maior distância possível e chamar ajuda especializada: em São Paulo, o DEIC, da Polícia Civil possui o Anti-Bombas e o GER, unidades com ampla especialização capazes de gerir crises deste tipo. A Polícia Militar também possui unidades especializadas. Somente os profissionais das polícias terão a plena condição de lidar com tais ameaças.




REFERÊNCIAS.

1)Site : http://www.notadez.com.br/content/noticias.asp?id=34387
Consultado em 10/06/2007.

2)Site: http://www.centrodorio.com.br/detect/info_explo.htm
Consultado em 10/06/2007.

3) Site: http://www.fbi.gov/hq/cid/orgcrime/glossary.htm
Consultado em 10/06/2007.

4)OLIVEIRA, Adriano. O Estado e o Crime Organizado. Tese de Doutorado. Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, 1996.

5)Site: http://www.sotai.com.br/ocorrencias.htm
Consultado em 10/06/2007.

6)Foto do Site: http://www.istockphoto.com/file_closeup/?id=1217344&refnum=708134&Lang=en
Consultado em 10/06/2007.

7)Do Site:
http://plsql1.cnpq.br/dwdiretorio/pr_detalhe_bt_grupos?strPNroIdGrupo=0202309GCO8Z4A&strPQuery=&strPConector=ALL
Consultado em 10/06/2007.
Autor: Herbert Gonçalves Espuny


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