CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA PARA A EDUCAÇÃO



A actividade pedagógica requer sobretudo do professor e para o seu bom desempenho identificar, compreender e lidar com o comportamento do aluno.

A interacção professor/aluno muitas vezes é permeado por factores subjectivos que exige do professor socorrer-se da psicologia nas mais diversas acepções para melhor se posicionar.

Isso mostra a educação por si só não pode dar ao aluno a compreensão da resolução das situações que o envolvem no processo inacabável da aprendizagem. Por este motivo, e não só, várias contribuições da psicologia se congregam para os fundamentos da educação.

A psicologia da educação nos dias de hoje deve preocupar muito ao professor pelo seu papel desafiador no quotidiano e pela procura da compreensão da dimensão estrutural da menta do aluno.

O encandeamento e reflexões em torno de algumas teorias brotaram no presente artigo, com alguns subtemas.

1. O DESENVOLVIMENTO E SUA RELAÇÃO COM A APRENDIZAGEM

Para muitos autores, a aprendizagem afigura-se como sendo o núcleo da psicologia. Tudo porque, é a aprendizagem que determina o nosso pensamento, a nossa linguagem, as motivações, as atitudes, a personalidade.

Por esta razão é evidente que o desenvolvimento humano (mente) dependa da aprendizagem, sem ela deixa-se de aperfeiçoar ou amadurecer as qualidades que nos são peculiares.
Praticamente todo o nosso pensamento e comportamento foram aprendidos. A aprendizagem pode ser adaptativa ou desadaptativa, consciente ou inconsciente, manifesta ou observável. Sentimentos e atitudes são certamente aprendidos como factos e competências.”(Sprinthall).

O psicólogo Skinner (1904 – 1990) estudando o condicionamento operante e levando as suas investigações a cerca da lei do efeito afirma que “a aprendizagem é uma associação entre o estímulo e a resposta resultante de um acto do sujeito”.
Considerando também o desejo humano, o mesmo influência o que é chamado aprendizagem social, nisso estamos em presença de uma aprendizagem por observação. Monteiro e dos Santos (2002) dizem que “ grande parte das aprendizagens humanas estão baseadas na observação: o processo de socialização passa necessariamente pela observação, imitação e identificação com os modelos sociais (pais, professores, amigos…) ”.

Existe vários tipos de aprendizagens que concomitantemente, jogam um papel significativo no desenvolvimento humano.
Independentemente dos vários tipos de aprendizagem ao nosso, não se deve ignorar alguns factores que podem directamente ou indirectamente influenciar o desenvolvimento humano. Por exemplo no caso de uma criança, a cultura dos pais, o meio ou o convívio social, o poderio económico dos pais, a escola que frequenta, criam situações diferenciadas de aprendizagem. Este processo mobiliza um conjunto de situações que eivam a própria personalidade do próprio.

2. DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE DO ALUNO NOS SEUS ASPECTOS: AFECTIVO, COGNITIVAS, SOCIAL E MENTAL

A palavra personalidade tem origem no termo latino persona, que significa máscara. Os atores de teatro antigo, concretamente da tragédia grega, usavam uma máscara durante toda a representação permitindo aos espectadores reconhecerem, a personalidade das diferentes personagens.

Em Monteiro e dos Santos (2006) constatamos que a personalidade é o elemento relativamente estável da conduta de uma pessoa, a estrutura que subjaz à constelação das características de cada um de nós.
Portanto, a personalidade é o que nos torna unos, distinguindo-nos de todos os outros.

Depreendemos (Monteiro e dos Santos 2006) que a personalidade acompanha e reflecte a maturação psicóloga e esta avalia-se por características como a autonomia, a capacidade de comunicação interpessoal, a expressão das ideias e dos afectos e a construção de projectos de vida.
O processo de maturação obtém-se através dos conflitos, gratificações afectivas, frustrações, realização, coisas com que nos confrontamos.

O desenvolvimento da personalidade do aluno é resultante de um conjunto de factores. De entre outros o factor social.

Deste modo, é evidente que o núcleo central da sociedade (a família) joga um papel preponderante, na medida em que o aluno (membro da família restrita) convive maior parte do seu tempo.
Um aluno está exposto a um processo de socialização, enquanto convive com a família, os grupos, a escola (aqui neste caso os colegas e professores). O tipo de ambiente que estes meios proporcionam influencia a personalidade do aluno. Dali a chamada de atenção, sobretudo aos professores da sua conduta, do seu perfil, não só como exemplo de cidadão, mas também como segundo pai ou mãe, apregoando-se das responsabilidades do qual se reflecte um modelo a seguir.

É óbvio, actualmente muitos professores abdicaram-se das suas responsabilidades como educadores exemplares.
Quer queiramos ou não, as atitudes, o comportamento do professor joga um papel influenciador na personalidade do aluno. Muitas vezes dá-se o caso aluno ser mais imitador do professor do que dos seus pais ou familiares directo. O aluno precisa mais de exemplos práticos do que falados.

3. FACTORES FISIOLÓGICOS, COGNITIVOS, MOTIVACIONAIS E SOCIAIS DA APRENDIZAGEM

A aprendizagem surge de forma rápida e lenta, voluntária e involuntária. E que independentemente dos factores que encabeça este subtema, existem outros factores que podem ser considerados subjectivos ou até mesmo objectivos que influenciam a aprendizagem do aluno.

Focalizar uma vez mais, o conceito que é atribuído a aprendizagem, Monteiro e dos Santos (2006), dizem que “a aprendizagem é uma mudança relativamente estável e duradoura do comportamento e do conhecimento. Esta mudança do comportamento está relacionada com o exercício e a experiência, com a descoberta.”

Já Fraisse (1957) define a aprendizagem como “uma atitude que modifica as possibilidades de um ser vivo de maneira duradoura.”

Scamitz apud Piletti, C. (2006) descreve a aprendizagem como sendo “um processo de aquisição e assimilação, mais ou menos, consciente, de novos padrões e novas formas de perceber, ser, pensar e agir.”

As definições propostas, apresentam elementos convergentes e particulares de acordo a um contexto ou realidade a que se propõe.
Entretanto, algumas palavras afiguram-se básicas nestas definições: mudança, actividade, e processo de aquisição e assimilação.
Se se quiser estabelecer uma relação, pode-se levantar uma questão. Será que as palavras eleitas para caracterizar a aprendizagem encontram enquadramento nos factores fisiológicos, cognitivos, motivacionais e sociais da aprendizagem?

Percebemos que o desenvolvimento fisiológico consiste no crescimento de estruturas, do sistema nervoso neste caso particular e obviamente não se tem uma maturação fisiológica de modo geral e o sistema nervoso em particular, tornam-se irrealizáveis, por exemplo algumas acções. Olhando para Piaget percebe-se que é necessário que se obedeçam determinados estruturas intelectuais para que se possam concretizar certa aprendizagens.

E falar do factor cognitivo como pressuposto para aprendizagem implica a abrangência na aquisição de conhecimento e informações. A aprendizagem das regras gramaticais, por exemplo, é uma aprendizagem cognitiva.

De uma forma geral, aprendemos algo com muito mais facilidade quando para tal estamos movidos ou motivados. De contrário a nossa motivação é passiva.

Quando nasce em nós um desejo, uma necessidade de agir para alcançar um determinado objectivo, assim dizemos que estamos motivados.

Para Monteiro e dos Santos (2006), há dois factores motivacionais para a aprendizagem “os factores internos (motivação intrínseca), relacionam-se com o prazer de realização da actividade, por se inserir num projecto pessoal pela auto-realização, pelo prazer de aprender. Os factores externos (motivação extrínseca) podem construir incentivos para a aprendizagem, avaliação, recompensas, elogios, ganhos obtidos e castigos evitados.”

A motivação é encarada de curto e longo prazos. São apontados como factores sociais influenciadores na aprendizagem: a escola, a organização político-económica, a religião, os interesses, os valores, enfim.

Ainda de acordo com Monteiro e dos Santos (2006) “ a escola, enquanto instituição com práticas educativas, conteúdos curriculares, normas e processos de socialização, linguagem e outras formas de expressão, está mais perto da cultura de origem de determinadas crianças – concretamente os dos meios sócio -culturais favorecidos.” Estes autores responsabilizam cada vez mais o professor como o figurino do qual se desenvolvem personalidades e atitudes.
Outrossim, os professores devem actuar pedagogicamente tendo em conta os diferentes meios familiares e sociais de origem das crianças ou dos alunos, primando por uma dimensão heterógina.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aprendizagem não surge apenas de forma consciente, onde alguém se encarrega em transmitir algum saber para outrem, mas também, de forma inconsciente ou seja pela influência social quotidiana. Por isso é que muitas vezes se diz que aprendi sem ser ensinado. Uma vez mais, é importante perceber que as nossas acções falam mais alto que as nossas palavras..

O comportamento humano joga um papel preponderante para o conhecimento do comportamento de um indivíduo. Isto implica dizer, que há uma aproximação entre os pensamentos destes académicos: John Waston e Ivan Pavlov, pois, conhecer um indivíduo implica conhecer o seu comportamento.
A psicologia está inseparavelmente liga a educação, para ajudar a entender os pressupostos da própria educação de tal maneira que se construa a cada momento um homem todo, percebendo-o sobretudo mentalmente.

Toda a educação, a aprendizagem são dependentes da motivação que cada um de nós carrega. A isso voltamos no Estímulo (E) e Resposta (R).

REFERÊNCIA BIBLIOGRAFIA
- MONTEIRO, Manuela e DOS SANTOS, Milice Ribeiro.Psicologia 1ªParte. s.e. Porto. Porto Editora: 2006.
- ___________, _______.Psicologia 2ª Parte. s.e. Porto. Porto Editora: 2006
- PILETTI, Claudino. Didática Geral.23ª ed. São Paulo. Ática: 2006.
Autor: Francisco Caloia Alfredo


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