ADOLESCÊNCIA: A FLÔR DA IDADE OU A IDADE ESPINHOSA?



ADOLESCÊNCIA:
A FLÔR DA IDADE OU A IDADE ESPINHOSA?
Quando falamos de virgindade, masturbação, timidez, medo da primeira vez, parece para alguns que estamos falando de problemas do passado, que os jovens de hoje já sabem de tudo.
A realidade que freqüentemente aprece no consultório é bem diferente. Vejo que sem dúvida há mais informação, mas quanto ao diálogo, a troca de experiências, ainda há muito a ser feito.
Ainda ouço dizerem: "A juventude de hoje está perdida".
Será que está mesmo?
Se está, não temos nós os adultos, responsabilidade nisso?
Será que: "Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais...".
A adolescência é uma fase de transição, durante a qual se perde a criança e se pode adquirir um adulto. É neste período que a maturidade biológica e sexual é atingida, se define a identidade sexual e, potencialmente, é onde se define o espaço social de homem ou mulher. Vitiello (1994, p. 10)4
A adolescência se caracteriza então, por um período de adaptação, onde um ser na busca da sua individualidade vai viver um período de lutos e perdas, vive a morte do seu corpo infantil, a perda do lugar de criança, a perda da tolerância dos adultos. Começam a acontecer cobranças por parte desses adultos: afinal, "você não é mais criança" no entanto não tem o direito de ocupar o espaço de adulto, "cresça e apareça". Enquanto isso, sem o seu controle, seu corpo está se modificando e ele tem de redescobri-lo. A masturbação aparece como marco inicial, a primeira página de um livro que terá que estudar durante toda a vida: o livro da sexualidade.
Tudo que é novo gera medo e insegurança, mas para os pais esse movimento é também novo, e, por conseguinte gerando insegurança que via de regra é a causa da repressão: na dúvida dizem não.
A busca de uma identidade os leva a buscar os seus iguais, surgem então grupinhos, que podem ter uma orientação religiosa, os grupos jovens, grupos que se reúnem nos bailes, galeras funk, os de pichadores ou simplesmente colegas do colégio que se unem para brincadeiras, ir a praia etc. O fato é que na ilusão de se livrarem da dependência dos pais, criam novas dependências, as do grupo e seus líderes.
Embora haja os que defendam o discurso de que a TV não influencia, que a TV reproduz a demanda da sociedade, há também, e muitos os que cada vez mais se preocupem com “o poder da mídia”. Onde o estereotipo mais passado em produções onde aparece o adolescente e sempre o do irresponsável do desobediente, do que usa drogas, usa e abusa do sexo, virgindade já era, etc.
Jablonski1 (1991, p. 113/114) apresenta uma pesquisa que realizou, com jovens com idade média 19,4 anos em colégios e faculdades da zona sul do Rio de Janeiro, onde 36% das entrevistadas se declararam virgens. um número que certamente destoa da imagem passada pela grande mídia, onde "uma jovem de 19 anos ainda virgem seria um animal em extinção.".
Ser jovem então, ao contrário do que diz a propaganda, e ainda ser aquele que: é grande demais para ser criança, e pequeno demais para ser adulto. É ser aquele a quem os pais, tendo que impor limites, e não o sabendo fazer, via de regra mantém as "rédeas" sempre esticadas, na dúvida dizem sempre não.
E alguns destes jovens, acabam por se envolver nas drogas ou até a tentativas de suicídio.
Sabemos que o tema é complexo, longo, mas façamos uma reflexão:
Qual será a nossa contribuição?
O que podemos fazer para que a flor da idade deixe de ser a idade espinhosa.

Referências Bibliográficas
JABLONSKI, Bernardo. Até que a vida nos separe. Rio de Janeiro, Agir, 1991.
RANKE-HEINEMANN, Uta. Eunucos pelo reino de Deus. Rio de Janeiro, Rosa dos Tempos, 1996
NAHOUM, J. Cloude. As masturbações nas teses de mestrado das faculdades de medicina do Rio de Janeiro no séc. XIX. Revista Sexus, vol. 3, n. 1 (Dist. dirigida).4.
VITIELLO, Nelson. Reprodução e Sexualidade. CEICH, São Paulo, 1994.
Augusto Mendes
Psicólogo/sexólogo
CRP 05 21881

Centro Médico Bento
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Autor: Augusto Mendes


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