Transtornos Fonológicos



INTRODUÇÃO

Após o nascimento, o bebê submete-se progressivamente a interar-se do meio em que vive. Gradativamente os estímulos sonoros, tais como: ruídos e sons que o cercam passam a ter importância para ele e o processo de atenção auditiva vai se desenvolvendo permitindo-lhe captar e discriminar características acústicas cada vez mais refinadas. Estes processos seriam inoperantes se a criança não tivesse condições para armazenar estas experiências sonoras e, a partir disto comparar novos estímulos com os retidos, identificando-os. Posteriormente, em conseqüência a este processo, a possibilidade de produção de sons e o bebê, utilizando-se de uma imagem acústica e de suas possibilidades motoras passa a reproduzi-los.

Novamente, torna-se fundamental a capacidade de retenção, desta vez dos padrões motores, sem que não ocorreria a fixação do modelo articulatório.

Este padrão é progressivamente mudado através de conexões que são orientadas pelas sensações que a produção articulatória provoca no meio e no próprio indivíduo (feedback interno e externo) e que possibilitam a evolução dessa produção para padrão cada vez mais corretos.

Finalmente, o indivíduo chega a perfeita integração entre o modelo acústico e o movimento necessário à sua produção de tal forma que novas correções não são mais necessárias (imagem-acustica-articulatória).

Pesquisas mostram que dentre as alterações de fala e linguagem, o distúrbio fonológico apresenta grande ocorrência na população infantil. Portanto, há uma grande preocupação com a fala e a linguagem de crianças que, em muitos momentos, torna-se difícil compreensão. É recomendável que o distúrbio fonológico têm alteração na sensibilidade fonológica e, mais tarde, quando exposto à alfabetização na consciência fonológica, dificultando a aprendizagem de leitura e escrita.

O transtorno fonológico é conceituado como uma alteração de fala caracterizada pela produção inadequada dos sons e uso inadequado das regras fonológicas da língua, com relação à distribuição do som e ao tipo de sílaba, que resultam no colapso de contrastes fonêmicos, afetando o significado da mensagem.

A causa do distúrbio é desconhecida, sendo a gravidade e a inteligibilidade da fala de graus variados.

Para Cássio (2007), as causas podem ser várias, mas o que mais apareceé a dificuldade de discriminar os fonemas sonoros trocando-os pelo surdos.

Embora possa haver uma associação com claros fatores causais, tais como prejuízo auditivo, déficits estruturais do mecanismo periférico oral da fala (por exemplo: Fenda Palatina), condições neurológicas (por exemplo: Paralisia Cerebral), limitações cognitivas (por exemplo: Retardo Mental), ou problemas psicossociais, pelo menos 2,5% das crianças pré-escolares apresentam transtornos fonológicos de origem desconhecida ou suspeita frequentemente chamados de funcionais e evolutivos. Pode haver um atraso no início da fala. O transtorno fonológico é mais comum no sexo masculino.

Para considerar que a criança tenha transtorno fonológico devemos respeitar a idade da mesma, pois existe uma ordem cronológica do aparecimento dos fonemas na criança dependendo da sua idade.

Existem fonemas esperados para cada idade, dos 18 meses aos 2 anos e meio a criança deve produzir os seguintes fonemas: /b/, /m/, /p/, /t/, /d/, /n/, /k/, /g/, /nh/; e de três anos aos quatros anos: /x/, /ch/, /j/, /l/, /lh/, /z/; e tem poucos erros articulatórios; aos cinco e seis anos de idade começa a fazer encontros com consoantes e começa a enriquecer seu vocabulário, emite praticamente todos os fonemas de sua língua.

São vários os tipos de transtornos fonológicos o que pode ser classificado em:

- Omissões: quando o som não é produzido onde deveria ocorrer, tornando-se ausente esse som;

- Substituição: quando o som é substituído por outro;

- Distorção: quando a produção do fonema assemelha-se a emissão correta, porém com certa distorção;

- Inversão: quando a ordem dos fonemas se encontram alteradas, num mesmo vocabulário;

- Inserção: quando um som (fonema) é inserido no vocábulo.

Aproximadamente 2 a 3% das crianças de 6 a 7 anos apresentam um transtorno fonológico de moderado a severo, embora a prevalência de formas mais leves destes transtornos seja superior. A prevalência cai para 0,5% por volta dos 17 anos.

A intervenção fonoaudiológica é o principal tratamento, a motivação do paciente é essencial junto com a colaboração da família para proporcionar a estes indivíduos, portadores de transtornos fonológico, uma melhor qualidade em sua fala.

Sendo assim, o objetivo desta pesquisa é mostrar a incidência e alterações comuns dos pacientes atendidos, fonoaudiologicamente, na rede municipal de Pedreiras-MA, confirmando assim os descritos nas literaturas vigentes.

MATERIAL E MÉTODO

Foram avaliados de 2004 a 2007, 42 pacientes, sendo 27(11%) homens e 15(6,3%) mulheres. Estes pacientes tinham de 4 a 34 anos. Eles chegaram à clínica com queixas ligadas à fala.

Os pacientes foram encaminhados por dentistas, enfermeiros, médicos, escolas, psicólogos e até mesmo pela própria autonomia dos pais guiados pela preocupação para com seus filhos. Apenas um examinador realizou todas as avaliações durante estes quatro anos.

Para tal avaliação foi utilizado um álbum fonético devidamente balanceado para todos os fonemas, bem como luvas, espátulas, lanterna e máscara para verificação de mobilidade, tonicidade da musculatura Orofacial e também as arcadas e tipo facial foi levado em consideração. Vale ressaltar que todos os pacientes avaliados estava excluso a possibilidade de qualquer perda à nível sensorial (audição e visão).

Foi pedido ao paciente para nomear as figuras expostas no álbum fonético houveram-se algumas dificuldades com o comportamento de alguns pacientes, porém, foram sanadas com algumas técnicas relacionadas ao lúdico. Logo após a nomeação os pacientes eram dirigidos para frente do espelho para a repetição de alguns movimentos de língua, bochecha e lábios, para verificação de mobilidade e tonicidade destas musculaturas.

A seguir, pedia-se ao paciente para abrir a boca para verificação das arcadas, freio lingual, amígdalas ou algo que interferisse na produção adequada dos fonemas.

As avaliações dos pacientes eram realizado somente às quartas-feiras (dia de avaliação fonoaudiológica) no horário das 09:00 às 12:00 horas e protocoladas na ficha geral da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Pedreiras-MA mais precisamente no Centro de Saúde Dr. Carlos Melo.

RESULTADOS

Dos 42 pacientes avaliados, a incidência encontrada no sexo masculino 27(11%), em relação a alterações do tipo trocas de fonemas de 19(5%) dos pacientes, quanto a distorções, 9(2%), também encontrou-se 15(4%) de omissões neste mesmo sexo masculino. Não foram encontradas inserções fonêmicas.

Dente a incidência de alterações encontradas no sexo feminino 15(6%) dos pacientes, encontrou-se 5(2%) de trocas dos fonemas avaliados, 7(1%) quanto a distorções, 7(1%) de omissões e 7(1%) de inserções fonêmicas. Ressalta-se que a maioria dos 42 pacientes apresentam mais de uma alteração fonológica.

Foram considerados os tipos dos transtornos fonológicos de acordo com a classificação encontrada na maioria da literatura existente.

DISCUSSÃO

Na prática clínica fonoaudiológica, definir as alterações encontradas nos transtornos fonológicos é de suma importância para o objetivo final de um tratamento. Definir ainda qual a incidência e alterações comuns nesses transtornos nos leva perceber que novos descobertas possam fluir a favor da fonoaudiologia.

Nesta pesquisa procuramos conhecer a incidência e alterações comuns nos transtornos fonológicos no Município de Pedreiras, interior do Estado do Maranhão, nos pacientes atendidos pela rede municipal de saúde.

Observou-se que a incidência maior nos distúrbios fonológicos está no sexo masculino que são 27(11%) dos pacientes, quanto ao sexo feminino está com 15(6%) destes pacientes.

Tal resultado encontra-se também, na maioria das pesquisas na literatura.

Quanto as alterações comuns nos transtornos fonológicos, não encontramos pesquisas que abordassem tal assunto.

Tivemos para o sexo masculino, 19(5%) de trocas, 9(2%) distorções, omissões 15(4%) e para o sexo feminino, 5(2%) de trocas, 7(1%) distorções, 7(1%) omissões e 7(1%) de inserções fonêmicas.

Desta forma, temos a incidência maior para o sexo masculino e alterações comuns variadas, em ambos os sexos.

Novos estudos e critérios de avaliação devem ser estudados e sugeridos para que haja maior precisão tanto de classificação como na observação de possíveis causas das alterações fonológicas.

CONCLUSÃO

Apesar de pouco difundido, e raras pesquisas que envolvem a incidência e alterações comuns nos transtornos fonológicos, defendemos a importância destes, visto que em relação as alterações comuns, que podem ser mais exploradas por outros pesquisadores afim de ampliar a visão do profissional fonoaudiológico.

ABSTRACT

Objective: provide knowledge regarding changes in the incidence of common disorders in the city of fonológicos Pedreiras-MA. Methods: 42 patients were evaluated, and 27 (11%) men and 15 (6%) women, these patients were referred by various professionals to evaluate phonoaudiological, this assessment was performed using the phonetic album phonetically balanced properly, and use of gloves , masks for verification and mobility of the muscles tonicidade orofacial. Results: of the 42 patients evaluated, the incidence found in males was 27 (11%) and females 15 (6%) in relation to the exchange of phonemes there were up 19 (5%), distortions 9 (2% ), omissions 15 (4%) in males. Not there was insertions. In females, the exchange gained 5 (2%) (7%) and the distortions and 7 (1%) on the inclusion of fonema. Conclusion: It is argued the importance of the impact and changes in the common disorders fonológicos aimed extend and exploit the view fonoaudiológico that region, due Tuesday little or no work on this.

Key Words: Fonológicos Disorders; Changes Common; Impact

REFERÊNCIAS

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LESLIE, P. Ferreira, Befi. Lopes, Débora M. e Limongi, Suelly Cecília Olivam. Tratado de Fonoaudiologia. São Paulo, Roca; 2004.

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WERTZNER, H. F. O distúrbio fonológico em crianças falantes do português: descrição e medidas de severidade. 2002. Tese 228 f. (Livre-Docência Junto ao Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional) - Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo.

CURRICULUM DO AUTOR

Fonoaudiólogo, Especialista em Fonoaudiologia Hospitalar, Fonoaudiólogo do Município de Pedreiras-MA e Ex-Chefe do Centro de Saúde Santa Cruz em Capinzal do Norte-MA, Tutor e Vídeo-Coferencista do Portal da Educação e Membro do Núcleo de Atividade do Fonoaudiólogo – NAF Brasil, Autor do Blog "O mundo da Fonoaudiologia" (www.marcosfono.blogspot.com).


Autor: Marcos Abreu


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